sexta-feira, 31 de maio de 2019

A Bailarina Vermelha

                                                           Escultura de Luísa Siqueira




                                               Esta menina

                                               Agora mocinha

                                               Já é bailarina.

                                               Se apresenta em vários palcos

                                               E em suas ponteiras*, passou vários talcos.

                                              

                                               É a Rosa Vermelha nessa apresentação

                                               A principal flor da estação.



                                               Ouve o piano tocar o dó e o ré

                                               E fica então na ponta do pé.



                                               Roda, roda, roda com os braços no ar

                                               Mas inclina o corpo demais e cai no lugar.



                                               A moça

                                               Sente que caiu na fossa.

                                               A plateia olha chocada.



                                               Ela se sente sufocada.

                                               Mas se levanta como se nada houvesse acontecido

                                               E balança para cá e para lá o seu lindo vestido.



                                               Esta mulher

                                               Não se deixa abater.

                                               Esbanja seu belo vestido de cor rubra

                                               Até que a cortina a cubra.

                                              

                       



                       



*Ponteira de silicone que as bailarinas colocam no pé para protege-lo quando colocam as sapatilhas.








 A bailarina

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.

Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá

Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.

Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.

Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.

Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

                                                                             Cecília Meireles




sexta-feira, 24 de maio de 2019

Exposição Monteiro Lobato na Biblioteca Nacional


         Está tendo uma exposição do autor Monteiro Lobato que vai até o dia 18 de julho, na Biblioteca Nacional. Tive o prazer de ir visitá-la. A primeira parte, que ocupa grande espaço no segundo andar, é dedicada aos desenhos do ilustrador Rui de Oliveira (tive o prazer de ir em uma palestra dele sobre ilustração na Biblioteca Machado de Assis). Não fazia ideia, mas foi ele quem fez os desenhos que virariam fantasias para a novela do Sítio do Picapau Amarelo de 1977.

                                        
                               

            Já no Salão de Obras Raras, o espaço era só para o Monteiro Lobato e seus livros e traduções. Também havia correspondências entre ele e, na época, sua futura esposa, a Purezinha, em que o escritor assinalava como Juca; também trocou cartas de trabalho com o escritor Lima Barreto, sendo Lobato o editor de seu livro Vida e Morte de M.J Gonzaga de Sá.
A exposição é simples e gratuita. Acho que vale a pena dar uma olhada para conhecer e visitar um dos nossos maiores patrimônios nacionais.



sexta-feira, 17 de maio de 2019

Ressaca


          - Doutor, eu não consigo. Eu tento voltar à minha rotina de antes, mas não consigo. Eu quero mais...

            - A senhora sabe que não pode. Isto está te impedido de continuar...

           - Mas isso me deu uma sensação tão boa... Me faz querer mais e eu não consigo voltar ao que era antes...

            - Isso tudo vai acabar, é só uma questão de tempo. Dê uma parada, saia de casa um pouco, que logo logo a senhora vai voltar a ler como ninguém...

           - Mas o livro que eu li é muito bom e acabou em um cliffhanger. Eu releio passagens que gostei esperando que traduzam a continuação, mas não estou me aguentando de ansiedade. Ando até procurando spoiler...

          - Não procure spoiler! Isso pode acabar com sua experiência quando o livro chegar. Tenha paciência... Isso vai acabar logo... Os sintomas da ressaca literária são passageiros. A senhora ainda teve sorte que foi um livro bom, porque se fosse um livro ruim, então sim seria mais demorada...

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Através do espelho...




          Os Noivos do Inverno é o primeiro volume de quatro livros da coleção chamada A Passa-Espelhos, sendo que o último livro ainda não foi lançado na França e está programado para sair no dia 28 de novembro. Foi escrito pela escritora Christelle Dabos, que ganhou o prêmio Grand Prix de L’Imaginaire com esse livro, e publicado aqui no Brasil pela editora Morro Branco.

            Ophélie é uma jovem desastrada que pode passar por espelhos. Na Arca (país) em que vive, lugares tem vida própria e ela adora visitar o prédio dos Arquivos, guardado por seu tio-avô. Mas terá que deixar tudo para trás quando descobre estar prometida para alguém do Polo, lugar frio e distante do lugar aonde cresceu.

