sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Vazio

O conto que escrevi foi baseado nas imagens que vi no livro abaixo:

Imagem tirada do site da Amazon Brasil

              Não se sabe se ele nasceu assim ou se tornou assim com o tempo, mas Heitor era um homem vazio. Literalmente vazio.
            Quando se olhava no espelho, seu reflexo era de uma forma humana sem feições, sem cor. Heitor foi ao médico para ver o que tinha de errado. Mas não foi possível descobrir, pois seus órgãos não eram visíveis, se é que ele tivesse algum.
            Além disso, havia momentos em que Heitor podia ultrapassar objetos pelo seu corpo. Isso era algo bastante útil, pois não precisava usar sacolas plásticas na hora das compras. Podia usar a si mesmo como cesta e carregar dentro de si tudo que queria levar.
            Um de seus hobbies favoritos era observar pássaros. Gostava tanto deles, que uma vez, tentou juntá-los dentro de si para leva-los para casa. Mas as aves não pareciam felizes dentro do pequeno espaço que era o seu corpo e ele acabou as libertando.
            Ele caminhou no meio da multidão. Sem rumo. Mas sentiu pela primeira vez algo dentro de si bater forte. Era vermelho e ficava no meio de onde aparentava ser seu peito. Se sentia sozinho.
Por não ter olhado para o rosto das pessoas ao seu redor, Heitor nem percebeu a vinda de uma mulher, também sem feições, com apenas um órgão vermelho batendo forte aonde era para estar seu peito. Ela também não o vê. Estavam na frente um do outro, indo em direções opostas. Eles se chocaram. E esse choque fez com que passassem um pelo outro como fantasmas. Seus corações se uniram por um breve momento. Heitor continua a andar, como se nada tivesse acontecido. Mas Clarice para, e o olha.


