sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Um ano aqui, mil lá

 


            Voltamos com o quarto livro das Crônicas de Nárnia. Ou segundo, se for seguir pelo ano de lançamento. Príncipe Caspian foi lançado 1951. Este volume teve uma adaptação de mesmo nome no cinema em 2008, feita pela Disney.

            Um ano após saírem do guarda-roupa, os irmãos Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia estão na estação de trem, para irem à escola. Mas algo os puxa e do nada são levados a uma ilha. Será um chamado de Nárnia?

            Este livro abre com uma temática interessante. Quando os reis de Nárnia voltam para o nosso mundo, Nárnia fica sem governantes e é invadida pelos telmarianos, que exterminam os habitantes mágicos, fazendo com os que restaram se escondessem e alguns, no caso dos anões, se relacionarem amorosamente com humanos. Isso lembra muito o que aconteceu com nas colonizações do nosso universo. Por causa desta invasão, tanto os humanos como alguns dos seres mágicos deixaram de acreditar em Aslam e nos quatro reis, pois o sistema tenta encobrir a verdade, como acontece em ditaduras. E ainda há criaturas mágicas, como o anão Nikabrik, que apenas se importam com os de sua espécie, não ligando para os animais falantes, gigantes e outros. Isso reflete bastante os conflitos que há hoje entre minorias, que veem apenas a si mesmas como vítimas de toda a sociedade e que merecem mais que os outros. Este livro conseguiu pegar temas que até hoje são debatidos e mostra de uma maneira que crianças de nove a onze anos consigam entender. Ganhou um ponto.

             E novamente, como nos volumes anteriores, Príncipe Caspian também tem referências há outras histórias. Os três ursos barrigudos e os sete anões que aparecem por pouco tempo, parecem ter sido tirados dos contos Cachinhos Dourados e os três ursos e Branca de Neve e os sete anões, pelo menos com relação aos números. Há também a aparição de Baco e Sileno da mitologia greco-romana, que foram mencionados no segundo livro, e como nos mitos, eles causam confusão ao entrarem em cidades com suas festas e alguns moradores acabam se juntando a eles.

            Tenho uma dúvida que desde o volume dois não foi respondida. Se vocês leram O Sobrinho do Mago ou O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, já estão familiarizados com a diferença de tempo entre Nárnia e o nosso mundo. No segundo livro, passaram dias antes que Lúcia voltasse para o guarda-roupa. Isso não significa que deveria ter passado alguns anos ao invés de alguns dias? Isso nunca foi respondido. Nesse livro ainda, as crianças saíram adultas de Nárnia e voltaram a ser crianças no nosso mundo. Quando elas são transportadas de volta para Nárnia, não era para elas terem voltado como adultas?

            Este livro teve partes boas como a história de Caspian e a briga que ele teve com alguns de seus súditos, mas teve também outras meio chatas como a chegada dos irmãos em Nárnia e a enrolação deles perambulando pela ilha. Então, tenho reações mistas com relação a este volume. Mesmo assim, aconselharia não pularem ele, pois o próximo será bastante ligado a este. Por isto, esperem o sinal da trombeta. Ela os transportará a este mundo mágico cheio de seres que só aparecem em livros fantásticos.


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