sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Tarzan, o Magnífico

 


            Vocês já pularam o episódio de alguma série ou deixaram de ver o primeiro filme e foram direto para a sequência? Tarzan, o Magnífico é o vigésimo livro da série do personagem homônimo, escrito por Edgar Rice Burroughs em 1936. Li o primeiro livro da coleção há muito tempo atrás. Este volume foi meu padrinho que emprestou e pertencia ao pai dele. Suponho que os outros volumes também tenham sido publicados, mas devem ser raros de se encontrar pois nenhum deles possui uma edição recente. Infelizmente, parece que o Brasil quase não publica a sequência de livros cuja adaptação animada só tenha usado o primeiro livro como base. Bambi* e Entregas Expressas da Kiki**, por exemplo, são livros antigos que até agora não tiveram suas sequências traduzidas para o português. Espero que não aconteça o mesmo com Robô Selvagem***. Vamos para a resenha:

            Tarzan caminhava por uma planície até que encontrou um esqueleto morto há muitos anos. Próximo a ele, encontrou a carta de lorde Mountford, dizendo ter sido capturado junto a esposa, pela tribo de mulheres guerreiras kajis. Ele e a filha que nasceu pouco tempo antes da morte de sua esposa eram prisioneiros e suas captoras usavam magia para mantê-los cativos. Ele ofereceu um diamante como recompensa para o resgate. Tarzan guardou a carta para entregar às autoridades, até encontrar um homem ferido...

            Acredito que a primeira pergunta que vocês estão fazendo é: dá para ler este livro sem ter lido os outros? Sim. É uma aventura que começa e termina no mesmo volume. Porém, é interessante que tenha um pouco de conhecimento sobre o nosso protagonista, Tarzan. Por isso, recomendo que leiam o primeiro livro de sua série, que será bem mais fácil de encontrar do que suas sequências.

            Indo para a história, não esperava encontrar magia no mundo do Tarzan. Não lembro de ter nenhuma menção disto no primeiro volume, apesar de coisas improváveis terem acontecido, como por exemplo um jovem ter sido criado por uma espécie humanoide entre gorila e ser humano, e este aprender a ler um livro sozinho, algo impossível de acontecer na realidade (quem estudou linguística sabe do que estou falando). Ainda assim, era um romance mais pé no chão. O gênero é aventura, então obviamente tem ação e luta neste livro. Alguns leitores que podem achar o livro problemático devido a crença das kajis de quererem ter filhas com brancos para que se tornassem brancas. A motivação para tal crença não é justificada. Ela existiu há vários anos e ninguém se lembra o porquê dela existir. Há também algumas falas preconceituosas, que são ditas por pessoas de má índole. Resumindo, pessoas do politicamente correto encontrarão vários motivos para não gostarem deste livro. Como disse no primeiro parágrafo, Tarzan, o Magnífico foi lançado em 1936, uma época diferente da nossa. Como não sou tão sensível, isto não me incomodou.

            Quanto aos personagens, há tantos que o livro possui um guia de uma página com o nome deles. Vou me ater apenas aos que me chamaram atenção. Temos obviamente Tarzan, o personagem que dá nome a obra, o homem que foi criado na selva, sabe a linguagem dos animais além de ter uma grande força e sentidos aguçados. Ele é tão incrível que seu nome virou lenda. Não é muito expressivo, mas tem bom coração e ajuda aqueles que considera seus amigos, apesar de considerar a humanidade inferior aos outros bichos devido aos conflitos que ela causa entre si por coisas que Tarzan considera fúteis. Um herói perfeito para aqueles que gostam desse gênero. Me lembra um pouco o Conan, o Bárbaro, só que mais honrado. Stanley Wood é o homem ferido que Tarzan encontra e a motivação para ele entrar nessa aventura. Uma pessoa honrada que fará de tudo para ficar com Gonfala, a rainha dos kajis, que parece ter dupla personalidade. Esta personagem fez uma coisa que me irritou, porém, se der muitos detalhes, será spoiler. Woora e Mafka foram bons antagonistas iniciais (aqui tem muitos antagonistas), introduzindo a magia na narrativa. E, para quem é fã do desenho animado, saiba que Tantor, o elefante, existe aqui nos livros e ele até que tem um papel relevante neste romance.