sábado, 24 de novembro de 2018

AnaCrônicas - resenha




           AnaCrônicas foi escrito por Ana Cristina Rodrigues pela editora Aquário Editorial. Pelo nome, dá para ver que é uma brincadeira com Ana (nome da autora) + crônicas, que forma a palavra anacrônicas, que quer dizer antiga, obsoleta. Apesar desse significado, não sei se esse título combina com o tema deste livro, que é composto de crônicas e contos envolvendo o mundo fantástico. Por serem várias histórias ao invés de uma só, analisarei um pouco de cada uma. Preparem-se para a lista.
            O mapa para a Terra das Fadas – O coelho de Miguel havia acabado de morrer. Ana, sua mãe, tenta consolá-lo, pois para o menino, ele era um coelho especial que podia ir para a Terra das Fadas. Na apresentação do livro, é dito que essa e outras duas histórias são consideradas crônicas que misturam o real e o fantástico. O formato de uma crônica é muito difícil de se definir, mas sei que ela tem base algo que acontece no cotidiano. Acredito que algo semelhante a essa história aconteceu com a autora. Achei simples. Nada de espetacular ou de horroroso. Sem querer ser chata, mas coelho não é roedor como é descrito na crônica.
            Campeonato de beijar sapos – A amiga de Ana, Dani, é doida para arrumar um namorado e vive chamando a amiga nessas buscas. Só que Ana já se casou e tem outras responsabilidades agora, achando essa necessidade da amiga um tanto chata e dando desculpas para não ir a esses encontros. Depois de tantos telefonemas, ela decidiu acompanhar Dani em um restaurante. Então uma mulher misteriosa senta com elas e pergunta se elas procuram alguma diversão. Essa é a segunda história que a apresentação descreve como crônica e até certa parte era, até você ser surpreendida com um final fantasioso. Bem legal.
            Deus embaralha, o destino corta – Deus joga baralho? Será que é um bom jogador? Um conto bem curto, se é que devo considerar isso um conto. Me pareceu mais um modo criativo de reclamar da vida.
            Queda e paz – Um anjo se apaixona pela rainha das serpentes, deixando de ser anjo para ir ter amores com ela. O que você acha que vai acontecer? Bem, ela é a rainha das serpentes, o que você acha que ela vai fazer? Vi algo simbólico da religião católica, mesmo tendo a mistura com uma religião primitiva.
            A casa do Escudo Azul – Uma mulher trabalha procurando objetos raros que a Guerra Final não conseguiu destruir. Distopia futurística com um final irônico. Legalzinha, mas não acho que se encaixe com o tema do livro.
             A morte do Temerário – Para o neto do duque Carlos da Borgonha não acreditar nos boatos que os inimigos falam da morte de seu avô, o antigo soldado Olivier de La Marche inventa uma história sobre a busca do duque pela pena de um pássaro que renasce das chamas e provar que merece o trono. Admito que esperava que no final, essa história que La Marche conta acabasse se comprovando verdadeira. Mas não foi assim.
            Lenda do deserto – Uma lenda contada por um homem de uma caravana sobre a origem da árvore no topo de uma montanha no deserto. Essa história envolve djins, que são conhecidos no ocidente como gênios. Cada um é associado a um elemento da natureza e a lenda envolve o amor proibido entre djins de elementos diferentes. O modo como é contado lembra muito aquelas lendas de folclore brasileiro, como a vitória-régia e a mandioca, que apesar de serem curtas, entretêm.
            Mudanças –  A pedido do Guardião da Floresta, um ser mágico que é o narrador da história, se encontrará com uma humana, o que é proibido. Essa história é muito curta e deixou um gostinho de querer saber mais por causa de seu final aberto. Pena que não li este conto antes, pois estava fazendo um curso que tratava justamente desse ser.
            A princesa de Toda a Dor – Uma princesa indígena nasceu com um destino triste em suas mãos, na total ignorância de seu nome até o momento chegar. Um conto que mostra a briga entre índios e europeus com algo mágico no final.
            A vila na areia – Um grupo de piratas conhecido como Sereia do Inferno, sai em busca de uma ilha de pescadores, onde as velhas guardavam baús debaixo de suas camas. Toda essa história foi contada pelo capitão do navio, o único sobrevivente. Ao contrário do conto A morte do Temerário, esta história deixa um final mais ambíguo se o que é contado realmente aconteceu. Curto, mas interessante.
            Como nos tornamos fogo – Um homem, que parecia ser um mago, invocou um ser de fogo, pelo qual se apaixonou e fez de tudo para que a tornasse tocável. O título entrega o final.
            Viagem à Terra das Ilusões Perdidas – Uma mulher que puxa assunto com alguém sobre o porquê de ter vindo a Terra das Ilusões Perdidas. Esse texto é composto apenas de diálogo e a situação é meio surreal, lembrando um pouco Alice no País das Maravilhas.
            Maria e a fada – Olivier de La Marche está de volta. Oito anos antes do primeiro conto que ele aparece, a duquesa Maria, filha do duque Carlos da Borgonha, pede para Olivier recontar a história da fada Melusina. Ao contrário do conto A morte do Temerário, neste aqui já está comprovado que a fada realmente existe nesse mundo e é parente distante da duquesa. A história da fada me lembrou bastante a Eros e Psique pelo fato de haver condições para o casamento ocorrer e uma das partes acabar descumprindo. Achei interessante que apesar de serem complementares, este e A morte do Temerário podem ser lidos separadamente. Lembra o que fiz alguns contos do meu livro A pena mágica e outros contos, assim como o livro Mboi Tu’i e outros contos de Renan Cardozo.
