Voltamos com o quarto
livro das Crônicas de Nárnia. Ou segundo, se for seguir pelo ano de
lançamento. Príncipe Caspian foi lançado 1951. Este volume teve uma
adaptação de mesmo nome no cinema em 2008, feita pela Disney.
Um ano após saírem do guarda-roupa, os irmãos Pedro,
Susana, Edmundo e Lúcia estão na estação de trem, para irem à escola. Mas algo os
puxa e do nada são levados a uma ilha. Será um chamado de Nárnia?
Este livro abre com uma temática interessante. Quando os
reis de Nárnia voltam para o nosso mundo, Nárnia fica sem governantes e é
invadida pelos telmarianos, que exterminam os habitantes mágicos, fazendo com os
que restaram se escondessem e alguns, no caso dos anões, se relacionarem amorosamente com
humanos. Isso lembra muito o que aconteceu com nas colonizações do nosso universo. Por causa desta invasão, tanto os humanos como alguns dos seres mágicos deixaram de acreditar
em Aslam e nos quatro reis, pois o sistema tenta encobrir a verdade, como
acontece em ditaduras. E ainda há criaturas mágicas, como o anão Nikabrik, que
apenas se importam com os de sua espécie, não ligando para os animais falantes,
gigantes e outros. Isso reflete bastante os conflitos que há hoje entre
minorias, que veem apenas a si mesmas como vítimas de toda a sociedade e que
merecem mais que os outros. Este livro conseguiu pegar temas que até hoje são
debatidos e mostra de uma maneira que crianças de nove a onze anos consigam entender. Ganhou um ponto.
E novamente, como nos volumes anteriores, Príncipe Caspian também tem referências há outras
histórias. Os três ursos barrigudos e os sete anões que aparecem por pouco
tempo, parecem ter sido tirados dos contos Cachinhos Dourados e os três
ursos e Branca de Neve e os sete anões, pelo menos com relação aos
números. Há também a aparição de Baco e Sileno da mitologia greco-romana, que foram mencionados no
segundo livro, e como nos mitos, eles causam confusão ao entrarem em cidades
com suas festas e alguns moradores acabam se juntando a eles.
Tenho uma dúvida que desde o volume dois não foi
respondida. Se vocês leram O Sobrinho do Mago ou O Leão, a Feiticeira
e o Guarda-roupa, já estão familiarizados com a diferença de tempo entre
Nárnia e o nosso mundo. No segundo livro, passaram dias antes que Lúcia
voltasse para o guarda-roupa. Isso não significa que deveria ter passado alguns
anos ao invés de alguns dias? Isso nunca foi respondido. Nesse livro ainda, as
crianças saíram adultas de Nárnia e voltaram a ser crianças no nosso mundo.
Quando elas são transportadas de volta para Nárnia, não era para elas terem
voltado como adultas?
Este livro teve partes boas como a história de Caspian e
a briga que ele teve com alguns de seus súditos, mas teve também outras meio
chatas como a chegada dos irmãos em Nárnia e a enrolação deles perambulando
pela ilha. Então, tenho reações mistas com relação a este volume. Mesmo assim,
aconselharia não pularem ele, pois o próximo será bastante ligado a este. Por
isto, esperem o sinal da trombeta. Ela os transportará a este mundo mágico
cheio de seres que só aparecem em livros fantásticos.
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