            Antes de me dedicar à história do livro, devo comentar que a ilustração da capa me encantou. Parece uma arte vinda do Studio Ghibli. Dentro dele, também há um mapa da Cidade Celeste, onde Ophélie vai viver sua aventura no decorrer do livro, apontando cada lugar, o que ajuda na localização, e uma árvore genealógica, que os leitores devem ter certo cuidado, pois contém um pouco de spoilers. Uma pequena reclamação a ser feita é sobre a facilidade com que as letras da capa vão sumindo conforme são tocadas. O nome da autora quase desapareceu devido a eu ter colocado o meu dedo muitas vezes para ler o livro. Acho que deviam colocar algum tipo de material que resista mais. Mas como disse antes, não é nada demais, ainda mais quando se foca na beleza da capa.


         Pelo resumo, parece que seria uma história de amor em um universo mágico. Mas não é. Apesar de Ophélie e Thorn (o noivo) terem uma química interessante, podendo ou não desenvolver um romance no futuro, Ophélie não se apaixona por ele nesse livro, e conforme vai se desenvolvendo a trama, ela vai ficando com mais raiva de seu noivo. Pelo romance estar sob o ponto de vista de Ophélie, não sabemos o que Thorn e outros personagens realmente sentem, o que por um lado é bom, pois o leitor descobre segredos junto com a protagonista, mas por outro lado, nem tudo é desvendado nessa história, já que não acompanhamos os outros personagens.
Por falar nos personagens, Ophélie não é a típica protagonista desse tipo de história. Apesar da aparente fragilidade e do quão desastrada ela é deixando cair e quebrar tudo (e para ser sincera, uma característica que desgosto da personagem), ela resiste a tudo que lhe é imposto com firmeza, sem medo de vestir e falar o que quer nas horas em que acha apropriadas e não tem interesse nenhum pelo amor romântico. Thorn não é o típico rapaz bonito. Ele é sério e suas ações ao decorrer do livro farão o leitor querer saber o que ele realmente pensa. Berenilde (tia de Thorn) é outra que apesar da aparência bela e de sua cortesia, esconde raiva e tristeza e pode machucar os outros para conseguir o que quer, ao contrário de Roseline (tia de Ophélie), que apesar da aparência séria e orgulhosa, se preocupa com Ophélie e faz de tudo para protegê-la. O principal antagonista desse livro era alguém que não esperava e me fez ter um certo ódio dele por suas ações e como isso prejudicou a protagonista, a reação que a maioria dos antagonistas causam e isso não é algo de ruim. Os demais personagens secundários cumprem bem suas funções e até aqueles que não apareceram tanto tinham alguma característica que os distinguia dos demais.
O mundo que é construído nesse romance me atraiu. Cada Arca (país) tem um espírito familiar imortal que fundou as famílias e cujo os seus descendentes herdaram poderes. Por exemplo, em Anima, terra natal de Ophélie, o espírito familiar é Ártemis e seus descendentes herdaram o poder de, ao tocar em objetos, ver sua origem e os sentimentos das pessoas que tocaram nele antes. No caso da Arca de Polo, tem vários clãs com poderes diferentes herdados do mesmo espírito.
Concluo minha resenha dizendo que apesar de ter um começo lento, a metade para o final fica interessante e estou ansiosa para que traduzam o segundo volume aqui para o Brasil. Descobri que a autora tem um blog*, onde posta novidades sobre suas histórias. Infelizmente está em francês, mas nada que um Google Tradutor não possa resolver. Passe através do espelho e veja pelos olhos de Ophélie o perigo que é morar na Cidade Celeste.




*http://www.passe-miroir.com/

sexta-feira, 3 de maio de 2019

A Cigarra e a Formiga (Final Alternativo)


              Era uma vez uma cigarra, que vivia na moleza, apenas se divertindo e cantando para todos os insetos que passavam por ela. Enquanto isso, a formiga só trabalhava. O inverno estava se aproximando e era melhor se precaver.

            O inverno chegou. A cigarra, desesperada, vai até a casa da formiga pedir abrigo. A formiga permite que ela fique. Mas no dia seguinte, a formiga descobre que a cigarra comeu toda a comida que havia guardado para o inverno inteiro.



Moral: Do que adianta você guardar sua comida favorita se o companheiro que vive com você vai lá e come sem pedir? (Mensagem dirigida para certas pessoas com quem convivo).