            O ladrão-de-sonhos – Um rapaz acorda sem memórias de quem e anda pelo nada até encontrar um coelho branco falante, que mostra o caminho para o Clube da Irrealidade, onde encontrará alguém que possa ajudar em seu problema. Além da aparição do suposto coelho branco da Alice, há também a aparição de um personagem da Bíblia. Meio louco, não é? Um conto interessante que acaba de um jeito que dava para ter continuação. Um detalhe: na página 98 há dois erros gramaticais que achei gritantes. De resto, é um bom conto e esperava que fosse maior, apesar de ser um dos grandes.
            Sono de beleza – Sônia anda tendo sonhos estranhos. Quando uma amiga dá a ela uma medicação, eles param. Mas quando decide ficar um dia sem tomar os remédios... Mais um conto que está relacionado a outro. O título já dá uma dica de qual seja. Final engraçadinho.
            O eremita – Percebendo que a natureza se vingaria se a maltratasse, um homem considerado louco decide não fazê-lo . O resto de mundo segue cortando árvores, matando animais por matar e etc, até o planeta dar o troco. Em dúvida do porquê disso estar acontecendo, um grupo de lenhadores decide procurar o eremita. Conto de proteção á natureza. Não que eu não concorde com o a mensagem, mas estou meio enjoada desse tipo de história.
            Carta a Monsenhor – Uma carta a um abade vinda de Matheus Lavarius, que trabalhava para um duque anotando a quantidade de pessoas para depois serem cobradas as taxas. Era um período de peste e ele foi em uma vila que ainda não tinha sido afetada. Ficou hospedado em uma igreja até que durante a noite, ouviu um som tranquilo. Ele e o padre foram investigar. Esse conto me lembrou um pouco as histórias de terror de H.P. Lovecraft.
            O longo caminho de volta – Clio volta para Biblos, sua cidade natal que guarda livros de todo o mundo, após ser exilada por dez anos por sugerir que todo o conhecimento fosse compartilhado pelo povo, ao invés de ser mantido em segredo. Ao invés de voltar para pedir desculpas, Clio quer que o seu caso volte para discussão no tribunal. Conto interessante, mas acho que a mãe da protagonista podia ter mais desenvolvimento. Sei que é um conto e que não dá para ter tanto desenvolvimento quanto um romance, porém uma frase já teria resolvido. Com o que foi transmitido, ela não passou de uma vilã unidimensional. Talvez porque eu não esteja acostumada a ver uma mãe com ódio da própria filha, seja na ficção ou na vida real.
            Vida na estante – Um ser que vive de comer livros. Não posso dizer muita coisa, pois esta história só tem uma página. Um conto ok.
            A menina do Val de Grifos – O Val de Grifos é conhecido por sua criação de grifos. Por conta de alguma doença ocorrida nas fêmeas, os ovos de grifos machos não surgiam saudáveis. Devido a um contratempo, o encarregado dos ovos deu para a filha do duque do lugar, Brites, para jogá-los fora. Mas a garota decide provar o seu valor criando um dos ovos para mostrar ao seu pai que merecia ser a herdeira do trono e não o seu irmão. Uma boa história. Queria que fosse maior. Eu só não conjugaria os verbos no pronome tu, mesmo que a história se passe num imaginário medieval.
            Os olhos de Joana – Um reconto de Joana d’Arc antes de ser queimada. Ela prevê o futuro de um homem que é pai de um dos personagens que aparece em um conto anterior. Fiquei surpresa em descobrir que esse personagem e seus descendentes realmente existiram. Claro que esses contos que estão aqui são imaginários, mas parte disso realmente aconteceu.
            O ensurdecedor silêncio dos deuses – Uma profetisa é designada para conversar com os deuses e prever que será o herdeiro do povo do Céu. Mas os deuses não respondem. Então, ela terá que pagar o preço. Uma alegoria da escravidão. Um conto ok.
            “É tarde” – Uma versão alternativa de Alice no País das Maravilhas sob o ponto de vista do Coelho Branco. É a terceira vez que aparece um coelho nesse livro e a segunda que se trata do coelho branco de Alice. A autora deve ser tão apaixonada por esse personagem quanto eu sou pelo lobo mal da Chapeuzinho. Curto, mas eficiente.
            A dama de Shalott – Por seu nascimento ter causado a morte da mãe, o pai de Liliane a mantém no castelo de Shalott para protegê-la. Mas quando completa quinze anos, o pai vê que está na hora de casar a filha. E quando a jovem se prepara para fiar sua roupa para ir a Camelot, ela ouve um sussurro, dizendo que uma maldição cairá sobre ela se olhar diretamente para Camelot. A autora baseou este conto em uma balada vitoriana escrita por Albert Tennyson. Pelo resumo do poema, vi que alterou um pouco a história (o que faz sentido, pois se não o fizesse, este conto não seria dela). Prefiro esta versão à original.
            Infelizmente, o erro que encontrei na página 98 não foi o único que encontrei neste livro. Os contos O longo caminho de volta, Os olhos de Joana e O ensurdecedor silêncio dos deuses também tinham erros de ortografia, no caso do primeiro, há um erro na organização do texto, pois menciona o nome de uma personagem antes dela se apresentar para a protagonista. Já vi um ou dois erros em livros, mas esse teve muitos, e isso incomoda na hora da leitura.
            Apesar dos erros que mencionei acima, tive uma leitura agradável, pois os contos foram bem gostosos de ler. Claro, que não gostei de todos, mas isso é normal devido a variedade de textos apresentados. Comprei este livro junto com O outro lado da cidade, que também se trata de contos envolvendo fantasia e realidade, em um evento que a editora estava vendendo seus exemplares junto com várias outras. Ainda não li esse livro, mas no segundo evento que encontrei esta editora, comprei o quadrinho pequenos Heróis.




