Finalmente acabei este calhamaço. Para provar que este livro é grande, terminei três livros de tamanho médio antes deste. Oitenta e dois capítulos é muita coisa. Corte de Asas e Ruína é o último romance da trilogia de Corte de Espinhos e Rosas, escrito por Sarah J. Maas e lançado em 2017.
Feyre está de volta na Corte Primaveril. Mas não mais como moradora e sim como espiã. Ao descobrir da aliança entre Tamlin e o rei de Hybern, Feyre planeja acabar usando seus novos poderes e manipulação. Será que ela conseguirá lidar com inimigos tão poderosos?
Como nos dois volumes anteriores, este possui elementos de um conto de fada, que no caso desse é Branca de Neve e os Sete anões. Mas ao contrário dos outros que pareciam mais releituras, este só possui uns poucos objetos do conto original como a maçã envenenada, que neste caso apenas enfraquece os poderes mágicos; e um espelho mágico, que faz as pessoas enlouquecerem ao verem seu reflexo. Outra curiosidade: o nome do espelho, Uróboro, vem do símbolo da serpente devorando a própria cauda. Não tenho certeza, porém a história da rainha Vassa, personagem que aparece neste livro, parece ser baseada no balé do Lago dos Cisnes, só que ao invés de um cisne, ela se transforma em um pássaro de fogo durante o dia e retorna a sua forma original à noite. Além de ser obrigada a ficar em lago como prisioneira de um mago.
Há alguns pontos dos outros livros que me irritaram, mas não mencionei em nenhuma das resenhas. Então, vou dizer aqui: Em todos os livros, os feéricos são referidos como machos e fêmeas ao invés de homens e mulheres. Entendo que eles não são seres humanos, mas macho e fêmea são usados em animais e as fadas são tão inteligentes quanto os humanos apesar de algumas terem uma aparência mais animalesca que outras e um pouco de extinto selvagem. Será que não poderiam chamá-los apenas de feérico e feérica? A parceria feérica, em que um “macho” e uma “fêmea” estão destinados a ficarem juntos é algo bem clichê. Alguns dos personagens poderiam ter sido nomeados como o pai de Feyre, a senhora da Corte Outonal e principalmente o rei de Hybern. Por falar em Feyre, sua irmã Elain, que é mais velha que ela, age como se fosse mais nova que ela e é mais inocente. Essa personalidade não condiz com a de uma irmã do meio. Se ela tivesse alguma síndrome, isso explicaria o motivo.
Corte de Asas e Ruína tem um começo lento, o que me fez demorar ainda mais para terminá-lo. Como é dito no título, a história estava no meio de uma guerra e consegui achar algumas incoerências. Se não quiserem spoiler, pulem para o próximo parágrafo. Para um feérico com a capacidade de ler mentes, entrar dentro da cabeça de um ser humano é fácil, pois ele não tem magia para proteger seus pensamentos. Então, por que Feyre e os sobrinhos do rei de Hybern não entraram na mente de Jurian para ver o que ele estava? Como o rei de Hybern, que é poderoso a ponto de matar uma deusa da morte, ser enfraquecido com simples facadas? E ainda, como uma deusa da morte pode ser morta, e ainda mais por um feérico? Agora só uma opinião: para dar mais seriedade a guerra, algum dos amigos da Feyre podia ter morrido. Os que morreram quase não tiveram destaque.
Se achavam que o segundo livro não tinha diversidade com vários personagens de diferentes tons de pele, os leitores ficarão satisfeitos com este aqui, pois além de ter personagens com diferentes tons de pele, alguns destes foram revelados como parte do povo LGBT. E ainda mostra que o abuso sexual independe do gênero, ou seja, uma mulher pode usar seu poder para dominar um homem. Porém, personagens como o Grão-Senhor Beron, que não aparenta ter nenhuma complexidade e serve apenas para ser o machista xenofóbico, antagônico aos ideais de nossos heróis “politicamente corretos” não é algo que me atraia.
Este é o meu segundo livro favorito da trilogia. Há cenas de sexo, mas não são tantas quanto no segundo, o que eu agradeço bastante. Apesar de ter algumas falhas na história, o romance foi bem fechado. Foi dito que a autora planejar expandir mais este universo. Então, tudo o que resta agora é esperar.
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