quinta-feira, 27 de abril de 2017

Cachoeira

           
                                                              Escultura de Luísa Siqueira 

            Um guerreiro, bravo e destemido chamado Augustus saiu de sua cidade à procura da espada mais poderosa de todas: a Ex Calibur. Sabia que ela estava dentro de uma cachoeira próxima, mas tinha que ir preparado, pois ela era guardada por um terrível dragão comedor de homens, que ao invés de atirar fogo pela boca, atirava um jato forte d’agua, fazendo qualquer um se afogar.
            Ao chegar no local, Augustus nadou até a cachoeira e depois começou a escalar suas pedras. Em sua escalada, começou a ouvir um canto. Um canto horrível, mas de algum modo, quase impossível de ignorá-lo. Pelo jeito, havia uma sereia próxima da cachoeira. Augustus foi resistente e conseguiu escalar até a caverna secreta escondida pela grande cachoeira. No meio dela, podia ver a Ex Calibur, presa em uma pedra e também o dragão, que estava dormindo.
            O jovem herói andou devagar e silencioso para não acordar a fera. Porém, a sereia voltou a cantar e seu horrível canto o acordou. Ele atacou Augustus com seu jato de água, mas ele desviou. Quando pegou sua espada para atacá-lo, o horrível canto soou mais uma vez:
            - Augusto César Pereira dos Santos! Se você não largar essa mangueira e não vier comer agora, ficará de castigo no quarto
             Augustus infelizmente foi seduzido pela cantoria mágica da sereia. Será que ele conseguiu escapar e voltou para derrotar o dragão? Aguarde o próximo capítulo.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