Gostei do quadrinho. Ele mostra várias histórias com diversos artistas e recomendo para quem for fã de história em quadrinhos. Mencionei isso por achar interessante que uma editora lance tanto quadrinhos quanto livros sem ter selos que os diferenciem. Será que o quadrinho já está sendo aceito como literatura? Voltando a resenha do livro, aconselho a leitura para quem gostar de literatura fantástica e não tiver tempo ou não gostar de leituras demoradas. A maioria dos contos são rápidos e fáceis de entender, não sendo por isso menos interessantes. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Jogo dos Sete Erros da Turma da Mônica



                Oi gente. Decidi fazer algo diferente hoje. Sabe aqueles passatempos que algumas revistas têm, principalmente as designadas para o público infantil, como a da Turma da Mônica? Então, decidi fazer um desses para vocês. Peguei as revistas de número 29 e 41 da Mônica:





         E tirei uma página de cada uma. 



        O objetivo é encontrar sete diferenças de cada página. Divirtam-se 😄
    Mas agora falando sério. O que aconteceu Maurício? Faltou roteiro?  Precisando de roteirista?  OLHA EU AQUI..... 😉


sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Biblioteca Machado de Assis


            Minha primeira biblioteca foi a da minha escola. A minha segunda foi a Machado de Assis, que fica em Botafogo. Ia para lá com meu pai quando tinha oito anos e fui apresentada a coleção de A Inspetora, um grupo de crianças que resolvia mistérios, da antiga editora Ediouro. Era interessante ter duas protagonistas meninas como Eloísa (a inspetora) e sua prima Malu, mas por ser da década de setenta, não pôde evitar de ter umas passagens que hoje não seriam politicamente corretas, como tratar os outros dois membros do grupo, José Luís como “gordo orelhudo” e a empregada adolescente, Bortolina, ser chamada de “negrinha burra”. Porém, me divertia com a série. Também fui apresentada a O gênio do crime, que também tratava de um grupo de crianças que resolvia mistérios. Essa foi a minha fase de literatura policial. Também pegava outros livros, mas a maioria era da coleção da Inspetora. Infelizmente, toda fase acaba.
            A Biblioteca Machado de Assis parou de funcionar para reformas, então deixei de frequentar bibliotecas. Não havia parado com as leituras. Isso só aconteceu com a chegada do computador, que até hoje é um vício. Mas voltei ler. Depois de anos esquecida, descubro que há palestras sendo feitas em seu prédio. Fui recentemente a uma no dia 18 de outubro que trouxe dois ilustradores, sendo que o livro ilustrado por um deles, Salmo Dansa, faz parte do meu acervo. O Minimaginário de Andersen tem diversas ilustrações que não envolvem apenas desenhos, mas também trabalho de artista plástico. Todas as ilustrações têm algo que combina como por exemplo as do O patinho feio serem feitas com penas de cisne; as da A pequena vendedora de fósforos são de caixinhas e palitos de fósforo e a da A pequena sereia são feitas de rótulos de latas de sardinha, combinados com pedaços brilhantes de CD.






O outro entrevistado, Rui de Oliveira, falava muito bem e seus desenhos eram lindos. Além disso, ele também é autor e tem livros publicados como o didático Pelos jardins de Boboli. Ambos contaram suas experiências como artistas dessa área. Foi muito bom descobrir que a biblioteca voltou trazendo novidade. Devo começar a frequentar suas palestras. Elas são gratuitas e isso ajuda bastante o meu bolso. Quem sabe eu também não volte para pegar um livro...

Página do facebook da Machado de Assis: https://www.facebook.com/Bibliotecapmb1/