terça-feira, 12 de outubro de 2021

Desventuras em Série: a resenha

 


            Feliz Dia das Crianças! Para comemorar esse dia especial que infelizmente já não participo mais, vou fazer uma resenha de uma série que marcou esse período da minha vida. Reli todos os livros de Desventuras em Série, com exceção dos dois últimos, que li agora pela primeira vez pois não cheguei a ler na época devido a chegada do meu vício: o computador. Desventuras em Série foi escrita por Lemony Snicket (falarei dele depois) e lançada nos Estados Unidos entre 1999 e 2006 e no Brasil nos anos de 2005 e 2006.

            Infelizmente, os irmãos Baudelaire perderam os pais em um incêndio, herdando deles uma grande fortuna. Mas só poderão recebê-la quando Violet, a mais velha, atingir a maioridade. Enquanto isso, ela e  seus irmãos Klaus e Sunny terão de viver na casa de um tutor, nesse caso, um homem conhecido como Conde Olaf, que vive em uma mansão em péssimo estado. Mas o que acontecerá quando as más impressões que elas tiveram de seu novo tutor se provaram corretas?

            Ao invés de começar a falar da história e de seus protagonistas, vou começar por algo que chamou a minha atenção quando comecei a ler o livro com mais ou menos onze anos de idade: seu narrador. Lemony Snicket foi o primeiro contato que tive com um narrador que conversa com o leitor. Seu jeito pessimista, dizendo para que eu parasse de ler o livro era um dos fatores que me deixava com mais vontade de ler a série. Porém, relendo agora como adulta, teve uns momentos que ele me deixou irritada, principalmente quando parava a história para explicar o significado de uma palavra ou frase. Acabei me acostumando depois. Apesar de não fazer parte da narrativa dos Baudelaire, Lemony é um personagem que faz parte desse mundo criado por Daniel Handler, o nome verdadeiro do autor de Desventuras em Série, assim como sua amada Beatrice, mencionada em suas dedicatórias. Então, vai uma dúvida: Lemony Snicket é um narrador personagem ou não?

            Quanto aos protagonistas, cada um possui uma habilidade própria. Violet, a mais velha, é uma inventora que faz sempre algo novo com qualquer sucata que encontra. Klaus, o do meio, tem uma ótima memória além de ser bom com a leitura e palavras difíceis. Sunny, a mais nova, ainda é um bebê e possui dentes afiadíssimos e gosta de morder, além de ser bem esperta para sua idade apesar do pouco vocabulário. Já as suas personalidades, não tenho muito que falar. São crianças boas que fazem o leitor sentir pena por suas desventuras, mas tirando isso, achei elas meio genéricas. Os outros personagens não são tão diferentes quando o assunto é a falta de complexidade. Conde Olaf é basicamente a personificação de um vilão enquanto a maioria dos adultos é estúpida e ignorante, sendo de pouca ajuda para os irmãos. Isso não é algo necessariamente ruim, mas só é estranho que lá mais adiante nos livros, o autor tenha tentado deixar as coisas mais complexas com a discussão de bem e mal e se pode ou não ser as duas coisas quando a maioria dos personagens é unidimensional.

            Agora, vamos para a história. Como posso descrevê-la para vocês? É uma estranha mistura de tragédia, mistério e desenho animado. Tragédia porque há mortes, traição, sequestro e adultos idiotas que nada resolvem. O mistério vem a partir do quinto livro em que os Baudelaire ouvem pela primeira vez da organização secreta chamada C.S.C e a partir deste momento, eles tentam descobrir mais sobre ela. Desenho animado devido ao quão bizarras algumas dessas situações parecem se forem colocadas no nosso mundo, como por exemplo as invenções feitas por Violet e os dentes de Sunny. Sério, este bebê já lutou espada e escalou uma parede usando apenas quatro dentes. Eu colocaria Violet e Klaus como garotos prodígios enquanto Sunny já estaria em outro patamar, junto com os X-Men e outros mutantes.

            Encontrei várias referências ao decorrer da série. Por exemplo o sobrenome Baudelaire vem do escritor Charles Baudelaire, e isso também ocorre com outros personagens como o senhor Poe (Edgar Allan Poe), Georgina Orwell (George Orwell) e o vice-diretor Nero (imperador Nero).  Uma cena do último livro também me faz lembrar de uma passagem da Bíblia, mas não vou dar mais detalhes para não dar spoilers. Talvez encontrem mais referências que eu não tenha fisgado.

            Todos os livros possuem ilustrações de Brett Helquist. O interessante é que no último desenho de cada livro, dá uma dica do que aparecerá no próximo. Além disso, acho que seu estilo combina com o público que a série deseja atrair.

            A franquia de Desventuras em série possui outros livros que complementam seu universo como The Beatrice Letters (As cartas de Beatrice), que infelizmente não possui tradução para o português e a coleção Só perguntas erradas, que retrata a infância de Lemony Snicket. Um filme foi lançado em 2004, adaptando os três primeiros livros e foi o meu primeiro contato com a franquia. Também saiu uma série em 2017 adaptando o material completo. Não preciso dizer que houve mudanças ao passar o texto para as telas.

            Minha opinião geral com relação a Desventuras em Série: Por um lado, sentia raiva da burrice dos adultos e pena das crianças por tudo aquilo que elas passaram. Mas ao mesmo tempo, tinha curiosidade em saber como terminava. E como esperava, seu fim foi doce e amargo, mais para o amargo. Por haver mortes, muitos acham que seja inapropriado para crianças. Acho que isso depende do gosto pessoal e principalmente do nível de maturidade. A decisão fica nas de mãos dos pais. Ou do tutor, caso sejam órfãs. Nesse último caso, como diria Lemony Snicket, aconselho a não ler este livro pois só lhes trará desventuras em série.


2 comentários:

  1. Meu primeiro contato com a série foi o filme de 2004 também, mas foi meu único, não sabia que haviam tantos livros de desventuras em série, achei super interessante!

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