O unicórnio

                                                            Escultura de Luísa Siqueira 


Há muitos anos atrás, era difícil uma bruxa ou bruxo ganhar reconhecimento dos que não possuíam esses poderes maravilhosos. Mesmo tendo os ajudado em uma hora de necessidade. Foi assim com Gardênia, do reino de Aurea Silvarum. Ela ajudava a mãe a curar as pessoas usando plantas de variados tipos. Tudo ia bem, até os fofoqueiros da região suspeitarem da habilidade com que ela manejava as plantas. Certo dia, um deles  viu ela fazer uma planta crescer mais rápido que o normal. Ao contar a todos, os moradores se uniram, sem que ela pudesse se defender pois eram muitos, e a prenderam. Mesmo com a mãe tentando impedir, eles conseguiram levá-la para o palácio do rei para ser julgada. Prenderam suas mãos com placas de ferro para que ela não usasse sua habilidade.
            Todos a olhavam na corte. Um olhar de desprezo e medo. Implorou ao rei que a soltasse e que jamais fez ou faria algo contra o povo. Depois de algum tempo de silêncio, o rei finalmente se decidiu. Ele disse que ela deveria ir para a floresta procurar um unicórnio e voltar montada nele. Acreditava-se que os unicórnios só deixavam serem montados por aqueles que tinham um bom coração. Os guardas a levaram vendada e com as mãos ainda presas, até o meio da floresta. Retiraram a venda e saíram cavalgando, antes que Gardênia os pudesse seguir.  Mas ela conseguiu ouvir, em meio a risadas:
            - Ela vai morrer. Os unicórnios desapareceram há anos atrás.
            - Se é que já existiu algum para começar.
            A moça já sabia disso. Ficou andando pela floresta sem rumo pensando com raiva: Ingratos! Ajudo a curar suas feridas e é assim que me agradecem?! Se eu pudesse... Ela ouviu um ruído alto de algo pisando nas folhas secas. Se escondeu atrás de uma árvore, mas o som não parecia vir em sua direção. Ao invés disso, parecia se fixar em sua frente. Continuou a andar, sendo mais cautelosa dessa vez. Então ela viu a frente uma bela égua branca e marrom, se movimentando desesperadamente. Uma de suas patas traseiras estava presa em uma planta, que parecia querer agarrá-la. Gardênia conhecia essa planta, ela prendia sua vítima até que o bicho morresse de fome e então se alimentava de seus restos.
            Sentindo pena do animal, Gardênia foi até lá e bateu na planta com suas mãos ainda presas. Como a planta só conseguia pegar uma presa por vez e era incapaz de soltar a que já havia prendido, ela não pode se defender, sendo dividida em dois pedaços e soltando o equino. Ela só se recuperaria daqui a um dia. A égua então se acalmou e olhou para Gardênia. Ela tinha olhos azuis, algo raro para um cavalo. Ela olhou para o ferro nas mãos de Gardênia, que ainda estava sentada no chão. O animal colocou as patas dianteiras para cima e começou a pisotear o ferro para que ele quebrasse. Gardênia a agradeceu acariciando o seu focinho. Você é mansinha e tem belos olhos azuis. Pena que você não é um unicórnio. Mas pode ser!
            Com a ideia que teve, Gardênia começou a colher várias flores roxas que via no caminho e começou a amassá-las, fazendo uma tintura roxa e pintando a égua dessa cor, incluindo sua cauda e sua crina. Demorou dois dias inteiros para fazer isso, tentando parecer o mais convincente possível e dando algumas pausas para comer frutinhas. Quando acabou, fez o espinho de uma planta crescer em um tamanho anormal e o prendeu no topo da cabeça da égua com plantinhas floridas. No dia seguinte, subiu em uma árvore e a fez crescer para localizar o caminho para sua aldeia. Após isso, subiu no equino e seguiu seu rumo.
            Chegando de manhã montada em um unicórnio, atraiu muita gente para perto dela. As mesmas pessoas que a haviam prendido e chamado de bruxa, naquele momento estavam elogiando-a e a paparicando. A mãe foi chamada. Ela quase que foi na floresta procurar sua filha, mas os guardas a impediram e a prenderam. A preocupada mulher foi solta e pôde dar um abraço na sua filha. Gardênia foi mandada ao palácio do rei.
            O rei ficou surpreso com a revelação, tanto que quando falou a palavra unicórnio, sua filha que estava do outro lado da construção foi correndo para a sala do trono. Como toda a garotinha de seis anos daquele reino, a princesa adorava animais, principalmente os unicórnios que via em figuras de seus livros. Ela quis muito tocar no animal, e como não podia recusar o pedido de uma princesa, Gardênia deixou fazê-lo. Por sorte, a tinta que tinha feito havia secado, e não sairia a menos que a égua fosse lavada. Com pressa de sair dali, Gardênia disse em tom respeitoso:
            - Agradeço a vossa majestade por ter nos recebido em seu maravilhoso palácio, mas temos que ir.
            - Espere! – disse a princesa. – Eu quero o unicórnio para mim.
            - Sinto muito, vossa alteza, mas o unicórnio me escolheu como sua companheira leal. Ele não ficará em nenhum lugar sem mim.
            - Então, você pode morar com a gente, não é papai?
            - É sim minha querida. – disse o rei, que amava tanto a sua filha, que nunca recusava dela um pedido.
            - Sinto-lhes dizer que eu e o unicórnio prometemos um ao outro que... Iríamos percorrer o mundo e tentar curar aqueles que precisam. – respondeu Gardênia, já ficando nervosa. – E os senhores entendem como é fazer uma promessa para um ser tão puro. Não é bom quebrá-la.
            - Ah. Mas antes de ir embora, podemos ver seus poderes?
