Depois de bastante tempo, retorno com mais um livro de
Kazuo Ishiguro. Klara e o Sol foi lançado em 2021 e, até o momento em
que escrevo, o romance mais recente escrito pelo autor. Vamos para a resenha:
Klara é uma AA que espera ser
comprada por uma criança em sua loja. Enquanto espera, ela observa com fascínio
o comportamento dos humanos pela vitrine. Nesses dias, uma menina chamada Josie
conversou com ela e parecia muito interessada em comprá-la. Mas a rotina de
Josie era diferente da maioria das garotas o que Klara acabaria por
experienciar.
Este é o terceiro romance que leio do autor e o segundo
que trata de ficção científica. Por ter lido três desses livros, acredito que
posso confirmar que seu estilo de escrita é lento, só acontecendo alguma coisa
de relevante na quarta parte de um livro que é dividido em seis partes.
Uma grande coincidência eu ter lido este livro na época
em que roteiristas e atores fizeram greve, com medo da inteligência artificial roubar
seus empregos. Mas ao contrário da realidade que estamos vivendo agora, a
inteligência artificial deste livro já é mais avançada a ponto de ter
sentimentos e até crenças. Aqui elas são conhecidas como AAs e são como se fossem robôs
feitos para servir seu humano. A discussão de se deve ou não tratar uma AA como
um ser humano é tratada como plano de fundo. Ao invés disso, nos focamos na
rotina de Klara e o que ela faz para ajudar a sua humana Josie, que tem uma
doença grave e corre risco de vida.
Os personagens são bem humanos, tanto em qualidades
quanto defeitos. Klara, apesar de ser uma AA que
foi programada para observar e cuidar de seu dono, tem pensamentos próprios e
através da sua observação, acaba criando sua própria crença. Josie, sua humana
age bem como uma adolescente que quer ser aceita por seu grupo e se preocupa
com seu futuro. Chrissie, a mãe de Josie, talvez gere certa polêmica em suas ações,
mas dá para ver o quanto ela sofreu e que apesar de tudo, ela ama sua filha. Há
outros personagens que compõem a narrativa, porém, evitarei falar deles para
entrar em spoilers.
O final é melancólico, mas possui algumas partes felizes,
ao contrário do outro romance de ficção científica do autor, Não me abandone
jamais, cujo final acaba sem esperança alguma. Recomendo a todos que gostam
de livros lentos que misturam ficção científica e vida cotidiana. Que o sol
ilumine os seus dias.
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