sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Cangaceiro vs Lobisomem

 


                Voltamos com mais uma leitura do Kindle de uma novela nacional envolvendo um lobisomem no sertão. O Capeta-Caolho contra a Besta-Fera foi escrito por Everaldo Rodrigues em 2018. A história foi vencedora do Prêmio ABERST de Literatura na categoria de melhor conto ou novela de terror e ficou em segundo lugar no Prêmio Geek.

            A cidade de Terezinha de Moxotó tem sofrido ataques de lobisomem. Com a polícia não acreditando na história e se recusando a mandar reforços, o coronel é prefeito Jesuíno de Cândida e seu povo não tiveram outra escolha a não ser pedir ajuda a Jeremias Fortunato Silveira, um cangaceiro conhecido como Capeta-Caolho, temido por todos.

            A novela tem uma proposta interessante, juntando um ser bastante conhecido do nosso folclore com o cangaceiro, figura bastante conhecida do Nordeste brasileiro. E ao contrário de muitas histórias que vemos por aí em que tentam justificar os crimes de bandidos através de seu passado triste, aqui não tem isso. O Capeta-Caolho teve uma infância trágica, mas em momento algum me simpatizei com o personagem, principalmente após as atrocidades que ele e seu bando cometeram. Isso faz o leitor pensar se o lobisomem é realmente o monstro da história.

             Porém, por ser uma história curta, acredito que o potencial não atingiu o máximo. A novela tenta enganar o leitor com relação a identidade do lobisomem, mas não dá certo. Os personagens são interessantes e cumprem bem suas funções, mas novamente, se o livro fosse maior, poderiam ter sido mais bem desenvolvidos.

            Por minhas expectativas serem altas, o livro me decepcionou um pouco. Mas deixando isso de lado, a história é mediana para boa. Se você gosta da temática de lobisomem no sertão, pode dar uma checada. Só cuidado para não encontrar a besta-fera pelo caminho. Ou pior, um bando de cangaceiros.

 


sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Por que as mulheres gostam tanto de romances com seres fantásticos?


            Andei pensando nesse tema ultimamente e decidi escrever este texto. Mas não o usem como referência para nada. O que você verá aqui são apenas os meus pensamentos, que podem (ou não) estar errados e servem apenas para refletir sobre o assunto. A base de pesquisa é quase nula. Comecemos:

            Li uma coleção de livros, que até possui resenhas no meu blog, chamada Corte de Espinhos e Rosas, em que a heroína namora um feérico. Muitos também lembrarão de Crepúsculo, filme adaptado de um livro, em que a protagonista namora um vampiro. E até hoje, você encontra romances entre mulheres e feéricos, vampiros, lobisomens, elfos, deuses e assim por diante. Se tem tantos livros com essa temática é porque a demanda é grande e o público leitor desse tipo de obra é majoritariamente feminino. Mas por que mulheres gostam tanto de romance com seres fantásticos?

            Em histórias medievais, um cavaleiro salva sua princesa matando o dragão com sua espada. Mas, e se não existisse o cavaleiro e a princesa tivesse que lidar sozinha com o dragão? Mulheres são menos aptas a usar a força bruta por serem biologicamente mais fracas e isso reflete na maioria das histórias antigas. Então, como a princesa poderia resolver esse problema? Domando o dragão. Como, se ela não tem força? E quem disse que precisa de força física para domar um monstro?

            Um exemplo de uma garota domando um monstro sem precisar de força física é apresentado no filme Lilo & Stitch. Lilo, uma menina de seis anos conseguiu domar um alien destrutivo. Como? Primeiro ela tenta treiná-lo espirrando água nele para que ele obedecesse a seus comandos, e não funciona.



Depois, ela pacientemente tenta educá-lo, ensinando-o a dançar, tocar violão etc. O alienígena, que só estava fingindo ser um cachorro para evitar ser capturado pelas Forças Galáticas, acaba gostando da cultura local e das pessoas ao seu redor. Ele não conhecia nada que não fosse a destruição e ela mostrou que há muitas coisas para se gostar. Lilo não é uma guerreira forte. Seu nível de força não se equipara ao de Stitch. Ainda assim, ela consegue “domá-lo” sendo gentil e amável.



            Outro exemplo que nossa querida Disney trouxe foi sua adaptação de A Bela e a Fera que, ainda por cima, se encaixa nessa categoria da mulher que se apaixona por um monstro. Bela era uma camponesa gentil, que tinha gosto pela leitura e desejava vivenciar as histórias que lia. Ela troca de lugar com o pai que foi aprisionado pela Fera.  Já a Fera é um príncipe mimado e ranzinza que foi amaldiçoado por uma feiticeira a ter essa forma de monstro até encontrar uma mulher que o ame com essa aparência. O início do relacionamento dos dois não foi dos melhores, tanto que Bela tenta escapar do castelo. Para seu azar, Bela foi encurralada por lobos e teria morrido se a Fera não a tivesse salvo. Por um momento, ela pensa em ir embora, deixando a Fera ferida na neve. Mas acaba voltando ao palácio e trata de seus ferimentos. A partir deste momento, a relação dos dois começa a melhorar. A Fera foi mudando seu comportamento e se tornando mais cavalheiro para agradá-la. Mas isso não era uma estratégia dele e de seus servos para acabar com a maldição? Sim, porém, ele não faria tanto esforço para mudar se ela não tivesse sido doce e gentil.


        Agora que já mostrei os exemplos, retornemos à pergunta: por que as mulheres gostam tanto de romance com seres fantásticos? Primeiro, porque grande parte delas, inclusive eu, gostam de histórias românticas. Segundo, porque juntar o cavaleiro e o dragão em uma só pessoa tornaria a narrativa bem mais interessante, dando inúmeras possibilidades. Terceiro, porque mulheres gostam quando sua feminilidade é vista como algo positivo a ponto de ajudar um homem a se tornar uma pessoa melhor e, se a heroína for humana e seu interesse romântico for um ser mágico, fica ainda mais especial. E quando falo em feminilidade, não me refiro apenas da aparência física, e sim da gentileza, da calma, da paciência, da delicadeza, aspectos femininos que sinto que estão sendo cada vez mais desvalorizados em suas personagens, trocando-os por qualidades mais masculinas. Vi isso em Corte de Espinhos e Rosas em que ao contrário de suas irmãs, a protagonista era uma caçadora durona que sustentava a casa, enquanto as outras e o pai não faziam nada. Não tem problema existir personagens com qualidades masculinas, mas não precisa apagar as femininas para isso.

Sinto falta de personagens mais femininas nesse tipo de obra. Mulheres que não comecem como guerreiras ou caçadoras. Podem até possuir um poder mágico, mas que usem mais para ajudar os outros do que para matar. E vocês? Concordam comigo? Se tiverem alguma recomendação, comentem!

           

 

 

Observação: Todos os gifs foram tirados da internet.