sexta-feira, 30 de abril de 2021

A velha aprendiz de feiticeira



         Volto novamente com um livro do Kindle. A feiticeira de São Judas Tadeu dos Milagres foi escrito por Isa Prospero e lançado na Amazon em 2019. Nunca li nenhuma outra obra desta autora, mas descobri que ela traduziu o romance de Madeline Miller, Circe, cuja resenha já foi feita neste blog.

            Dona Simone recebe uma encomenda atrasada vinda de sua tia Heloísa, que morreu há sessenta e cinco anos atrás. Na caixa de madeira, havia uma bússola, uma adaga, um livro e uma carta, que revelava que Simone é descendente de bruxas.

            Ter grandes expectativas pode acabar em decepção. Infelizmente, foi o que aconteceu nesse caso. Pelo resumo, pensei que esta história seria uma comédia, pois imagina: ao invés de ser uma criança ou adolescente que descobre sua herança mágica, como acontece na maioria dos livros, é uma senhora de oitenta e três anos criada no interior, onde o povo é mais religioso e supersticioso com relação à bruxaria. Imagina ela sendo forçada a ir para uma aventura ou se metendo em situações sobrenaturais, como a aparição de um ser mágico em sua casa? Esta premissa tinha tudo para ser cômica ou uma paródia desse tipo de literatura. Mas com exceção de algumas cenas no começo, não foi muito engraçada.

            Deixando minhas expectativas de lado e analisando a história pelo que ela é, posso dizer que muitos irão considerá-la bonitinha. Sua principal lição é mostrar que ter atitudes boas com os outros é melhor do que o contrário. Quanto à nossa protagonista, dona Simone é uma senhora simpática e é tudo o que se espera de uma avó criada no interior. Os outros personagens também não são ruins, mas são poucos que tem destaque e se revelar muito sobre eles, acabarei dando spoilers da história.

            A história é curta a ponto de ser considerada um conto, por isso, sua leitura é rápida. Minha conclusão é que ela é ok, mas por ser vítima de minhas expectativas, acabou me decepcionando. Se deseja ler algo fofinho que aquece o seu coração, vai até a cidade de São Judas Tadeu dos Milagres e procure pela dona Simone. Ela com certeza o (a) receberá bem.

 


sexta-feira, 23 de abril de 2021

O falso Aslam

 


             Finalmente chegamos ao último volume das Crônicas de Nárnia. O único que não havia lido na minha infância. Minha leitura está completa. A Última Batalha foi lançado em 1956, sendo este o último livro da série.

            Lá pelas bandas do ocidente de Nárnia, um macaco chamado Manhoso e um burro chamado Confuso encontram uma pele de leão. Manhoso faz dela uma capa para Confuso e o convence a se passar por Aslam para tomar o reino.

            Devo começar dizendo que a ideia do macaco de usar a figura de Aslam para enganar a todos para se beneficiar lembra bastante de como as igrejas antigas lucravam com a enganação do povo assim como controlavam tudo através do medo que as pessoas tinham de irem para o inferno caso não lhes obedecesse. Também há uma representação dos ateus através dos anões, que não querem ser enganados por ninguém e de outros dois personagens, que apesar de não terem esta crença, usam para enganar os outros. Como este é um livro que vê o cristianismo como algo positivo e essencial, não preciso dizer que eles não terão um destino muito bom.

            Este é o segundo livro que foca mais em um personagem que vive no mundo fantástico de Nárnia ao invés das crianças que vêm do nosso. Jill e Eustáquio que aparecem na Cadeira de Prata estão aqui também e têm um bom foco, mas acredito que o principal protagonista seja Tirian, o último rei de Nárnia.

            Os calormanos, que tiveram destaque no Cavalo e seu Menino e tiveram uma pequena aparição na Viagem do Peregrino da Alvorada como compradores de escravos, estão de volta para causar uma pequena polêmica em seus leitores. Como disse em uma de minhas resenhas, o país da Calormânia teve como inspiração os países do Oriente Médio e os livros retratam de uma forma majoritariamente negativa. Aqui apenas um calormano é apresentado como bom enquanto os outros continuam seguindo os planos para dominarem Nárnia. E o deus deles que nos foi apresentado, Tash, é praticamente a contraparte ruim de Aslam, sendo uma possível representação do diabo, o que joga mais lenha na fogueira.

