Livro de contos feitos
por diversos autores selecionado por Neil Gaiman, envolve histórias de seres
fantásticos, sendo que cada uma apresenta uma criatura diferente. O primeiro
conto foi escrito por Gahan Wilson e tem um título diferente. O título é um
desenho, que eu descreveria como as linhas que medem o batimento do seu coração
com uma mancha grande no meio. Depois de ler esse conto, o título fez mais
sentido para mim, pois diferente de vários contos, as imagens dentro dele
dialogam com o texto escrito. Não no sentido de uma ilustração, mas como por
exemplo: Eu saí para passear quando vi uma
A história começa na casa de um homem rico chamado Reginald Archer
que viu uma mancha preta (no livro, ela é desenhada, e não descrita) em uma
toalha. Por mais estúpido que pareça esse começo, ela vai ficando mais séria
até o final. É curta, mas acho que vale a pena ler pelo seu estilo diferente.
O próximo
conto é As vespas cartógrafas e as
abelhas anarquistas da autora E. Lily Yu. Começa em um povoado chamado
Yiwei, onde se descobre que, ao jogar água nos ninhos das vespas, são revelados
mapas de outras províncias. A descoberta vira uma febre levando quase ao
extermínio das vespas. As restantes fogem e encontram um bom lugar perto de ma
colméia. É um conto com cunho político, mas também com algo biológico, pois o
antagonismo entre vespas e abelhas é existente na natureza, o que casa bem com
o texto. A escritora com certeza deve ter estudado isso, o que deixou o texto
bem interessante.
O terceiro
conto se chama O grifo e o Cônego Menor
do autor Frank R. Stockton. Das palavras do próprio livro, “Um grifo solitário
visita uma vila e decide viver confortavelmente ao lado do Cônego Menor, que
foi designado para impedi-lo de comer os moradores do vilarejo. Ele insiste que
só sentirá fome durante o equinócio, mas, quando o momento se aproxima, os
moradores ficam preocupados e decidem resolver o assunto com as próprias mãos.”
Conto que lembra mais o formato de um conto de fada do que os dois anteriores.
O seguinte é
chamado Ozioma, a maligna da
escritora Nnedi Okorafor. A história se trata de uma garota de doze anos chamada
Ozioma, que podia falar com cobras (isso me lembrou um pouco Harry Potter) e
que por isso o povo se afastava dela, apesar de já ter salvo a vida do tio com
esse dom. Ficou assim até a chamarem para resolver um problema. Achei que o clímax
podia ser melhor e a história podia ser um pouco mais longa, mas em si a história
está boa.
Como não
podia faltar, o autor que selecionou os contos, Neil Gaiman, escreveu Pássaro do sol. Um clube de gente rica,
que gostava de se reunir para provar animais exóticos, desde besouros até os
extintos mamutes, decide por sugestão de um, provar o pássaro de sol. O começo
é interessante, pois nunca vi alguém procurar um animal supostamente não
existente apenas para provar o seu sabor, terminando com um final meio macabro.
Na introdução do texto, é dito que Neil Gaiman escreveu esse conto de presente
de aniversário para a filha. Se esse é o tipo de conto que ela curte, então ela
tem um gosto bem diferente, pelo menos do meu.
O sexto
conto se chama O sábio de Theare,
escrito por Diane Wynne Jones, que também escreveu o livro O castelo animado, que virou um filme de animação japonesa lançado
em 2005 no Brasil. Em um lugar chamado Theare, os deuses vivem em perfeita
organização e harmonia, até que o deus da profecia, Imperion, profetiza o
nascimento de um sábio que causará a dissolução do lugar. Querendo evitar tal
acontecimento, os deuses procuram a criança e a deixam em um outro mundo com
deuses não tão organizados. Eu estudei mitologia grega, e posso dizer que todas
as histórias que envolviam profecias se concretizavam de alguma maneira. Mas
nenhuma delas envolvia o fim da era dos deuses, sendo que a maioria delas (com
exceção da que envolvia Cronos) só causava mal aos mortais. É uma pena que os
deuses da história não são gregos, porque eu me divertiria muito se isso tivesse
acontecido com eles. Creio que uma das interpretações do conto seja se a gente
deve acreditar ou não em nossas religiões. Teve partes que eu fiquei confusa,
porém nada que não deixasse de me entreter.
O sétimo
conto foi escrito por SAKI, pseudônimo de H. H. Munro, que tem como título Gabriel Ernest. Um amigo de Van Cheele,
Cunningham, havia falado algo de ter uma fera selvagem na floresta, mas não deu
mais detalhes. Em uma de suas caminhadas no bosque de sua propriedade, Van
Cheele encontra um rapaz nu de aspecto selvagem. Curto e previsível é tudo o
que eu tenho a dizer sobre esse conto.
O oitavo
conto se chama O cacatuano; Ou, A tia-avó
Willoughby, escrito pela escritora E. Nesbit. Uma menina chamada Matilda ia
com sua babá para a casa da sua tia-avó. Porém tomou a carruagem errada e foi
parar em um reino em que a risada de um cacatuano fazia algo mudar de forma. É
uma história típica de um conto de fada, mas nem por isso deixa de ser legal.
