Roteiro: Mariana Torres
Desenho: Maya Flor
Chegamos à lenda da
literatura fantástica, que influenciou vários autores do gênero. John Ronald
Reuel Tolkien nasceu na República do Estado Livre de Orange na África e
escreveu O Hobbit, primeiro livro que envolve o mundo do Senhor dos
Anéis, em 1937. Este livro deu origem a três filmes live-action: O
Hobbit: Uma Jornada Inesperada em 2012; O Hobbit: A Desolação de
Smaug em 2013; O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos em 2014.
Também teve uma adaptação na forma de animação em 1977 de mesmo nome. O
escritor foi grande amigo de C. S. Lewis, que criou As Crônicas de Nárnia
e ambos faziam parte dos Inkilings, grupo que se reunia para discutir sobre a
literatura.
Como
a maioria dos hobbits, Bilbo Bolseiro não queria saber de aventuras e apreciava
a vida tranquila de sua toca. Até que Gandalf, um mago conhecido por levar a
aventura aos outros, o chama para uma jornada. Bilbo recusa educadamente. Mas
mesmo assim, o chamado foi até ele.
Já
pelo resumo acima, nota-se como a história é similar a de um RPG (Role playing
game), jogo que as pessoas interpretam personagens em uma aventura enquanto alguém
narra os eventos. E não para é se esperar menos, pois este e todos os outros
livros da coleção do Senhor dos Anéis serviram de inspiração para vários
jogos desse gênero por causa das raças e habilidades dos personagens e da
construção de mundo.
Falando
dos personagens, suas personalidades são simples. O mais desenvolvido é Bilbo,
que como a maioria dos hobbits, não gosta de aventuras e confusão, mas por
possuir o sangue aventureiro do lado da mãe, ele é esperto e possui bom
coração. Gandalf é o mago sábio que traz o chamado da aventura e seus contatos
e habilidades foram bastante úteis no começo da aventura. Por serem muitos, os
anões que acompanharam Bilbo nesta aventura não tem características muito
distintas uns dos outros. Só dois deles se destacaram: Thorin, o líder e
herdeiro do tesouro que Smaug tomou; e Bombur por ser o mais gordinho e o que
mais se metia em furada.
O
Hobbit traz uma caracterização simples, porém interessante,
dos seres que habitam o seu mundo. Os dragões por exemplo, são atraídos por
tesouros. Há wargs, que são lobos grandes com sua própria linguagem e aliados
aos goblins, e as águias gigantes, que também possuem sapiência e falam. Isso
tudo além dos elfos, humanos, anões que gostam de tesouro e são bons em
construir coisas e hobbits, seres pequenos com pés grandes que, como disse
anteriormente, gostam de viver uma vida tranquila e pouco excitante. Trolls que
são seres horrendos de grande porte e morrem em contato com a luz do sol.
Também tem um intelecto baixíssimo. E os goblins, criaturas mal-encaradas que vivem
no subterrâneo.
Uma reclamação que gostaria de fazer sobre a edição que
li pode ser considerada boba, mas a tradução de goblins e trolls para gobelins
e trols me sou bastante estranha. Tirando isto, a Harper Collins Brasil
fez um bom trabalho trazendo as ilustrações originais assim como informações do
processo criativo do autor.
Outra coisa que não gostei muito foi o tamanho de detalhe
que Tolkien dá nas descrições e nas canções. Houve até um momento engraçado nesta
última em que li sem prestar muita atenção na letra e na hora em que o Bilbo pergunta
sobre do que se trata a missão e Thorin lhe responde algo como “Por acaso não
prestou atenção na música?” Aparentemente, o próprio autor esperava que o
leitor fosse pular a música para fazer esta pegadinha. Voltando ao assunto, Tolkien
se dedica muito em descrever os locais, mas na hora de uma que poderia ser
considerada uma das maiores batalhas durou apenas um capítulo e pouco e quase
não houve interações entre os personagens principais. Ele podia ter deixado de
lado algumas de suas canções para trabalhar mais nisso.
De maneira geral, tive uma leitura agradável. Esta
narrativa possui vários elementos contidos na jornada do herói, como a recusa
do chamado, os primeiros obstáculos, a figura do mentor etc. que apesar de ser
uma fórmula antiga e bastante usada, nunca fica velha. Se desejar participar da
aventura, espere um mago passar pela sua casa e convide-o para tomar um café. A
primeira impressão dá bastante pontos.
Trago novamente um conto
da Amazon. O causo do coronel que capturou a chuva foi escrito por
Victor Lima e lançado na plataforma em 2020.
Em uma terra dominada pela seca, uma mulher vaga,
lembrando de quando encontrou um Insurreto na infância e dele contando como a
chuva foi roubada.
O interessante desse conto é como ele mistura a realidade
que essa personagem vive, que parece ser um mundo distópico, causado pelos
males do ser humano, e a história que o Insurreto conta sobre o coronel que
roubou a chuva, que lembra muito mais as lendas folclóricas de nosso país.
Não há muito que falar. Apesar do título enorme, conto é bem
curto e fácil de ler, com um final bonitinho e esperançoso. Recomendo a
leitura.