sexta-feira, 31 de julho de 2020

Cursed: A releitura da Lenda do Lago



         Como a série baseada neste livro acabou de estrear na Netflix, decidi logo fazer esta resenha. Cursed: A Lenda do Lago foi escrita pelo americano Thomas Wheeler e ilustrada por Frank Miller, sendo este último um quadrinista bastante conhecido e o seu quadrinho mais famoso é a série do Batman, O Cavaleiro das Trevas.

            A jovem Nimue planeja fugir de sua terra devido às estranhas possessões que sofre dos Ocultos, espíritos da natureza, o que faz com que seu povo a trate mal. Mas o que ela fará quando esses mesmos espíritos a escolhem para ser o próximo Conjurador na cerimônia de sucessão?

            Este livro é uma releitura das lendas arthurianas, que infelizmente tenho pouco conhecimento. O único filme que assisti que é baseado nessas histórias é A Espada é a Lei da Disney, que conhecendo a companhia, acredito que tenha modificado bastante o filme para atrair o público infantil. Então, analisarei o livro por si só.

            Apesar de Nimue ser a protagonista do livro, a história é composta de vários pontos de vista como os de Merlim, rei Uther, padre Cardem e outros, dando o romance todos os lados possíveis da guerra que está sendo travada. Infelizmente, alguns círculos são mais bem desenvolvidos e interessantes que outros.

            Quando peguei este livro, já imaginei que teria magia, pois Merlin é um dos magos mais conhecidos da mídia, mesmo para aqueles que não tenham tido contato com a lenda do Rei Arthur. Mas não imaginava que teria a aparição de feéricos neste romance. E assim como na trilogia de Corte de Espinhos e Rosas, lidamos com a rivalidade entre humanos e seres mágicos. Só que os feéricos daqui não são tão poderosos quanto os dos livros da Sarah J. Maas, o que me deixa mais feliz, pois dá um pouco mais de igualdade de forças. Apesar da Igreja conseguir exterminar grande parte desses seres, isso só acontece devido ao ataque surpresa. Numa batalha mais justa, suas forças são mais equivalentes, ganhando aquele que possuir mais habilidade ou uma arma melhor.

            A grande parte dos personagens é genérica. Com exceção do rei Uther, sua mãe Lunette e Merlin, nenhum outro personagem me chamou a atenção. Nimue é a típica garota cabeça-dura que o povo detesta e teme, mas que dá a volta por cima e se torna uma guerreira respeitada por todos. Arthur, apesar de ser um mercenário bem treinado, aparece mais no livro para ser o interesse romântico de Nimue. Morgana está lá apenas para ser a amiga de Nimue e falar mal do irmão. O Monge Choroso podia ter sido desenvolvido melhor. Há mais personagens, porém apenas um em específico, que não direi o seu nome, cuja existência é desnecessária e sua função podia ser dada a outro personagem mais importante, pois teve muito pouco desenvolvimento e aparição no livro comparado a outros. Não direi o porquê gostei dos personagens de cima. Se fizer isso, entraria na zona de spoilers. O que posso dizer é que a história que envolve Uther e a relação com sua mãe Lunette é interessante e teve um bom desfecho. Enquanto Merlin tem uma personalidade de malandro, que me atraí. Ele só fica mais sem graça quando encontra com Nimue.

            Quanto às ilustrações, tenho que confessar que não sou muito fã do estilo de Frank Miller. Mas seu desenho combina com a guerra sanguinária que ocorre no decorrer do livro.

            De um modo geral, não achei o romance nem bom nem ruim. Terminou de um jeito que dá base para uma continuação. Não sei se terá uma sequência, mas se tiver, não devo ler pois a história não me deu ânimo o bastante para saber o que acontece depois. Por outro lado, este livro me deixou curiosa para ler algo relacionado ao seu material de origem, que são as lendas arthurianas, só para saber o que foi modificado. Quem sabe eu leia algo sobre elas um dia.

