Vocês já pularam o
episódio de alguma série ou deixaram de ver o primeiro filme e foram direto
para a sequência? Tarzan, o Magnífico é o vigésimo livro da série do
personagem homônimo, escrito por Edgar Rice Burroughs em 1936. Li o primeiro
livro da coleção há muito tempo atrás. Este volume foi meu padrinho que
emprestou e pertencia ao pai dele. Suponho que os outros volumes também tenham
sido publicados, mas devem ser raros de se encontrar pois nenhum deles possui
uma edição recente. Infelizmente, parece que o Brasil quase não publica a
sequência de livros cuja adaptação animada só tenha usado o primeiro livro como
base. Bambi* e Entregas Expressas da Kiki**, por exemplo, são
livros antigos que até agora não tiveram suas sequências traduzidas para o
português. Espero que não aconteça o mesmo com Robô Selvagem***. Vamos
para a resenha:
Tarzan caminhava por uma planície até que encontrou um
esqueleto morto há muitos anos. Próximo a ele, encontrou a carta de lorde
Mountford, dizendo ter sido capturado junto a esposa, pela tribo de mulheres
guerreiras kajis. Ele e a filha que nasceu pouco tempo antes da morte de sua
esposa eram prisioneiros e suas captoras usavam magia para mantê-los cativos. Ele
ofereceu um diamante como recompensa para o resgate. Tarzan guardou a carta
para entregar às autoridades, até encontrar um homem ferido...
Acredito que a primeira pergunta que vocês estão fazendo
é: dá para ler este livro sem ter lido os outros? Sim. É uma aventura que
começa e termina no mesmo volume. Porém, é interessante que tenha um pouco de
conhecimento sobre o nosso protagonista, Tarzan. Por isso, recomendo que leiam
o primeiro livro de sua série, que será bem mais fácil de encontrar do que suas
sequências.
Indo para a história, não esperava encontrar magia no
mundo do Tarzan. Não lembro de ter nenhuma menção disto no primeiro volume, apesar
de coisas improváveis terem acontecido, como por exemplo um jovem ter sido
criado por uma espécie humanoide entre gorila e ser humano, e este aprender a
ler um livro sozinho, algo impossível de acontecer na realidade (quem estudou
linguística sabe do que estou falando). Ainda assim, era um romance mais pé no
chão. O gênero é aventura, então obviamente tem ação e luta neste livro. Alguns
leitores que podem achar o livro problemático devido a crença das kajis de
quererem ter filhas com brancos para que se tornassem brancas. A motivação para
tal crença não é justificada. Ela existiu há vários anos e ninguém se lembra o
porquê dela existir. Há também algumas falas preconceituosas, que são ditas
por pessoas de má índole. Resumindo, pessoas do politicamente correto
encontrarão vários motivos para não gostarem deste livro. Como disse no
primeiro parágrafo, Tarzan, o Magnífico foi lançado em 1936, uma época
diferente da nossa. Como não sou tão sensível, isto não me incomodou.
Quanto aos personagens, há tantos que o livro possui um
guia de uma página com o nome deles. Vou me ater apenas aos que me chamaram
atenção. Temos obviamente Tarzan, o personagem que dá nome a obra, o homem que
foi criado na selva, sabe a linguagem dos animais além de ter uma grande força
e sentidos aguçados. Ele é tão incrível que seu nome virou lenda. Não é muito
expressivo, mas tem bom coração e ajuda aqueles que considera seus amigos,
apesar de considerar a humanidade inferior aos outros bichos devido aos
conflitos que ela causa entre si por coisas que Tarzan considera fúteis. Um
herói perfeito para aqueles que gostam desse gênero. Me lembra um pouco o Conan,
o Bárbaro, só que mais honrado. Stanley Wood é o homem ferido que Tarzan
encontra e a motivação para ele entrar nessa aventura. Uma pessoa honrada que
fará de tudo para ficar com Gonfala, a rainha dos kajis, que parece ter dupla
personalidade. Esta personagem fez uma coisa que me irritou, porém, se der
muitos detalhes, será spoiler. Woora e Mafka foram bons antagonistas iniciais
(aqui tem muitos antagonistas), introduzindo a magia na narrativa. E, para quem
é fã do desenho animado, saiba que Tantor, o elefante, existe aqui nos livros e
ele até que tem um papel relevante neste romance.
O livro me entreteve. Sua leitura é simples, apesar dos
muitos personagens e locais. Porém, acredito que este livro ficaria melhor no
formato de quadrinhos, em que podemos visualizar as lutas. Sou da opinião que
os gêneros de ação e terror ficam melhor em mídias visuais do que escritas. Se
vocês desejam conhecer, boa sorte. Talvez o encontrem em algum sebo. Ou nas
misteriosas selvas africanas...
*Resenha de Bambi:
Ponte
para o Imaginário: O príncipe da floresta
**Resenha de Entregas
Expressas da Kiki: Ponte
para o Imaginário: O rito de passagem de uma bruxa
***Resenha de Robô
Selvagem: Ponte
para o Imaginário: Instinto e Programação

