quinta-feira, 29 de março de 2018

O Lobisomem Brasileiro




        Meu monstro clássico favorito é o lobisomem. Adoro a dualidade entre homem racional e monstro sanguinário vivendo no mesmo corpo. O que eu menos gosto é o zumbi, por achar que existe a possibilidade de ele vir a existir com a mutação de vírus feitos em laboratório. Mas isso não vem ao caso. Esse romance foi escrito por Marcos DeBrito, acrescentando mais um autor brasileiro para minha lista.
          Há um monstro nas redondezas de um pequeno vilarejo no interior de São Paulo, que anda matando não só os animais, mas também pessoas. Enquanto isso, Álvaro, filho de imigrantes italianos e único sobrevivente de um massacre ocorrido com sua família, se apaixona por Alana, moça de melhor estirpe social.
          Tive sentimentos mistos com relação a esse livro. Pelo lado positivo, o autor cria um bom cenário de terror, tendo feito boas pesquisas na composição do enredo, como, por exemplo, o mito do ser com cabeça de cachorro e o manuscrito ilustrado chamado Theodore Psalter, lido pelo personagem Valêncio. E além disso, ele conseguiu retratar bem o cenário histórico da época, o que exige bastante pesquisa e estudo.  Não gosto muito de romances históricos, nem mesmo os de ficção, pois as personagens femininas não costumam ser tão legais, pois a época em que viviam não lhes dava muita liberdade. As exceções que eu li foram Elizabeth de Orgulho e Preconceito e Eufrásia de Mundos de Eufrásia, e a segunda realmente existiu, apesar de seu romance ter um pouco de ficção. A personagem Flávia poderia seguir o padrão delas, mas não teve tanta aparição assim, pois o foco ficava mais nas personagens masculinas e no final centrou mais em sua paixão do que em sua personalidade.
       Quanto à história, esperava mais mistério com relação a quem seria o lobisomem, me surpreendendo e fazendo achar que fosse uma personagem, mas na verdade era outra. Não teve isso. Soube desde o início quem era e o livro não fez segredo disso. Porém, houve algo no livro que me fazia querer ler até o final. Parecia que eu estava assistindo uma série viciante de terror, o que faz sentido pois o autor é roteirista. Havia divisões nos capítulos através de datas, que às vezes voltavam para anos atrás, para demonstrar um outro ocorrido relacionado à história e para o leitor obter mais informações. O mistério que me atraiu foi de como acabaria a história, o que me deixou ansiosa para chegar ao final. E também como funcionaria a maldição do lobisomem, que como eu disse acima, exigiu uma pesquisa do autor.
           Tive a surpresa de descobrir que esse romance é para um público mais maduro pelas várias cenas de sangue e pela cena de sexo. A editora é a Rocco, deve ser por isso que achei que ela pegaria mais leve. Estou acostumada a ler livros mais leves dela. Eu devo ter lido mais do selo da Rocco Jovens Leitores do que da Rocco em si. Se bem que Harry Potter é da Rocco e não da Rocco Jovens Leitores e não é tão violento. Pelo menos não no começo. Mas por outro lado, a saga de Jogos Vorazes é da Rocco Jovens Leitores e se passa em uma distopia que envolve adolescentes e crianças se matando até que que apenas um sobreviva. Bem, deixa para lá.
            Se o ambiente que você procura é assustador com violência, sangue e um pouco de romance e drama com lobisomem, esse é o livro certo. Eu não achava que ia sentir tanto medo do lobisomem ou que ele seria tão violento, pois nas coisas que li ou assisti sobre esse ser, ele era mais simpático do que tenebroso. Aqui ele é os dois, e eu diria que vai mais para o lado sombrio do que para o outro. Ou seja, estou acostumada a vê-lo em obras mais leves. Resumindo, gostei, mas tive uma sensação de medo, o que não é agradável para mim que prefiro uma sensação mais calma e com menos sangue.




sexta-feira, 23 de março de 2018

Meus livros na Estação das Letras



              Oi gente, tenho a alegria de dizer que agora os meus livros estão à venda na Livraria da Estação das Letras, na rua Marquês de Abrantes, 177 - Flamengo no final da galeria. Lá também tem vários tipos de cursos relacionados ao mundo das letras. Eu mesma farei os cursos Produzindo seu Livro de Literatura Infantil e Juvenil e Unicórnios: um passeio pela imaginação. Para mais informações, acessem o site deles http://estacaodasletras.com.br/ , seria bem legal encontrar vocês por lá.





sexta-feira, 16 de março de 2018

O moinho



O velho moinho mói
Mói solitário o trigo.
As trepadeiras o abraçam.
Ele se corrói até enfim
Se render e a natureza
Florescer...

sexta-feira, 2 de março de 2018

O fim do mundo versão cômica?




