Já ouviu falar do gênero das
garotas mágicas? Ele está presente em muitos mangás e animações japonesas como Sailor
Moon e Sakura Card Captor, que são sobre garotas, geralmente jovens,
com poderes mágicos. Normalmente, elas passam por uma transformação que muda sua aparência e roupa. Também costumam usar seus poderes para salvar o mundo. Agora
imagine se várias delas existissem em nosso mundo, cada uma com seu poder mágico.
O livro Uma garota mágica se aposenta fez esta proposta. Escrito pela
coreana Park Seolyeon no ano de 2022 em seu país, foi lançado no Brasil
recentemente em junho deste ano. E como fã de Sakura Card Captor, o
título desta obra me atraiu e aqui estou eu fazendo sua resenha. Vamos para o
resumo:
Uma mulher de vinte nove anos está prestes a se suicidar na
ponte Mapo em Seul, após várias dívidas no cartão e a falta de emprego fixo.
Mas uma moça com vestidinho branco e fofo a impede, dizendo que seu destino é
se tornar uma “Garota Mágica”.
Como funciona as garotas mágicas numa história mais
realista? Torne-as o equivalente do que seria os super-heróis, com uma escola dos
X-men para treinar as garotas, junto a um lugar que ajuda encontrar emprego
para elas ganharem dinheiro como por exemplo o de guarda-costas e o de caçadora
de recompensas. Achei um conceito interessante. Existe, porém, aquele dilema do
herói estar ganhando dinheiro pelo seu heroísmo ao invés de fazer por razões
nobres, algo que a própria protagonista julga. Mas não é isso que os policiais
e os bombeiros fazem? Os poderes normalmente são despertados quando a moça se
sente vulnerável, o que explica o porquê de a maiorias delas ser jovem.
A protagonista, que não é nomeada na história, é pessimista
e esforçada. Devido ao seu problema financeiro, tem muito foco nos gastos e
tenta ao máximo conseguir um emprego. No primeiro capítulo cheguei a me
identificar com ela quando desejou cometer suicídio sem incomodar ninguém, mas
no fundo, gostaria que alguém a consolasse, o que mostra como temos que nos
mostrar forte para os outros, mesmo querendo nos abrir para alguém. A segunda
personagem com mais foco é Ah Roa, a Garota Mágica da Clarividência. Foi ela
que impediu a protagonista de tirar a própria vida. Por trás de sua
positividade, esconde uma mulher que tem autoestima baixa, pois apesar de útil,
seu poder não é tão forte para luta. Há um romance implícito entre as duas
personagens que achei um tanto desnecessário pois a trama era rápida e quase
não teve tempo para desenvolvê-las como amigas, muito menos como par romântico.
Há outras personagens como Choi Heejin, Garota Mágica do Espaço, que é
arrogante e a presidente do Sindicato de Garotas Mágicas, Yeon Riji, a primeira
Garota Mágica da Coréia do Sul, que já é uma senhorinha. Ambas tiverem sua
relevância apesar de aparecerem pouco. Não vou comentar sobre a antagonista
pois seria um grande spoiler. Só direi que seu passado não justifica suas
ações.
Apesar da proposta interessante, acho que o livro deveria
ter sido maior. Focado mais na protagonista fazendo amizade com Ah Roa e possivelmente,
com outras garotas mágicas. O mundo das Garotas Mágicas em geral podia ser mais
explorado, dando a perspectiva de outras personagens e não apenas da
protagonista. A resolução do problema foi criativa e até cômica, fazendo
parecer uma paródia por um momento.
O livro me entreteve o suficiente. Daria três de cinco
estrelas. Se você gosta do gênero e é a favor do meio ambiente, pode dar uma
olhada e lembre-se: quando sentir que tudo está para ruir, não desista. Deixe
que sua chama de poder surja e siga em frente. Você não está sozinho.