 

 


sexta-feira, 17 de julho de 2020

O plano



                            Antes de começarem a ler, quero fazer um pedido de desculpa, pois só agora notei que algumas das tirinhas começam com o diálogo na direita e terminam na esquerda. Estou tão acostumada a ler mangá que deixei isso passar. Prometo melhorar. Espero que gostem da tirinha.



Roteiro: Mariana Torres
Desenho: Maya Flor

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Olívia no país de Onira



            Das Cinzas de Onira foi escrito pelo brasileiro Umberto Mannarino, que é conhecido por fazer vídeos relacionados ao ENEM e seus desenhos foram feitos pelo ilustrador Esdras Gomes. O livro foi lançado em pleno 2020, que não está sendo um dos melhores anos, para ser sincera. Para isso, é bom se distrair com uma boa leitura.

            Olívia acordou no hospital com um tubo na garganta e queimaduras nos braços. O médico lhe contou que sua casa havia pegado fogo. Mas ela não se lembrava do incêndio. Ou quem eram os seus pais. Ou qualquer coisa que não fosse o seu nome. Ela foi morar na casa dos tios e lá ela conhece Onira.

            O romance parece ter se inspirado em várias obras como Alice no País das Maravilhas, pela temática de sonhos e dos seres estranhos que Olívia encontra no país de Onira, cujo nome parece ter vindo da palavra onírico. Vi um pouco do livro O Mágico de Oz, cuja heroína se junta a um grupo composto por seres bem diferentes em busca de algo em comum. Também tem semelhanças com a versão cinematográfica desse livro, em que todos os personagens importantes que Dorothy encontra lembram pessoas que ela conhece. Outra obra sobre crianças indo para outro mundo com situações similares foi As Crônicas de Nárnia: O leão, a feiticeira e o guarda-roupa. Nela as crianças vão para Nárnia usando um guarda-roupa como portal enquanto Olívia usa uma lareira. Há um tom de mistério com um pouquinho de terror infantil como a Coraline de Neil Gaiman. Apesar das inúmeras inspirações, Das Cinzas de Onira ainda assim conseguiu ser única, algo bastante admirável.

            Mas uma referência inesperada foi a da aparição de Sam, a barata, que foi tirada do livro de Franz Kafka, A metamorfose. Um livro que não consegui acabar na minha adolescência volta para me atormentar depois de vários anos. Me surpreendi. Um personagem de um romance juvenil/adulto que faz uma crítica social da vida dos trabalhadores de sua época aparecer em um livro infanto-juvenil não é algo que a gente vê sempre.

            Quanto aos personagens, são bem interessantes. Apesar de Olívia ser meio irritante às vezes, você entende a situação dela, além do fato de ela ser uma criança e se comportar como uma. Queria que tivesse mais interações entre ela e a personagem Aisling. Seria um bom acréscimo à história. E mais cenas com o tio Lucas. Ele me parece um personagem interessante e que devia ter ainda mais foco.

            As ilustrações, com exceção da capa e da contracapa, são todas em preto e branco, combinando com o clima de suspense. Mas seus traços são mais voltados para o público que o livro deseja atrair, que é o público infanto-juvenil. Ou seja, seus desenhos são menos realistas. Achei bem atrativas.

            A coisa que mais me surpreendeu foi o final, tanto de um jeito bom quanto de um jeito ruim. Apesar das várias inspirações que citei anteriormente, o autor conseguiu finalizar de um jeito diferente de todas as obras referidas. Darei um grande spoiler, não deseja saber como o livro acaba, pule para o último parágrafo. Então, o livro acaba simplesmente não acabando. Voltamos para o começo da história. Por mais que seja sensacional, isso me deixou apreensiva, pois parece que os personagens vão ficar nesse ciclo eterno sem nunca resolver o problema. Senti pena deles.

            Apesar do final ter me deixado apreensiva, foi uma boa jornada. Recomendo a leitura para crianças de dez a doze anos. Se quiserem chegar até Onira, sigam uma coruja vermelha até a lareira. Só tomem cuidado com as aranhas e fantasmas.

 

 


sexta-feira, 3 de julho de 2020