sexta-feira, 16 de julho de 2021

O início da Terra Média

 


           Chegamos à lenda da literatura fantástica, que influenciou vários autores do gênero. John Ronald Reuel Tolkien nasceu na República do Estado Livre de Orange na África e escreveu O Hobbit, primeiro livro que envolve o mundo do Senhor dos Anéis, em 1937. Este livro deu origem a três filmes live-action: O Hobbit: Uma Jornada Inesperada em 2012; O Hobbit: A Desolação de Smaug em 2013; O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos em 2014. Também teve uma adaptação na forma de animação em 1977 de mesmo nome. O escritor foi grande amigo de C. S. Lewis, que criou As Crônicas de Nárnia e ambos faziam parte dos Inkilings, grupo que se reunia para discutir sobre a literatura.

Como a maioria dos hobbits, Bilbo Bolseiro não queria saber de aventuras e apreciava a vida tranquila de sua toca. Até que Gandalf, um mago conhecido por levar a aventura aos outros, o chama para uma jornada. Bilbo recusa educadamente. Mas mesmo assim, o chamado foi até ele.

Já pelo resumo acima, nota-se como a história é similar a de um RPG (Role playing game), jogo que as pessoas interpretam personagens em uma aventura enquanto alguém narra os eventos. E não para é se esperar menos, pois este e todos os outros livros da coleção do Senhor dos Anéis serviram de inspiração para vários jogos desse gênero por causa das raças e habilidades dos personagens e da construção de mundo.

Falando dos personagens, suas personalidades são simples. O mais desenvolvido é Bilbo, que como a maioria dos hobbits, não gosta de aventuras e confusão, mas por possuir o sangue aventureiro do lado da mãe, ele é esperto e possui bom coração. Gandalf é o mago sábio que traz o chamado da aventura e seus contatos e habilidades foram bastante úteis no começo da aventura. Por serem muitos, os anões que acompanharam Bilbo nesta aventura não tem características muito distintas uns dos outros. Só dois deles se destacaram: Thorin, o líder e herdeiro do tesouro que Smaug tomou; e Bombur por ser o mais gordinho e o que mais se metia em furada.

O Hobbit traz uma caracterização simples, porém interessante, dos seres que habitam o seu mundo. Os dragões por exemplo, são atraídos por tesouros. Há wargs, que são lobos grandes com sua própria linguagem e aliados aos goblins, e as águias gigantes, que também possuem sapiência e falam. Isso tudo além dos elfos, humanos, anões que gostam de tesouro e são bons em construir coisas e hobbits, seres pequenos com pés grandes que, como disse anteriormente, gostam de viver uma vida tranquila e pouco excitante. Trolls que são seres horrendos de grande porte e morrem em contato com a luz do sol. Também tem um intelecto baixíssimo. E os goblins, criaturas mal-encaradas que vivem no subterrâneo.

            Uma reclamação que gostaria de fazer sobre a edição que li pode ser considerada boba, mas a tradução de goblins e trolls para gobelins e trols me sou bastante estranha. Tirando isto, a Harper Collins Brasil fez um bom trabalho trazendo as ilustrações originais assim como informações do processo criativo do autor.

            Outra coisa que não gostei muito foi o tamanho de detalhe que Tolkien dá nas descrições e nas canções. Houve até um momento engraçado nesta última em que li sem prestar muita atenção na letra e na hora em que o Bilbo pergunta sobre do que se trata a missão e Thorin lhe responde algo como “Por acaso não prestou atenção na música?” Aparentemente, o próprio autor esperava que o leitor fosse pular a música para fazer esta pegadinha. Voltando ao assunto, Tolkien se dedica muito em descrever os locais, mas na hora de uma que poderia ser considerada uma das maiores batalhas durou apenas um capítulo e pouco e quase não houve interações entre os personagens principais. Ele podia ter deixado de lado algumas de suas canções para trabalhar mais nisso.

            De maneira geral, tive uma leitura agradável. Esta narrativa possui vários elementos contidos na jornada do herói, como a recusa do chamado, os primeiros obstáculos, a figura do mentor etc. que apesar de ser uma fórmula antiga e bastante usada, nunca fica velha. Se desejar participar da aventura, espere um mago passar pela sua casa e convide-o para tomar um café. A primeira impressão dá bastante pontos.


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