            - Creio que isso a senhorita não poderia recusar, pois eu também estou curioso para ver os poderes de um unicórnio. Serei o primeiro rei a vê-los pessoalmente.
            As pessoas da corte começaram a cochichar entre si, fazendo bastante barulho. O rei bateu as palmas. Um servo foi para perto dele e o rei falou algo em seu ouvido que por causa dos vários sons do salão, Gardênia não teve nem a chance de tentar ouvir o que ele estava falando. Gardênia estava com um mau pressentimento. O servo voltou com uma pequena estátua, partida em dois e colocou perto do unicórnio:
            - Por favor, magnífica criatura, reconstitua a forma original que esta estátua já foi. – disse o rei.
            É dito nos antigos livros que os unicórnios eram capazes de consertar ou tornar algo como era antes. O rei vai mandar a égua fazer tudo o que está escrito no livro. Droga! A égua cheirou a estátua, quase que encostando o falso chifre. A moça teve uma ideia. Como Gardênia estava montada nela, aproveitou esta oportunidade para usar as plantas que estavam prendendo o espinho na cabeça do equino para ficar mais comprida, só que em um tamanho minúsculo que ninguém pudesse ver e sem ninguém ver os movimentos que fazia com sua mão enquanto acariciava o pescoço do animal. A planta passou pelo espinho até a estátua e penetrou, com força, por dentro da estátua, fazendo como se fosse uma costura, juntando as duas metades em uma só.
            Ao ver a estátua novinha em folha, a princesa aplaudiu alegre, como se tivesse visto um esplêndido show. O rei e a corte também aplaudiram alegres. O servo com cuidado, retirou a estátua:
            - Muito bom! – disse o rei alegre. – Muito bom mesmo! Agora a próxima habilidade.
            O rei bateu palmas e o servo veio até ele. Novamente cochichou algo que Gardênia não pôde ouvir e o homem se retirou. Algum tempo depois, ele voltou trazendo um cachorro magro, parecendo que mal conseguia ficar de pé sem ajuda. O servo o colocou perto do unicórnio:
            - Este é Tiberius, meu cão de caça favorito. Por algum motivo, ele não come há dias. Chamei vários veterinários, mas nenhum conseguiu curá-lo. Espero que este ser magnífico possa fazer este favor para um dono bastante preocupado.
            Gardênia sabia o mal que ele tinha. E sabia sua origem. O rei era bastante corajoso e ia caçar em lugares em que ninguém ousava pôr os pés, e um deles era o Pântano Lacrimoso, onde havia muitas larvas de parasitas na água. Ela sabia disso pois ela e a mãe já viajaram para aquele local em busca de ervas. O cachorro deve ter ingerido esta água quando estava com sede. O parasita deve ter crescido e está sugando os nutrientes do seu corpo. Ela então soube o que fazer. Aproveitando que a égua abaixou sua cabeça novamente, ela usou o seu poder. Do mesmo jeito que na primeira vez, acariciou o pescoço da égua e a planta minúscula ficou mais comprida, passando do espinho para a boca do cachorro, que estava com a língua para fora. Passou pela garganta até achar algo que se movia no estômago de Tiberius. A planta se enrolou no verme e o matou. Depois, fez a planta crescer lá dentro, enchendo a barriga do animal. Ele levantou e correu para o rei, latindo e abanando a cauda de alegria.
            Todos bateram palmas. O rei muito feliz abraçou o seu cachorro. A princesa também, até finalmente dizer:
            - Não sabe o quanto eu sou grato por isso. Agora, vamos ao meu último pedido.
            Gardênia estava nervosa, mas um pouco aliviada de ser a última coisa que teria que fazer para sair dali. Ao invés de bater palmas para chamar o servo, o rei assobiou. Para o seu lado, veio um cavaleiro da guarda real. Ele cochichou em seu ouvido. O homem então tirou sua espada e foi chegando perto do unicórnio devagar:
            - O que o senhor vai fazer?!
            - Como último pedido, quero o chifre mágico do unicórnio. Li que ele funciona mesmo após ser removido.
            - Vossa majestade não poderia fazer isso com uma criatura tão pura.
            - Não se preocupe. Vai crescer de novo.
            Com medo de sua farsa ser descoberta, Gardênia puxou de leve a crina da égua para ela virar, mas outros soldados estavam a encurralando. Não tinha escapatória. Antes que pudesse usar sua magia de fazer crescer vegetais, o soldado da frente fez um movimento rápido com a espada e cortou o falso chifre. Por sorte, a égua estava assustada, mas não foi ferida. O guarda pegou e olhou o espinho com atenção. Até que gritou:
            - Vossa majestade foi enganada! Isso não passa de um espinho gigante.
             A corte começou a cochichar, chocada. O rei e sua filha se levantaram e chegaram perto do guarda segurando o espinho. O rei o pegou e sentiu sua textura e via pequenas plantas que estavam embaixo dele:
            - Enganadora de araque. Prendam essa bruxa!
            - Enganadora ou não, eu consertei sua estátua e curei o seu cachorro. O mínimo que o senhor podia fazer é me deixar ir embora! – disse Gardênia, já exausta com a situação.
            Enquanto os guardas tiravam Gardênia de cima da égua, a princesinha não estava entendo direito o que estava acontecendo. Ela decidiu acariciar a égua na cabeça. Sentiu algo e depois gritou:
            - Está tudo bem! O chifre dela está nascendo de novo!
            Os guardas pararam e o rei olhou para a cabeça do equino. Viu uma ponta branca e brilhante em sua cabeça.


