O visconde partido ao
meio
foi escrito em 1952 por Italo Calvino, que nasceu em Cuba, mas passou a maior parte de sua vida na Itália. Este
livro faz parte de uma trilogia chamada Os nossos antepassados, junto
com O barão nas árvores e O cavaleiro inexistente.
O visconde Medardo di Terralba decide participar da
guerra contra os turcos. Durante a batalha, ele se deparou no meio de um canhão
e lançado para longe. Em busca de feridos, os cristãos o encontraram dividido
pela metade e conseguiram fazê-lo voltar à vida. Mas ao voltar para casa, o
visconde começou a agir de modo estranho.
Apesar
da história ser sobre o visconde, há outros personagens que dividem o foco,
como o doutor Trelawney, Pamela, a família de huguenotes e o sobrinho de
Medardo, que é o narrador do livro. Há momentos em que o sobrinho descreve
pensamentos de outros personagens e cenas em que ele não presenciara
pessoalmente. Me pergunto como ele sabia disso. Será que os outros personagens
contaram para ele depois?
O livro pode ser considerado do gênero fantástico pois
possui algumas de suas características. O fato de Medardo ter sobrevivido a ser
partido em dois e tendo consciência em ambas as metades é uma delas. Seu
interesse romântico, Pamela, apesar de ser mais decidida e ousada, possui uma
habilidade de conversar com seus animais, que a ajudaram em sua fuga, similar a
uma princesa clássica da Disney.
Algo interessante
de se discutir é a personalidade diferenciada de ambas as metades de Medardo. Enquanto
a direita é completamente má, a esquerda é completamente boa e ambas precisam
uma da outra para ter equilíbrio. Nem mesmo a parte boa de Medardo é perfeita,
pois ela chega a ser passiva demais e irritante para os outros pois fica dando
lição de moral aos outros. Esta premissa é parecida com o livro A Luneta
Mágica de Joaquim Manuel de Macedo, de 1869. Não cheguei a ler este livro,
mas pretendo fazer algum dia.
Foi uma boa leitura. É um livro curto, mas que te faz
pensar. Por isso, você pode lê-lo por inteiro. Não pare na metade.
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