Ecos
foi escrito por Pam Muñoz Ryan e foi vencedor do prêmio Newberry Honor Book de
2016, proposto pelos Estados Unidos aos livros infanto-juvenis dos finalistas
da Newberry Book. Resumindo, é como se esse livro fosse o finalista do
equivalente ao Oscar dos livros infanto-juvenis americanos, ele chamou a
atenção, mas não ganhou e deram a ele o prêmio de consolação.
Otto
brincava de pique-esconde com os amigos e decidiu que seu esconderijo seria a
floresta, o qual era proibida. Na espera, decidiu ler um livro que havia
comprado de uma cigana, contando a história de três irmãs. Só que quando faz
isso, se esquece do tempo e fica perde. Então,
as três irmãs do livro o encontram e oferecem ajuda em troca de algo: passar
adiante a gaita, onde elas estavam aprisionadas, para que elas possam salvar a
vida de alguém e se libertarem.
Apesar do livro começar como o resumo acima, existem mais
três histórias com outros três personagens em foco, cada uma com vários
capítulos. Uma é história de Friedrich, um garoto alemão de oito anos que teve
a má sorte de nascer com uma marca peculiar em seu rosto na época da Alemanha
Nazista. Além disso, ele gosta de tocar gaita, um instrumento que foi proibido
por não ser alemão. O segundo personagem é Mike, um garoto americano de quase
doze anos que vive com o irmão mais novo em um orfanato horrível depois da
morte de sua avó. Ele terá que pensar em um jeito de não ser separado do irmão
na adoção ao mesmo tempo que tem que pensar no que é melhor para ele. A
terceira personagem é Ivy de nove a dez anos, que tem uma família que vive
mudando de cidade em busca de empregos e melhores condições de vida. O máximo
que ela conseguiu morar em uma cidade foi um ano e nesse ano conseguiu fazer
amizade e uma vaga com a turma para tocar gaita para um rádio. Ela terá que
deixar tudo isso para trás. Além disso, ao contrário das famílias dos outros
personagens que incentivavam a música, os pais de Ivy veem isso como uma
futilidade.
Além de serem divididas através de datas e locais, cada
parte do romance é também dividido pelas letras de música Acalanto de Brahms (Friedrich); América,
a Bela (Mike); Valsa da Despedida (Ivy)
e Numa Noite Encantada (Todos). Elas,
é claro, são mencionadas pelos personagens que as tocam, com exceção da Valsa de Despedida, que não vi sua
aparição nessa parte do livro e acho que só apareceu por relacionar-se com o
tema. Foi um belo toque, dando algo a mais para o livro, já que não podemos ouvir
as músicas, pelo menos saberemos suas melodias. Mas quem for mais curioso, pode
simplesmente procurar na internet e ouvir.
Como é de se esperar, cada história se conecta com algo,
e esse algo é a gaita das três irmãs, que passam pela mão de cada um. Os finais
de cada história não terminam na parte em que lhes é dividida, só finalizando
todos na Numa Noite Encantada. E como
era de se esperar, há o encontro dos três personagens. Porém, esperava mais e
que eles tivessem mais conversa entre eles e não houve.
Ao todo são cinco histórias: a das irmãs, a de Otto e dos
outros. É como se na verdade o conto de fadas das irmãs englobasse todas as
outras, que são mais realistas. Apesar disso, teve poucos momentos em que magia
e realidade se encontravam. Os momentos que os personagens sentiam o lirismo
impossivelmente belo da gaita não conta. Esperava que as irmãs aparecessem como
guias mágicas dos protagonistas, conversassem com eles e houve muito pouco
disso. Na verdade, só houve isso no começo e no final do livro.
No geral, o romance foi muito água com açúcar. Até mesmo
quando esperava uma notícia ruim de duas das partes, ele me traz algo feliz até
demais. Mas não sei do que eu estou reclamando, pois quando um romance me dá um
final triste fico insatisfeita e quando me dão um final completamente feliz,
também fico insatisfeita. Realmente não sei o que quero. Deve ser porque apesar
de grande parte do livro estar acontecendo na Segunda Guerra Mundial, que devo
dizer que a autora deu uma boa pesquisada para ser o mais coerente possível,
ainda é um livro para um público infantil, de uns oito a dez anos. Quando o
livro acaba uma parte e passa para a outra sem concluir a história é um bom
exercício de paciência para as crianças, além de ser também um bom exercício de
memória, pois só haverá uma conclusão bem no final. Outro público que é bem
capaz de gostar são os apaixonados pelas músicas clássicas e instrumentos
musicais, pois há muita referência dele no livro. Porém, se você não é nenhuma
dessas audiências e quiser dar uma checada, significa que as três irmãs o (a)
chamaram para ouvir sua história. Então, siga o seu chamado e ouça o que há para
ser contado.
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