Where
the moutain meets the moon (Onde a montanha encontra a lua) foi escrito e
ilustrado por Grace Lin. Seus desenhos, como podem ver pela capa, aparentam
muito as ilustrações orientais antigas. A autora é americana, filha de
imigrantes taiwaneses e visitou locais como Hong Kong, China e o próprio país
de origem de seus pais, baseando nesses lugares as paisagens fictícias de seu
romance. Esse livro ganhou o prêmio Newberry Honor Book em 2010, que assim como
Ecos*, foi concorrente até o final,
mas não ganhou. Além da história, esse livro contém detalhes de como Grace Lin
baseou elementos reais de suas viagens no seu livro, um guia para leitores e os
dois primeiros capítulos do terceiro livro. Essa parte é bem esquisita, pois
esse é o primeiro livro da trilogia. Então, não deveria ter os capítulos do
segundo livro? Notei que os livros em inglês vêm sempre com algo a mais, que
normalmente não tem em português, como no livro de Howl’s moving castle, que
tinha uma entrevista da autora sobre o livro no final. Achei curioso. E sim,
esse livro só tem em inglês, infelizmente. Mas graças a essas leituras, acho
que estou cada vez melhor nessa língua. Seria legal poder traduzir esse livro
para alguma editora...
Minli mora no Vale
da Montanha Sem Fruto, onde pouca coisa cresce devido às condições da terra e
as pessoas viviam na pobreza. Mesmo assim, ela procura algo que possa tirá-los
dessas condições, sendo o único que pode responder como, ser o Velho Homem da
Lua, que sabe de todos os acontecimentos do mundo. Então, Minli sai em busca
dele.
Começando
a análise pelo lado gramatical, achei que no começo havia muito o uso de and
(usado para acrescentar algo. Ex. João e Maria) quando poderia usar a
vírgula. Mas depois não houve tanto. Talvez a autora tenha feito isso para
deixar a linguagem do livro mais infantil. Outra coisa interessante foi o duplo
sentido da palavra linha. Em sua jornada, Minli e seu companheiro Dragão foram
procurar pela “linha emprestada”, que era um dos passos para encontrar o Velho
Homem da Lua, e estava sendo guardada por um guardião da Cidade da Brilhante
Luz da Lua. Minli achou que fosse o rei, que revelou ter uma das páginas do
Livro da Fortuna, e mudava a frase (linha) conforme o dia e só podia ser lida
na luz da lua. O Dragão, que teve que esperar fora da cidade, encontrou os leões
de pedra, que tomavam conta da cidade e possuíam o Fio vermelho, que também foi
emprestado para eles pelo Homem da Lua. Belo jogo com as palavras que muda o
rumo da história.
Como
falei anteriormente, houve muitos elementos da mitologia oriental/chinesa, como
por exemplo o fio vermelho do destino. No mito, ele é usado para prender
futuros casais, mas no livro, o Velho Homem da Lua amarra nas pessoas que estão
destinadas a se encontrar, não necessariamente casais. Outro elemento, que está
em várias mitologias, são os animais mágicos tão grandes que podem se tornar
rios. A aparição de um coelho na lua que guia Minli até o Velho Homem da Lua
não parece ser só uma referência ao coelho da lua da mitologia asiática, mas
também me lembrou o coelho branco que Alice segue até o País das Maravilhas.
Os
capítulos do livro são dados pelos pontos de vista de Minli e de seus pais, com
a exceção de um que foi focado no Dragão e outro que foi focado no vendedor de
peixinhos dourados. Essa divisão possibilitou ver a mudança que os pais tiveram
na ausência de sua filha e o quanto eles desenvolveram como personagens,
principalmente a mãe, algo estranho porque isso ocorre normalmente com a pessoa
que está em uma jornada. Não que Minli não tenha aprendido nada com a viagem,
mas senti que a mudança de atitude ocorreu mais na mãe do que na protagonista.
Lembrando
um pouco as Mil e uma noites, o pai
de Minli e outros personagens que a menina encontra em sua jornada contam
outras histórias que se relacionam com a trama principal. Muitas delas envolvem
o Magistrado Tigre, um homem avarento que faz de tudo para ter posses.
Uma
reclamação que tenho que fazer do livro é da tinta da capa do livro que está
saindo onde há a costura de páginas. Deve ser por causa do meu marcador de
crochê que é muito grosso. Mas, mesmo assim, podia ser mais resistente.
O
romance é obviamente para um público infantil, de uns oito para dez anos.
Apesar disso, por ter elementos de fantasia que gosto, me encantei por esse
livro. Como diriam muitos, é bonitinho. Quanto aos dois capítulos do terceiro
livro, um dos personagens, se não é o mesmo, tem o mesmo nome de um secundário
que Minli encontra na jornada, além da menção do Velho Homem da Lua. Mas Minli
não será a protagonista e, aparentemente, pode-se ler os livros fora de ordem
que não atrapalhará na história. Infelizmente, esse livro só tem em inglês,
dificultando a chance de vários brasileiros lerem. Porém, para quem souber a
língua, pode dar uma olhada. Quem sabe vocês não estão amarrados pelo fio
vermelho do destino...
*Veja
a minha resenha de Ecos para mais detalhes:
https://ponteparaoimaginario.blogspot.com.br/2018/05/a-magia-da-musica.html
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