            Agora me focarei em partes que podem ou não estragar a sua leitura. Se quiserem saber minha opinião final, pulem para o último parágrafo. Neste livro há uma referência explicita a caverna de Platão, saída da boca de um dos personagens. O que faz sentido pois a Nárnia que conhecemos não passa de uma cópia/sombra da verdadeira Nárnia que se encontra próxima ao país de Aslam.

            Infelizmente, a informação que recebi anos atrás sobre as crianças terem morrido em acidente de trem se provou ser verdadeira. Porém, elas ficaram contentes, pois agora poderiam viver felizes com seus pais e amigos que fizeram em Nárnia. Com exceção de uma pessoa: Susana. Ela foi a única que não estava no trem, por isso, permaneceu no nosso mundo. Além disso, é dito pelos personagens que ela não é mais “amiga de Nárnia” e que só vive para festas, maquiagem, e possui um grande desejo de crescer. Havia algumas pistas no decorrer dos livros como em o Príncipe Caspian, em que ela é a última de seus irmãos a ver Aslam, que estava invisível para todos exceto Lúcia. É bem provável que ela tenha sido poupada para conseguir uma redenção antes de ir para o “Reino dos Céus” de Aslam. Ainda assim, foi meio duro com Susana, pois ela terá de lidar com a perda de toda a sua família. Infelizmente, Lewis não fez um texto focando em como ela lidou com a perda. Seria legal um romance ou uma série focada nela. Daria o nome de Susana, a Gentil, a partir do título que ela ganhou enquanto reinava Nárnia ou Susana de Nárnia.

            Não sei se posso dizer que gostei ou desgostei deste livro. Seu gosto era tanto amargo quanto doce. Mas posso dizer que valeu a pena fazer a jornada. Reli e relembrei várias coisas e tive um novo olhar com outras até chegar aqui. Como disse no primeiro parágrafo, este foi o único livro que não li quando era criança. Gostaria muito que não tivessem me dado este spoiler, pois adoraria saber que reação eu teria ao chegar ao final. No entanto, não podemos mudar o passado. Temos que seguir em frente. Agora que terminei esta coleção me pergunto: Será que devo reler Desventuras em Série ou Harry Potter? Cheguei a lê-los na infância, mas parei faltando dois ou três livros para acabar. Quem sabe eu tenha coragem para retomá-los um dia.

 


sexta-feira, 16 de abril de 2021

As aventuras de Saci parte 2


                                         Roteiro: Mariana Torres

                                         Desenho: Maya Flor

sexta-feira, 9 de abril de 2021

Primeira leitura no Kindle


 

            Sabia que esse dia ia chegar. Com a evolução tecnológica, alguma hora teria que me adaptar. Nesse ano difícil que está sendo 2021, ganhei um Kindle de aniversário, que para quem não sabe, é como se fosse um mini tablet onde você baixa livros digitais. E nele, tive minha primeira leitura. Dark London: Contagem Regressiva foi escrito por Pietra Von Bretch em 2017. Lembro que vi a autora em um evento na Game of Boards de marcadores de livros. Saudades desses eventos...

            Numa Londres secreta onde clãs de vampiros e outros seres sobrenaturais brigam por território, Brian é um vampiro que vive com sua parceira Alex, descendente de feiticeiras, que possui o poder da premonição. Como trabalha para que os clãs se mantenham em ordem e acabem com desertores, Brian teve que se despedir de Alex para ir em uma dessas missões.

            O narrador muda da primeira pessoa, Brian, para a terceira pessoa. A construção de mundo parece interessante. Me fez lembrar muito da trilogia de Corte de Espinhos e Rosas da Sarah J. Maas, inclusive na descrição da cena de sexo do casal e de chamar os seres sobrenaturais de machos e fêmeas. Admito que estes dois detalhes não são de meu gosto, apesar de gostar de grande parte da obra de Maas.