quarta-feira, 12 de abril de 2017

Criaturas Estranhas opinião

            Livro de contos feitos por diversos autores selecionado por Neil Gaiman, envolve histórias de seres fantásticos, sendo que cada uma apresenta uma criatura diferente. O primeiro conto foi escrito por Gahan Wilson e tem um título diferente. O título é um desenho, que eu descreveria como as linhas que medem o batimento do seu coração com uma mancha grande no meio. Depois de ler esse conto, o título fez mais sentido para mim, pois diferente de vários contos, as imagens dentro dele dialogam com o texto escrito. Não no sentido de uma ilustração, mas como por exemplo: Eu saí para passear quando vi uma 


             A história começa na casa de um homem rico chamado Reginald Archer que viu uma mancha preta (no livro, ela é desenhada, e não descrita) em uma toalha. Por mais estúpido que pareça esse começo, ela vai ficando mais séria até o final. É curta, mas acho que vale a pena ler pelo seu estilo diferente.
            O próximo conto é As vespas cartógrafas e as abelhas anarquistas da autora E. Lily Yu. Começa em um povoado chamado Yiwei, onde se descobre que, ao jogar água nos ninhos das vespas, são revelados mapas de outras províncias. A descoberta vira uma febre levando quase ao extermínio das vespas. As restantes fogem e encontram um bom lugar perto de ma colméia. É um conto com cunho político, mas também com algo biológico, pois o antagonismo entre vespas e abelhas é existente na natureza, o que casa bem com o texto. A escritora com certeza deve ter estudado isso, o que deixou o texto bem interessante.
            O terceiro conto se chama O grifo e o Cônego Menor do autor Frank R. Stockton. Das palavras do próprio livro, “Um grifo solitário visita uma vila e decide viver confortavelmente ao lado do Cônego Menor, que foi designado para impedi-lo de comer os moradores do vilarejo. Ele insiste que só sentirá fome durante o equinócio, mas, quando o momento se aproxima, os moradores ficam preocupados e decidem resolver o assunto com as próprias mãos.” Conto que lembra mais o formato de um conto de fada do que os dois anteriores.
            O seguinte é chamado Ozioma, a maligna da escritora Nnedi Okorafor. A história se trata de uma garota de doze anos chamada Ozioma, que podia falar com cobras (isso me lembrou um pouco Harry Potter) e que por isso o povo se afastava dela, apesar de já ter salvo a vida do tio com esse dom. Ficou assim até a chamarem para resolver um problema. Achei que o clímax podia ser melhor e a história podia ser um pouco mais longa, mas em si a história está boa.
            Como não podia faltar, o autor que selecionou os contos, Neil Gaiman, escreveu Pássaro do sol. Um clube de gente rica, que gostava de se reunir para provar animais exóticos, desde besouros até os extintos mamutes, decide por sugestão de um, provar o pássaro de sol. O começo é interessante, pois nunca vi alguém procurar um animal supostamente não existente apenas para provar o seu sabor, terminando com um final meio macabro. Na introdução do texto, é dito que Neil Gaiman escreveu esse conto de presente de aniversário para a filha. Se esse é o tipo de conto que ela curte, então ela tem um gosto bem diferente, pelo menos do meu.
            O sexto conto se chama O sábio de Theare, escrito por Diane Wynne Jones, que também escreveu o livro O castelo animado, que virou um filme de animação japonesa lançado em 2005 no Brasil. Em um lugar chamado Theare, os deuses vivem em perfeita organização e harmonia, até que o deus da profecia, Imperion, profetiza o nascimento de um sábio que causará a dissolução do lugar. Querendo evitar tal acontecimento, os deuses procuram a criança e a deixam em um outro mundo com deuses não tão organizados. Eu estudei mitologia grega, e posso dizer que todas as histórias que envolviam profecias se concretizavam de alguma maneira. Mas nenhuma delas envolvia o fim da era dos deuses, sendo que a maioria delas (com exceção da que envolvia Cronos) só causava mal aos mortais. É uma pena que os deuses da história não são gregos, porque eu me divertiria muito se isso tivesse acontecido com eles. Creio que uma das interpretações do conto seja se a gente deve acreditar ou não em nossas religiões. Teve partes que eu fiquei confusa, porém nada que não deixasse de me entreter.
            O sétimo conto foi escrito por SAKI, pseudônimo de H. H. Munro, que tem como título Gabriel Ernest. Um amigo de Van Cheele, Cunningham, havia falado algo de ter uma fera selvagem na floresta, mas não deu mais detalhes. Em uma de suas caminhadas no bosque de sua propriedade, Van Cheele encontra um rapaz nu de aspecto selvagem. Curto e previsível é tudo o que eu tenho a dizer sobre esse conto.
            O oitavo conto se chama O cacatuano; Ou, A tia-avó Willoughby, escrito pela escritora E. Nesbit. Uma menina chamada Matilda ia com sua babá para a casa da sua tia-avó. Porém tomou a carruagem errada e foi parar em um reino em que a risada de um cacatuano fazia algo mudar de forma. É uma história típica de um conto de fada, mas nem por isso deixa de ser legal. Se ler o texto com atenção, pode notar que o narrador fala com você.