             Sim, Neil Gaiman de novo. Mas ele não está sozinho dessa vez. Belas Maldições foi uma coprodução entre o autor Neil Gaiman e o falecido escritor Terry Pratchett que escreveu a coleção Discworld, livros de fantasia que satirizam esse tema. Queria saber como funcionou na hora de escrever esse livro. Será que um escreveu tudo enquanto o outro só concordou e sugeriu algumas ideias ou cada um escrevia uma parte? Não sei a resposta. Só sei que deu certo.
            Crowley e Aziraphale são um demônio e um anjo, respectivamente. Eles estão em lados opostos na disputa entre Deus e o Diabo sobre quem terá mais seguidores. Mas ambos, além de se darem bem, se acostumaram com a vida terrena dos mortais e desejaram ficar assim por muito tempo. Porém, a vinda do anticristo, o sinal de que o fim dos tempos está próximo poderia estragar isso. Será que eles darão um jeito para continuar com a vida que estavam vivendo sem desobedecer às ordens de seus chefes? O que aconteceria se o anticristo fosse para a família errada e tivesse uma vida normal?
            Já, pelo resumo acima, dá para ver que não será aquele fim do mundo aterrorizante, a menos que considere humor negro como algo assustador. Mas não tem só esse tipo de humor.  As referências que são os números pequenos que aparecem juntos a uma palavra ou frase, com uma explicação no final da página, são inventadas pelos autores, normalmente para deixar o texto mais engraçado e dando informações extras para a história. E, é claro, tem os acontecimentos da história, que descrevem de um jeito que me lembra um roteiro de seriado ou o livro  Lugar Nenhum, obra de Neil Gaiman, que tem vários personagens dividindo o foco. Se só tivesse o nome de Neil Gaiman na obra, eu não teria dúvidas de que ele o havia escrito, pois o estilo é bem a cara dele.
            O livro é dividido em capítulos intitulados: No início, Onze anos antes, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira, Sábado e Domingo, que foram os acontecimentos que ocorreram com os personagens nesses dias (Duh). Os personagens são muitos, tendo cada um o seu núcleo e seus objetivos até que se encontram com os outros personagens, bem estilo novelas da tevê. Agradeço que o livro tenha uma página dizendo o nome dos personagens e quem eles são, pois como eu disse antes, é um número muito grande e fica difícil lembrar o nome de todos eles. Apesar de muitos, os personagens são carismáticos, fazendo a gente torcer que logo haja o encontro de cada um dos grupos a qual eles pertencem.
           Se for para colocar defeito na obra, eu diria que o clímax do livro foi meio sem graça. Estavam construindo para ser algo épico e cômico quando os personagens de cada grupo tentavam se dirigir para o local que a tragédia ia acontecer, mas quando há o confronto entre céu e inferno, termina rápido e com uma resolução meio chata.
            Algo que me chamou a atenção desde a premissa é o fato de não só um anjo e um demônio serem amigos, mas também o fato de o céu e o inferno terem similaridades. Ambos não se importavam se o mundo fosse destruído para ganharem a guerra, o que deixou Aziraphale, o anjo, chateado ao descobrir isso dos céus. Essa temática me lembrou Fronteiras do Universo, que a Autoridade (Deus) não era bom. Isso me fez pesquisar as datas de cada uma das obras. Belas Maldições foi lançado em 1990 no Reino Unido enquanto a trilogia de Fronteiras do Universo foi lançada nos anos 1995, 1997 e 2000. Belas Maldições nasceu primeiro.
  Será lançada uma série desse livro, como informada nesse site: https://jovemnerd.com.br/nerdnews/belas-maldicoes-david-tennant-compartilha-foto-do-elenco-reunido/ , o que faz sentido pois o livro parece ter sido escrito para esse tipo de mídia. Bem, enquanto a série não sai, a única forma de saber como o mundo acaba é por este livro. Ou pela Bíblia. Mas fica por sua escolha se você prefere algo mais cômico ou sério.