sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Crescimento regredido



               Nesta resenha trago para vocês uma história cujo tema me deixou interessada. O curioso caso de Benjamin Button foi escrito pelo americano F. Scott Fitzgerald em 1920 e foi inspiração para o filme de mesmo nome em 2008. Este livro também possui historieta do autor chamada Bernice corta o cabelo que também irei analisar.

            No ano de 1860, o casal Button decide ter seu primeiro bebê num hospital, algo incomum para época. Qual não é a surpresa do senhor Button quando ele passa no hospital e descobre que seu filho nasceu velho?

Já pela premissa, vemos que há uma mistura entre realidade e fantasia, afinal, como uma mulher consegue dar à luz a um velho adulto sem ter morrido no parto? Isso nunca é explicado. Porém, isso não importa nem um pouco, pois o foco não é o porquê disso ter acontecido, mas como o protagonista viverá com isso.

            O curioso caso de Benjamin Button claramente mostra como seria um desastre se nós começássemos a vida como velhos e fôssemos rejuvenescendo conforme o tempo. Acredito que a vantagem de envelhecer é o amadurecimento que, para a tristeza do protagonista, isso não lhe acontece, ao invés disso, ele regride a cada ano que passa, o que faz com que a relação entre Benjamin e seus familiares seja muito diferente do restante das pessoas. Gostaria que tivesse mais capítulos explorando mais Benjamin e os outros personagens, mas ter uma história pequena é melhor do que não ter nada.

            Agora como um extra, vou falar de Bernice corta o cabelo. Bernice foi passar uma temporada na casa de sua prima Marjorie. Mas quando ela vai para as festas, ninguém quer dançar com ela por ser considerada uma chata, fazendo com que Marjorie tenha que convencer os rapazes. Ao descobrir isso, Bernice aceita a ajuda da prima para se tornar mais popular, começando a chamar a atenção das pessoas dizendo que ia cortar o cabelo, algo que parece que quase nenhuma mulher fazia na época.

            Vejo uma dualidade nesse conto através das duas primas com Bernice representando a jovem mais romântica, idealista e sensível, criada a moldes mais antigos enquanto Marjorie já é mais fria, manipuladora e saidinha. Acredito que tenha sido intenção do autor fazer Marjorie pior do que Bernice, mesmo a segunda tendo de fato enganado os outros com relação a sua verdadeira personalidade. E diria que funcionou, pois odiei Marjorie. Ela me faz lembrar daquelas garotas populares que implicam com a protagonista nos filmes de escola americanos. Assim como O curioso caso de Benjamin Button, gostaria que Bernice corta o cabelo fosse maior, pois fiquei curiosa com relação ao que aconteceu depois do final, apesar do fechamento da história não ser ruim.

            Se eu tivesse que dizer alguma semelhança entre ambas as histórias, diria que as duas mostram que temos que nos encaixar na sociedade ao máximo para ter uma vida relativamente boa e normal, principalmente na época em que essas historietas se passam. Nos dois casos tiveram que usar mentiras para que os personagens fossem aceitos e no caso de Benjamin, não deu muito certo. Colocando isso para os dias atuais, creio que o meio termo é a solução. Todo mundo tem gosto próprio e ninguém é igual a ninguém. Não há a necessidade de você mentir para alguém gostar de você. Em outros casos, a pessoa possui alguma condição que a impossibilita de ter uma vida padrão e o melhor a se fazer é tentar entender e aceitar. Mas a menos que seja um eremita, há regras que precisam ser seguidas para se conviver com as outras pessoas. O jeito é tentar se adaptar da melhor forma para haver equilíbrio entre o que você deseja e o que os outros esperam de você.

Por isso, recomendo a leitura de ambas as histórias. São bem curtinhas, mas podem te fazer pensar. Pois ao contrário da vida Benjamin Button, amadurecemos nossas habilidades conforme o tempo e a leitura é uma delas.

 


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