sexta-feira, 31 de março de 2023

O mundo inexplorado



 

            Voltamos para o desfecho da saga da Passa-Espelhos. A Tempestade de Ecos foi escrito por Christelle Dabos em 2019 e lançado aqui no Brasil em 2021. Será que este livro responderá a todas as perguntas deixadas nos volumes anteriores? Vamos descobrir?

            Como acontecera no passado, novos rasgos se formam pelo mundo, fazendo pessoas e lugares desaparecerem. Tudo isso é obra do “Outro”, que Ophélie libertou sem querer ao atravessar um espelho pela primeira vez. Agora, a moça está nas mãos de Lazarus, um famoso inventor, que é totalmente leal a entidade de “Deus”, e usará a jovem para atrair o Outro. No meio desse embate que não desejava estar, Ophélie, junto ao seu marido Thorn, terão de se preparar para uma catástrofe.

            Como falarei da história sem dar nenhum spoiler? Bem, digamos que houve várias reviravoltas. Revelações inusitadas, mortes de personagens e respostas a várias perguntas como o porquê de Ophélie ser tão atrapalhada ou quem era a entidade do espelho que ela libertou. Mas não comentarei nada disso aqui.

            A minha interpretação do livro anterior foi de que devemos lembrar do passado para que não cometamos os mesmos erros no futuro. Com os acontecimentos desse livro, não sei se isso se mantém. Parece que aqui, a mensagem é o contrário. Que devemos esquecer tudo e começar do zero. Tenho sentimentos conflitantes em relação a isso. Mas a lição óbvia de que não devemos brincar de Deus ainda permanece aqui, junto com uma pequena discussão de se os estrangeiros e seus descendentes devem ou não ser considerados tão cidadãos quanto o povo originário do país que vivem atualmente. E também se é válido fazer experiências com pessoas por um “bem maior”.

            Quanto aos personagens, são muitos. Tantos que achei que alguns tiveram seus desfechos rápido demais e deveriam ter tido mais tempo de desenvolvimento. A Tempestade de Ecos mantém a regra estabelecida por seus antecessores de dar foco a mais de um personagem na narrativa, sendo eles Ophélie, Victoire, Thorn e um ser desconhecido cuja identidade só nos é revelada pelos capítulos finais.

            O final deste volume foi bem melancólico e deixou a possibilidade de uma continuação. Além disso, senti que o seu mundo foi pouco explorado. Apenas quatro de suas vinte e uma arcas foram apresentadas com mais detalhes. Espero que a autora continue a desenvolver este mundo, nem que seja através de personagens novos. Quem sabe um dia. Que bom que não temos um “Outro” destruindo o nosso planeta. A gente faz isso por si só. Mas acredito que podemos melhorar.

 

 

 

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