Como havia dito em uma
postagem anterior, esta é a resenha do livro O Gigante Enterrado, livro mais recente do atual ganhador do Prêmio
Nobel de Literatura, Kazuo Ishiguro.
Axl e Beatrice são
um casal de idosos que vive em uma cidade com tocas subterrâneas. Por algum
motivo, eles e os aldeões não se recordam bem do passado e quando se fala um
assunto e alguém fala de outra coisa, eles começam a falar dessa coisa,
esquecendo praticamente o primeiro assunto, como se tivessem déficit de atenção.
Suspeitam que seja a névoa que fica nas cercanias da aldeia. Tendo a vaga
lembrança de seu filho, que saiu da aldeia anos atrás, o casal decide embarcar
em uma viagem e procurá-lo.
Interessante ver um casal de idosos como protagonista de
uma fantasia medieval, o que é raro, pois normalmente são de adolescentes ou
adultos que ocupam esse papel enquanto o idoso é, na maioria das vezes, o
mentor do herói. Mas o casal também divide o ponto de vista narrativo com
Edwin, um garoto saxão e Sir Gawain, antigo cavaleiro e sobrinho do rei Arthur,
que também é idoso, que ao contrário dos outros, é narrado em primeira pessoa.
Dentre o marido e a mulher, Axl é o que tem mais foco. O último capítulo é
narrado em primeira pessoa por alguém que não havia aparecido no livro antes.
A discussão principal desse livro é sobre a memória. Com
essa névoa que faz as pessoas se esquecerem, há uma conversa entre Beatrice e
Axl, durante sua jornada, se se vale mesmo a pena tentar acabar com ela, pois além
de apagar as lembranças boas, ela também apaga as lembranças ruins. E, além
disso, é demonstrado que por causa dela, a briga entre os bretões e os saxões
foi deixada de lado, pois nenhum dos lados se lembrava direito dela.
Entretanto, ao mesmo tempo, ela fazia as pessoas se esquecerem de coisas
consideradas importantes, como o filho desse casal e onde ele estava, assim
como outros pais esquecendo de seus filhos e até mesmo de sua existência.
Então, estas são as questões: Vale a pena esquecer suas lembranças boas para
apagar as ruins? Vale a pena esquecer tanto lembranças boas como ruins em prol
de um bem maior? O Deus católico diz que melhor que perdoar é esquecer o que o
outro fez de mal a você, mas um esquecimento forçado é realmente bom?
Para um romance de fantasia medieval, achei meio lento.
Teve um pouco de ação e a jornada de cada um dos personagens pode ser
considerada uma aventura, porém o tom de melancolia e mistério foram o que mais
chamaram a atenção nessa história. Não tenho mais nada a dizer a não ser que
ele é mais do que uma aventura medieval, pois fará você refletir. Se for o tipo
de leitura que você goste, não perca tempo e comece a ler. Não se esqueça!
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