Se ler o texto com atenção, pode notar que o narrador fala com você.
A nona
história é escrita por Maria Dahvana Headley de título O mal também se levanta. “Há uma Fera na minifloresta e todos sabem
disso, especialmente Angela, cujo o pai é caçador. Ela não quer saber de nada
que envolva a Fera, até que um colecionador chega à cidade e tenta usá-la como
isca.” O começo é um tanto bizarro, mas o final se revela algo dark.
O conto
número dez é escrito pelo autor Larry Niven com o título O voo do cavalo. “Ao viajar mil anos de volta no tempo para
procurar um cavalo extinto, Svetz se sente perdido. Ele nunca viu um cavalo
antes. Esse parece quase ideal.” No começo, você se pergunta: o que um conto de
ficção ciêntifica faz em uma coletania de histórias de criaturas estranhas? No
final você descobre o porquê.
A próxima
história se chama Prismática do autor
Samuel R. Delany. “Um homem magro e muit grisalho entra em uma taverna com um
imenso baú que contém seu “mais próximo e querido amigo”. O homem oferece pagar
pelo astuto Amos se este auxiliá-lo a encontrar a cura de que seu amigo
necessita Amos parte em busca de três fragmentos de um espelho mágico”. Esta
história é dividida em sete partes, então não pode ser considerado um conto e
sim uma novela, que é uma versão menor de um romance. Como grande parte dos
contos de fadas, este aqui tem um protagonista que resolve tudo pela esperteza
e certas frases repetitas, mas mesmo assim é bem interessante de se ler.
O conto de
número doze se chama A manticora, a
sereia e eu e é escrita pela autora Megan Kurashige. “Há uma estranha
coleção no Museu de História Natural, uma mostra de taxidermia ludibriosa,
composta de fraudes criadas para que pessoas acreditem que são monstros. Mas
será que são mesmo fraudes?” Uma história bem estranha. É tudo o que tenho a
dizer.
O próximo
conto é do autor Anthony Boucher e tem o título de O lobisomem Cabal. “O prof. Lobato Lobo, sem sorte no amor, afoga
as mágoas em um bar quando é informado por um mago que seu destino não é ser
professor, e sim lobisomem.” É bem longo, podendo se dividir em capítulos. Possui
algumas partes meio bobas, mas me deixou curiosa para saber ofinal. Contém
também uma boa mistura de romance policial e a figura fantástica do lobisomem.
A história
de número catorze é escrita por Nalo Hopkinso de título O sorriso no rosto. “Gilla engoliu um caroço de cereja, e agora sua
boca está cheia de palavras estranhas que ela não costumava falar.” Me senti aflita
com esse conto por causa de duas coisas: primeira, não sou fã de dramas adolescentes;
segunda, não suporto aquelas festinhas que envolvem pegação. O conto parecia
que ia ser realista, com exceção do fato da garota ouvir a árvore até que no
final acontece algo fora do normal. Lembrei da Thalita Rebouças: texto para um
público adolescente mas que não faz o meu estilo.
A próxima
história tem o título Ou todos os mares
com ostras e é escrita por Avram Davidson. Dois vendedores que trabalham em
uma loja de bicicletas, encontram uma bicicleta que estava totalmente quebrada
completamente consertada. Um conto estranho. Eu diria que ele pode ser interpretado
como fantástico.
O último
conto é escrito por Peter S. Beagle, que também escreveu o livro The Last Unicorn (O último unicórnio), o
qual pretendo ler um dia junto com O
castelo animado. O nome do conto é Venha,
dona Morte. “Por muitos anos, Lady Neville deu as festas mais finas para
entreter as pessoas mais finas e está de saco cheio de tudo. Mas há uma pessoa
que ela nunca encontrou...” Fechou o livro com chave de ouro. Por algum motivo,
sempre gostei de histórias que personificavam a morte, e essa não é diferente.
Lady Neville teve um final que merecia por ser tão ruim, mas não do jeito que
eu esperava, o que me deixou surpresa no final. Também me alegra o fato de
finalmente um americano “acertar” o gênero da morte. Apesar da figura do grim
reaper (morte personificada) ser normalmente representada como homem, sempre a
considerei mulher. Acho que é devido às histórias em quadrinhos do Penadinho,
em que aparece a morte como uma mulher de aparência fantasmagórica. Notei
também que nós aos referimos os substantivos por gêneros, mesmo que eles não o
possuam, por exemplo o pensamento e a própria morte.
É difícil definir qual desses contos foi o meu
favorito. Os que eu menos gostei foi o Gabriel
Ernest e O sorriso no rosto.
Quanto a faixa etária, creio que a maioria seja para jovens e adultos, com
excessão do O cacatuano; Ou, A tia-avó
Willoughby , o Prismática e
talvez O grifo e o Cônego Menor, que
podem ser lidos por crianças de dez à doze anos e O sorriso no rosto que como me referi anteriormente, é para um
público mais adolescente. Se você é uma pessoa que gosta muito de histórias que
envolvam seres místicos, recomendo este livro.
Me deixou curiosa.
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