            O livro me entreteve. Sua leitura é simples, apesar dos muitos personagens e locais. Porém, acredito que este livro ficaria melhor no formato de quadrinhos, em que podemos visualizar as lutas. Sou da opinião que os gêneros de ação e terror ficam melhor em mídias visuais do que escritas. Se vocês desejam conhecer, boa sorte. Talvez o encontrem em algum sebo. Ou nas misteriosas selvas africanas...

 

 

 

 

*Resenha de Bambi: Ponte para o Imaginário: O príncipe da floresta

**Resenha de Entregas Expressas da Kiki: Ponte para o Imaginário: O rito de passagem de uma bruxa

***Resenha de Robô Selvagem: Ponte para o Imaginário: Instinto e Programação


sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Garotas Mágicas no Mundo Real

 


            Já ouviu falar do gênero das garotas mágicas? Ele está presente em muitos mangás e animações japonesas como Sailor Moon e Sakura Card Captor, que são sobre garotas, geralmente jovens, com poderes mágicos. Normalmente, elas passam por uma transformação que muda sua aparência e roupa. Também costumam usar seus poderes para salvar o mundo. Agora imagine se várias delas existissem em nosso mundo, cada uma com seu poder mágico. O livro Uma garota mágica se aposenta fez esta proposta. Escrito pela coreana Park Seolyeon no ano de 2022 em seu país, foi lançado no Brasil recentemente em junho deste ano. E como fã de Sakura Card Captor, o título desta obra me atraiu e aqui estou eu fazendo sua resenha. Vamos para o resumo:

            Uma mulher de vinte nove anos está prestes a se suicidar na ponte Mapo em Seul, após várias dívidas no cartão e a falta de emprego fixo. Mas uma moça com vestidinho branco e fofo a impede, dizendo que seu destino é se tornar uma “Garota Mágica”.

            Como funciona as garotas mágicas numa história mais realista? Torne-as o equivalente do que seria os super-heróis, com uma escola dos X-men para treinar as garotas, junto a um lugar que ajuda encontrar emprego para elas ganharem dinheiro como por exemplo o de guarda-costas e o de caçadora de recompensas. Achei um conceito interessante. Existe, porém, aquele dilema do herói estar ganhando dinheiro pelo seu heroísmo ao invés de fazer por razões nobres, algo que a própria protagonista julga. Mas não é isso que os policiais e os bombeiros fazem? Os poderes normalmente são despertados quando a moça se sente vulnerável, o que explica o porquê de a maiorias delas ser jovem.

            A protagonista, que não é nomeada na história, é pessimista e esforçada. Devido ao seu problema financeiro, tem muito foco nos gastos e tenta ao máximo conseguir um emprego. No primeiro capítulo cheguei a me identificar com ela quando desejou cometer suicídio sem incomodar ninguém, mas no fundo, gostaria que alguém a consolasse, o que mostra como temos que nos mostrar forte para os outros, mesmo querendo nos abrir para alguém. A segunda personagem com mais foco é Ah Roa, a Garota Mágica da Clarividência. Foi ela que impediu a protagonista de tirar a própria vida. Por trás de sua positividade, esconde uma mulher que tem autoestima baixa, pois apesar de útil, seu poder não é tão forte para luta. Há um romance implícito entre as duas personagens que achei um tanto desnecessário pois a trama era rápida e quase não teve tempo para desenvolvê-las como amigas, muito menos como par romântico. Há outras personagens como Choi Heejin, Garota Mágica do Espaço, que é arrogante e a presidente do Sindicato de Garotas Mágicas, Yeon Riji, a primeira Garota Mágica da Coréia do Sul, que já é uma senhorinha. Ambas tiverem sua relevância apesar de aparecerem pouco. Não vou comentar sobre a antagonista pois seria um grande spoiler. Só direi que seu passado não justifica suas ações.

            Apesar da proposta interessante, acho que o livro deveria ter sido maior. Focado mais na protagonista fazendo amizade com Ah Roa e possivelmente, com outras garotas mágicas. O mundo das Garotas Mágicas em geral podia ser mais explorado, dando a perspectiva de outras personagens e não apenas da protagonista. A resolução do problema foi criativa e até cômica, fazendo parecer uma paródia por um momento.

            O livro me entreteve o suficiente. Daria três de cinco estrelas. Se você gosta do gênero e é a favor do meio ambiente, pode dar uma olhada e lembre-se: quando sentir que tudo está para ruir, não desista. Deixe que sua chama de poder surja e siga em frente. Você não está sozinho.