            É um conto curto que tem um final aberto, prometendo uma continuação em Dark London: A Profecia das Eras. Então, não tenho como julgar muito. Só posso dizer que a história promete ser algo, como disse antes, similar a Corte de Espinhos e Rosas.

            No entanto, o que me deixou mais curiosa foi o fragmento do primeiro capítulo do Prefácio da Morte, que conta a história de Marcus, um homem com um dom de cura sobrenatural que possui estranhas visões. Este eu espero que a autora lance logo.

            Agora falando do Kindle, achei uma boa máquina. Além de ser leve e fácil de carregar, você pode ler o livro que já estiver baixado sem precisar usar a internet. É claro que você precisa ter uma conta no site da Amazon e os livros baixados só poderão se adquiridos deste site. O lado negativo é que as cores da tela são sempre em preto em branco. Então, lembre-se disso quando for baixar um livro ilustrado.

            Apesar das vantagens do Kindle, isso significa que vou substituir todos os livros físicos por ele? Claro que não. Minha razão para ter um Kindle foi a de conseguir acesso a livros que não possuem forma impressa. Além disso, é por esta plataforma que muitos autores novos e com pouco dinheiro têm a chance de lançar as suas obras. É sempre bom ajudar novos escritores no meio desse mar de livros. E, quem sabe assim, você não encontre algo de seu gosto?

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Um novo chamado


 

            Estamos próximos do final da saga. Só falta mais um. A Cadeira de Prata é o sexto livro das Crônicas de Nárnia, ou quarto se for pela ordem de lançamento, estreado no ano de 1953.

            Após sofrer bullying, Jill se esconde e começa a chorar. Eustáquio, colega de turma, se depara com Jill e tenta animá-la, contando de sua viagem secreta para Nárnia. Ambos tentam pronunciar palavras para que Aslam os leve para este mundo até serem interrompidos pelas crianças implicantes. Eles correm até chegar à porta do muro da escola, que vivia sempre trancada. Mas ela se abre. E a paisagem não se parece nada com a do local onde estavam.

            Apesar de ter dezesseis capítulos, a mesma quantidade do livro anterior, deu a sensação de que a história foi mais curta. Talvez porque desta vez os personagens estiveram em poucos lugares quando comparado com A Viagem do Peregrino da Alvorada, cuja aventura se deu em várias ilhas e cada uma tinha um obstáculo diferente.

            Por falar nos personagens, temos a volta de Eustáquio, que mudou sua atitude desde o livro anterior, se tornando alguém mais corajoso e maduro, porém ainda agindo como criança em certas discussões com Jill. Como é a sua primeira vez no mundo de Nárnia, Jill teve de aprender a como lidar com as situações fantásticas assim como enfrentar seus medos. O mais destacável dos narnianos foi Brejeiro, o paulama (criatura que acredito ter sido inventada pelo próprio autor), um sujeito pessimista e desconfiado que acompanha as crianças durante sua missão. E é claro, nem preciso dizer que Aslam aparece no livro. Ele aparece em todas as histórias.

            Há situações que achei que as crianças foram burras. Em uma delas foi quando ouviram a história do desaparecimento do príncipe após avistar uma linda donzela. E no meio de sua jornada, elas encontram uma bela moça junto a um cavaleiro de armadura em um lugar onde não havia humanos, apenas gigantes maus e esta mesma moça diz para eles passarem em um lugar de gigantes “bonzinhos” e descansarem antes de prosseguirem com a viagem. Como elas podem ter sido tolas em não desconfiarem de nada? O único que suspeitou foi o Brejeiro, e elas não deram ouvidos a ele. Sei que o livro se reduziria pela metade se isso não tivesse acontecido, mas não pude deixar de ficar irritada com tamanha burrice dos personagens.

            Uma curiosidade: Neste livro, O Cavalo e seu Menino é mencionado como uma história contada pela corte. Acho que C. S. Lewis queria preparar seus leitores para seu próximo livro, pois este foi lançado um ano depois.

            Contudo, me entretive. Minhas releituras acabaram. Agora vou para o livro final, que será uma leitura completamente nova. Espero vocês na próxima resenha. Não deixem que belas damas os distraiam no caminho.