            A nona história é escrita por Maria Dahvana Headley de título O mal também se levanta. “Há uma Fera na minifloresta e todos sabem disso, especialmente Angela, cujo o pai é caçador. Ela não quer saber de nada que envolva a Fera, até que um colecionador chega à cidade e tenta usá-la como isca.” O começo é um tanto bizarro, mas o final se revela algo dark.
            O conto número dez é escrito pelo autor Larry Niven com o título O voo do cavalo. “Ao viajar mil anos de volta no tempo para procurar um cavalo extinto, Svetz se sente perdido. Ele nunca viu um cavalo antes. Esse parece quase ideal.” No começo, você se pergunta: o que um conto de ficção ciêntifica faz em uma coletania de histórias de criaturas estranhas? No final você descobre o porquê.
            A próxima história se chama Prismática do autor Samuel R. Delany. “Um homem magro e muit grisalho entra em uma taverna com um imenso baú que contém seu “mais próximo e querido amigo”. O homem oferece pagar pelo astuto Amos se este auxiliá-lo a encontrar a cura de que seu amigo necessita Amos parte em busca de três fragmentos de um espelho mágico”. Esta história é dividida em sete partes, então não pode ser considerado um conto e sim uma novela, que é uma versão menor de um romance. Como grande parte dos contos de fadas, este aqui tem um protagonista que resolve tudo pela esperteza e certas frases repetitas, mas mesmo assim é bem interessante de se ler.
            O conto de número doze se chama A manticora, a sereia e eu e é escrita pela autora Megan Kurashige. “Há uma estranha coleção no Museu de História Natural, uma mostra de taxidermia ludibriosa, composta de fraudes criadas para que pessoas acreditem que são monstros. Mas será que são mesmo fraudes?” Uma história bem estranha. É tudo o que tenho a dizer.
            O próximo conto é do autor Anthony Boucher e tem o título de O lobisomem Cabal. “O prof. Lobato Lobo, sem sorte no amor, afoga as mágoas em um bar quando é informado por um mago que seu destino não é ser professor, e sim lobisomem.” É bem longo, podendo se dividir em capítulos. Possui algumas partes meio bobas, mas me deixou curiosa para saber ofinal. Contém também uma boa mistura de romance policial e a figura fantástica do lobisomem.
            A história de número catorze é escrita por Nalo Hopkinso de título O sorriso no rosto. “Gilla engoliu um caroço de cereja, e agora sua boca está cheia de palavras estranhas que ela não costumava falar.” Me senti aflita com esse conto por causa de duas coisas: primeira, não sou fã de dramas adolescentes; segunda, não suporto aquelas festinhas que envolvem pegação. O conto parecia que ia ser realista, com exceção do fato da garota ouvir a árvore até que no final acontece algo fora do normal. Lembrei da Thalita Rebouças: texto para um público adolescente mas que não faz o meu estilo.
            A próxima história tem o título Ou todos os mares com ostras e é escrita por Avram Davidson. Dois vendedores que trabalham em uma loja de bicicletas, encontram uma bicicleta que estava totalmente quebrada completamente consertada. Um conto estranho. Eu diria que ele pode ser interpretado como fantástico.
            O último conto é escrito por Peter S. Beagle, que também escreveu o livro The Last Unicorn (O último unicórnio), o qual pretendo ler um dia junto com O castelo animado. O nome do conto é Venha, dona Morte. “Por muitos anos, Lady Neville deu as festas mais finas para entreter as pessoas mais finas e está de saco cheio de tudo. Mas há uma pessoa que ela nunca encontrou...” Fechou o livro com chave de ouro. Por algum motivo, sempre gostei de histórias que personificavam a morte, e essa não é diferente. Lady Neville teve um final que merecia por ser tão ruim, mas não do jeito que eu esperava, o que me deixou surpresa no final. Também me alegra o fato de finalmente um americano “acertar” o gênero da morte. Apesar da figura do grim reaper (morte personificada) ser normalmente representada como homem, sempre a considerei mulher. Acho que é devido às histórias em quadrinhos do Penadinho, em que aparece a morte como uma mulher de aparência fantasmagórica. Notei também que nós aos referimos os substantivos por gêneros, mesmo que eles não o possuam, por exemplo o pensamento e a própria morte.
             É difícil definir qual desses contos foi o meu favorito. Os que eu menos gostei foi o Gabriel Ernest e O sorriso no rosto. Quanto a faixa etária, creio que a maioria seja para jovens e adultos, com excessão do O cacatuano; Ou, A tia-avó Willoughby , o Prismática e talvez O grifo e o Cônego Menor, que podem ser lidos por crianças de dez à doze anos e O sorriso no rosto que como me referi anteriormente, é para um público mais adolescente. Se você é uma pessoa que gosta muito de histórias que envolvam seres místicos, recomendo este livro. 

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Brincação

                      Brincadeira de menina
                                                         Brincadeira de menino
                                                         Roda–roda, pega–pega
                                                         Tanto roda que até pega.