O que você faria se parasse
de envelhecer aos dezessete e um retrato seu envelhecesse em seu lugar? Será
que isso é tão bom quanto parece? O Retrato de Dorian Gray escrito por
Oscar Wilde em 1890 responde essas perguntas. Gostaria de saber as respostas?
Vamos para o resumo:
Dorian Gray é um belo jovem que foi a casa de seu amigo,
Basil Hallward, para que este pintasse o seu retrato. Lá também encontrou lorde
Henry Wotton, amigo de Basil, e numa conversa entre ele e Gray, acaba
mencionado que a juventude não é eterna, que o tempo passaria, que Dorian
envelheceria e sua beleza esvaneceria. Quando Basil terminou a pintura, todos
acharam bela e Dorian desejou que a pintura envelhecesse em seu lugar...
Devo dizer que fiquei surpresa em saber que a história
não envolveu pacto com o Diabo. O retrato de Dorian começou a envelhecer e mudar
sua aparência misteriosamente conforme o jovem fazia suas maldades. Não há
explicação para o ocorrido, mas saber o porquê de isto estar acontecendo não
importa. O foco do livro é a consequência deste fenômeno.
Dentre os personagens, três se destacam: o pintor Basil
Hallward, que conheceu Dorian e vê nele não só um modelo, mas um ser próximo do
divino que o inspira na hora de fazer suas pinturas; Henry Wotton, um sujeito
que tem um pensamento individualista, que acha que todos deviam agir pelo
prazer sem pensar nas consequências. Ele faz o papel do diabo no ombro de
Dorian enquanto Basil faz o papel de anjo. Wotton influencia o rapaz a ir pelo
mal caminho por mera diversão. E por último, temos o protagonista, Dorian Gray,
um rapaz que começa bom, ingênuo e bastante emotivo até que começa a seguir
esta vida de prazer sem se importar com os outros. Ele é descrito como um jovem
de cachos loiros e olhos azuis, algo que a capa do livro não ilustrou. Isso dá
a ele uma aparência angelical.
Por sua aparência se manter a mesma, Dorian se entrega
aos vícios e prazeres libidinosos, fazendo com que várias pessoas que ele se
relacionou o detestassem por ter sido má influência e arruinado a vida delas.
Mesmo assim, Dorian conseguia manter algumas de suas amizades, pois sua beleza
era encantadora e pueril. Estas acreditavam que tudo aquilo que ele fez não
passava de boatos. Creio que muitos têm este sentimento quando descobrem que
uma celebridade fez algo de errado, principalmente quando ela tem uma beleza
estonteante. Este é privilégio do belo. É quase que instintivo nós vermos algo
bonito e associarmos com o bom e o feio com o mal. Mas nunca julgue o livro
pela capa. Devemos julgar pelo conteúdo.
Respondendo à pergunta do primeiro parágrafo, não seria
ruim se um retrato envelhecesse em seu lugar. Só que o retrato de Dorian Gray
não apenas envelheceu. Ele se desfigurou conforme as maldades e os vícios do
jovem. Ele então deixa de ser um retrato de belo moço e passa a refletir a alma
de um homem corrompido. Você aguentaria conviver com um espelho que refletisse
todos os seus pecados?
O Retrato de Dorian Gray é um ótimo livro para se
entreter e pensar, não só nos assuntos que mencionei acima, mas também pelas opiniões Wotton, que apesar de discordar de vários
de seus pensamentos, muitas de suas falas podem dar bons temas para debates. Então,
venha dar uma olhadinha. Só não faça isso próximo de seu retrato.