Já ouviram falar do Caldeirão
Mágico, filme lançado pela Disney em 1985 que quase faliu a empresa? Ele é
baseado em dois de cinco livros da coleção As aventuras de Prydain do
americano Lloyd Alexander, que foram publicados entre 1964 e 1968. Nesta
resenha, analisarei O Livros dos Três, primeiro livro da saga. Será que
ele é melhor que sua adaptação cinematográfica ou foi melhor mesmo que ele tenha
fracassado no cinema para que não tenha mais continuações?
Taran é um jovem que sonha em ter uma aventura. Ele
trabalha na fazenda do senhor Dallben, homem que possui imenso conhecimento sobre
a terra de Prydain. Este também é dono de uma porca com o dom oracular. Quando
os animais começam a agir de modo estranho, Taran foi vigiar a porca. Mas esta
consegue escapar e vai em direção a floresta. E Taran vai atrás, sem o conhecimento
de que outros estão atrás dela, inclusive o terrível Rei Cornudo.
O tipo de jornada e os personagens parecem terem sido
escritos tendo com o público infanto-juvenil em mente. Me lembrou bastante os
livros da coleção Deltora Quest, que li quando tinha uns onze anos de
idade, pois se passam em um ambiente fantástico, com acontecimentos que desviam
do objetivo principal, mas que acabam sendo úteis no final e um grupo de heróis
de personalidades diferentes onde cada um tem seu papel e utilidade durante o
percurso da história.
Falando dos heróis, vou lhes descrever: Taran, o
protagonista da história, começa como o garoto ignorante que faz tudo sem
pensar, mudando de atitude ao longo da jornada. Gurgi é um ente que parece ser
uma mistura de homem com macaco guloso e medroso. Por ter perdido a maior parte
de seus instintos animais e não ter a inteligência completa dos humanos, Gurgi
fica meio perdido em ambos e tenta o máximo ser útil quando vira amigo do
grupo. Gwydion é um príncipe que serve como mentor de Taran na floresta e que
dá mais informações sobre os inimigos. Apesar de ter certa impaciência com as
atitudes pouco precavidas de Taran, é um sujeito honrado. Eilonwy é uma
princesa meio louquinha e tagarela. Fflewddur Fflam (nome bem estranho), um
bardo de aparência desengonçada, parente de Gwidion que é corajoso e cujas
cordas da harpa soltam quando este conta uma mentira. É interessante ver
personagens tão diferentes interagindo.
No começo do livro, já se nota algumas das mudanças feitas
ao passar o texto literário para o cinema, como a existência de alguns personagens
que não aparecem em sua adaptação animada. Ao contrário do filme, o Rei Cornudo
não é o vilão principal e sim Arawn, um homem que tomou vários tesouros de
Prydain e é capaz de ressuscitar os mortos graças a um caldeirão mágico. O Rei
Cornudo é apenas um capanga. Há também uma outra vilã no livro que é
inexistente no filme chamada Achren. Ela é uma feiticeira e tia de Eilonwy, que
deveria ensinar magia para a garota como tradição familiar. As meninas aprendem
feitiços enquanto os meninos aprendem a guerrear. Por falar em Eilonwy, a
esfera mágica que flutuava e a seguia, tendo vida própria, é apenas uma bola
brilhante sem vida que a garota usava para brincar. Há ainda mais diferenças,
mas deixarei que os curiosos procurem por si só.
Uma reclamação que seria da escolha de título. O Livro
dos Três quase não aparece e só tem alguma relevância quando Taran se lembra de
alguma figura histórica que aparece nele. Talvez algo como “Viagem a Caer Dathyl”
teria sido uma escolha melhor. Outra coisa que também não me agradou foi o
clímax, que foi resolvido muito rapidamente. Mas como este é o primeiro de
cinco livros, vou deixar passar.
Pelo que vi neste primeiro, As aventuras de Prydain
tem potencial para ser uma boa série de livros. O final é fechado, mas abre a
possibilidade para uma continuação e, como já sei que tem mais quatro livros
depois, vou prosseguir com a leitura.
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