Meu monstro clássico
favorito é o lobisomem. Adoro a dualidade entre homem racional e monstro
sanguinário vivendo no mesmo corpo. O que eu menos gosto é o zumbi, por achar
que existe a possibilidade de ele vir a existir com a mutação de vírus feitos
em laboratório. Mas isso não vem ao caso. Esse romance foi escrito por Marcos
DeBrito, acrescentando mais um autor brasileiro para minha lista.
Há um monstro nas
redondezas de um pequeno vilarejo no interior de São Paulo, que anda matando
não só os animais, mas também pessoas. Enquanto isso, Álvaro, filho de
imigrantes italianos e único sobrevivente de um massacre ocorrido com sua
família, se apaixona por Alana, moça de melhor estirpe social.
Tive sentimentos mistos com relação a esse livro. Pelo
lado positivo, o autor cria um bom cenário de terror, tendo feito boas
pesquisas na composição do enredo, como, por exemplo, o mito do ser com cabeça
de cachorro e o manuscrito ilustrado chamado Theodore Psalter, lido pelo personagem Valêncio. E além disso, ele
conseguiu retratar bem o cenário histórico da época, o que exige bastante
pesquisa e estudo. Não gosto muito de
romances históricos, nem mesmo os de ficção, pois as personagens femininas não
costumam ser tão legais, pois a época em que viviam não lhes dava muita
liberdade. As exceções que eu li foram Elizabeth de Orgulho e Preconceito e Eufrásia de Mundos de Eufrásia, e a segunda realmente existiu, apesar de seu
romance ter um pouco de ficção. A personagem Flávia poderia seguir o padrão
delas, mas não teve tanta aparição assim, pois o foco ficava mais nas
personagens masculinas e no final centrou mais em sua paixão do que em sua
personalidade.
Quanto à história, esperava mais mistério com relação a
quem seria o lobisomem, me surpreendendo e fazendo achar que fosse uma
personagem, mas na verdade era outra. Não teve isso. Soube desde o início quem
era e o livro não fez segredo disso. Porém, houve algo no livro que me fazia
querer ler até o final. Parecia que eu estava assistindo uma série viciante de
terror, o que faz sentido pois o autor é roteirista. Havia divisões nos
capítulos através de datas, que às vezes voltavam para anos atrás, para
demonstrar um outro ocorrido relacionado à história e para o leitor obter mais
informações. O mistério que me atraiu foi de como acabaria a história, o que me
deixou ansiosa para chegar ao final. E também como funcionaria a maldição do
lobisomem, que como eu disse acima, exigiu uma pesquisa do autor.
Tive a surpresa de descobrir que esse romance é para um
público mais maduro pelas várias cenas de sangue e pela cena de sexo. A editora
é a Rocco, deve ser por isso que achei que ela pegaria mais leve. Estou
acostumada a ler livros mais leves dela. Eu devo ter lido mais do selo da Rocco
Jovens Leitores do que da Rocco em si. Se bem que Harry Potter é da Rocco e não
da Rocco Jovens Leitores e não é tão violento. Pelo menos não no começo. Mas
por outro lado, a saga de Jogos Vorazes é da Rocco Jovens Leitores e se passa
em uma distopia que envolve adolescentes e crianças se matando até que que
apenas um sobreviva. Bem, deixa para lá.
Se o ambiente que você procura é assustador com
violência, sangue e um pouco de romance e drama com lobisomem, esse é o livro
certo. Eu não achava que ia sentir tanto medo do lobisomem ou que ele seria
tão violento, pois nas coisas que li ou assisti sobre esse ser, ele era mais
simpático do que tenebroso. Aqui ele é os dois, e eu diria que vai mais para o
lado sombrio do que para o outro. Ou seja, estou acostumada a vê-lo em obras
mais leves. Resumindo, gostei, mas tive uma sensação de medo, o que não é
agradável para mim que prefiro uma sensação mais calma e com menos sangue.