Andei pensando nesse tema
ultimamente e decidi escrever este texto. Mas não o usem como referência para
nada. O que você verá aqui são apenas os meus pensamentos, que podem (ou não)
estar errados e servem apenas para refletir sobre o assunto. A base de pesquisa
é quase nula. Comecemos:
Li uma coleção de livros, que até possui resenhas no meu
blog, chamada Corte de Espinhos e Rosas, em que a heroína namora um
feérico. Muitos também lembrarão de Crepúsculo, filme adaptado de um
livro, em que a protagonista namora um vampiro. E até hoje, você encontra romances
entre mulheres e feéricos, vampiros, lobisomens, elfos, deuses e assim por
diante. Se tem tantos livros com essa temática é porque a demanda é grande e o
público leitor desse tipo de obra é majoritariamente feminino. Mas por que
mulheres gostam tanto de romance com seres fantásticos?
Em histórias medievais, um cavaleiro salva sua princesa
matando o dragão com sua espada. Mas, e se não existisse o cavaleiro e a
princesa tivesse que lidar sozinha com o dragão? Mulheres são menos aptas a
usar a força bruta por serem biologicamente mais fracas e isso reflete na
maioria das histórias antigas. Então, como a princesa poderia resolver esse
problema? Domando o dragão. Como, se ela não tem força? E quem disse que
precisa de força física para domar um monstro?
Um exemplo de uma garota domando um monstro sem precisar
de força física é apresentado no filme Lilo & Stitch. Lilo, uma menina
de seis anos conseguiu domar um alien destrutivo. Como? Primeiro ela tenta treiná-lo
espirrando água nele para que ele obedecesse a seus comandos, e não funciona.
Depois,
ela pacientemente tenta educá-lo, ensinando-o a dançar, tocar violão etc. O
alienígena, que só estava fingindo ser um cachorro para evitar ser capturado pelas
Forças Galáticas, acaba gostando da cultura local e das pessoas ao seu redor.
Ele não conhecia nada que não fosse a destruição e ela mostrou que há muitas
coisas para se gostar. Lilo não é uma guerreira forte. Seu nível de força não
se equipara ao de Stitch. Ainda assim, ela consegue “domá-lo” sendo gentil e
amável.
Outro exemplo que nossa
querida Disney trouxe foi sua adaptação de A Bela e a Fera que, ainda
por cima, se encaixa nessa categoria da mulher que se apaixona por um monstro.
Bela era uma camponesa gentil, que tinha gosto pela leitura e desejava
vivenciar as histórias que lia. Ela troca de lugar com o pai que foi
aprisionado pela Fera. Já a Fera é um
príncipe mimado e ranzinza que foi amaldiçoado por uma feiticeira a ter essa
forma de monstro até encontrar uma mulher que o ame com essa aparência. O
início do relacionamento dos dois não foi dos melhores, tanto que Bela tenta
escapar do castelo. Para seu azar, Bela foi encurralada por lobos e teria
morrido se a Fera não a tivesse salvo. Por um momento, ela pensa em ir embora,
deixando a Fera ferida na neve. Mas acaba voltando ao palácio e trata de seus
ferimentos. A partir deste momento, a relação dos dois começa a melhorar. A
Fera foi mudando seu comportamento e se tornando mais cavalheiro para agradá-la.
Mas isso não era uma estratégia dele e de seus servos para acabar com a
maldição? Sim, porém, ele não faria tanto esforço para mudar se ela não tivesse
sido doce e gentil.
Agora que já mostrei os
exemplos, retornemos à pergunta: por que as mulheres gostam tanto de romance
com seres fantásticos? Primeiro, porque grande parte delas, inclusive eu,
gostam de histórias românticas. Segundo, porque juntar o cavaleiro e o dragão
em uma só pessoa tornaria a narrativa bem mais interessante, dando inúmeras
possibilidades. Terceiro, porque mulheres gostam quando sua feminilidade é
vista como algo positivo a ponto de ajudar um homem a se tornar uma pessoa
melhor e, se a heroína for humana e seu interesse romântico for um ser mágico, fica
ainda mais especial. E quando falo em feminilidade, não me refiro apenas da
aparência física, e sim da gentileza, da calma, da paciência, da delicadeza,
aspectos femininos que sinto que estão sendo cada vez mais desvalorizados em
suas personagens, trocando-os por qualidades mais masculinas. Vi isso em Corte
de Espinhos e Rosas em que ao contrário de suas irmãs, a protagonista era
uma caçadora durona que sustentava a casa, enquanto as outras e o pai não
faziam nada. Não tem problema existir personagens com qualidades masculinas,
mas não precisa apagar as femininas para isso.
Sinto
falta de personagens mais femininas nesse tipo de obra. Mulheres que não
comecem como guerreiras ou caçadoras. Podem até possuir um poder mágico, mas que
usem mais para ajudar os outros do que para matar. E vocês? Concordam comigo?
Se tiverem alguma recomendação, comentem!
Observação: Todos os gifs
foram tirados da internet.