sexta-feira, 27 de maio de 2022
sexta-feira, 20 de maio de 2022
Contos de fadas russos
Para variar, decidi conhecer
alguns contos de fadas russos. Será que eles são parecidos com as famosas
histórias dos irmãos Grimm? Vamos descobrir. O Pássaro de Fogo e outros
contos de fadas russos foi traduzido e adaptado por Adriana Moura e Paulo
Rezzutti e lançado no Brasil em 2020.
O pescador e o peixe – Um
velho pescador conseguiu capturar um peixe. Ao ver que o animal falava, ele o
libertou. Agradecido, o peixe ofereceu um pagamento que o gentil homem recusou.
Mas ao chegar em casa e contar tudo à mulher, esta lhe deu uma bronca e exigiu
que ele voltasse e fizesse seu pedido. Já conhecia este conto do curso de
Contação de História da Estação das
Letras. Sua moral é bem simples: se contenta com o que você possui e para
de dar ouvidos a pessoas mal-agradecidas. Uma boa narrativa para crianças.
A Baba Yaga e o garoto
corajoso – Um gato, um pardal e um garoto
viviam numa isbá (casa camponesa russa) na floresta. O gato e o pardal iam sair
e avisaram ao menino que se a Baba Yaga aparecesse, não dissesse uma palavra.
Mas adivinha o que o garoto fez? Uma história típica de contos de fadas, com
vários elementos do gênero, incluindo as repetições.
A Baba Yaga e a órfã – Após o falecimento de sua
mãe, o pai de Tanyusha casou-se novamente. Na frente de seu marido, a madrasta
tratava bem sua enteada, mas era só ele sair que ela já começava a maltratar a
menina. Um dia, ela decide se livrar da garota, mandando-a para a casa de sua
avó, a Baba Yaga. Um conto típico de um personagem que se livra de seus
problemas dando algo bom para seus captores em troca da liberdade e usando
mais da inteligência do que da força.
Morozko, o velho inverno
– O
pai de Anastácia se casou novamente, após a morte de sua esposa. Mas para a sua
infelicidade, a mulher era mesquinha e só se importava com ela e com a filha.
Um dia, ela mandou o marido se livrar de Anastácia na floresta para que a
menina morresse de frio e, como tinha bastante medo da mulher, ele obedeceu. Já
tinha ouvido uma versão parecida desta história no livro O urso e o
rouxinol,
em que Morozko, o senhor do inverno, aparece e é um dos personagens principais.
Um bom conto onde a gentileza pode ser recompensada.
Snegurochka, a donzela de
neve – Muitos anos atrás, o Pai Inverno e a Mãe Primavera tiveram uma filha
toda feita de neve chamada Snegurochka.
Quando esta cresceu e decidiu explorar o mundo, eles mandaram um
guardião para protegê-la do sol. Quanto ao se apaixonar, não se preocuparam com
isso pois o coração da moça era duro feito gelo. Já imaginam onde isso vai dar,
né?
Alyonushka e Ivanushka – Alyonushka e Ivanushka
são dois irmãos que acabaram de perder os pais. À procura de um novo lar, Ivanushka
acaba por descuido se transformando em um cabrito. Ao ver o desespero da irmã,
um mercador ofereceu cuidar deles em troca de sua mão em casamento. Não tenho
muito a dizer. Um conto pequeno com o desenvolvimento típico de um conto de
fada.
A pena de Finist, o falcão
– Há
muito tempo atrás, um mercador rico e viúvo vivia com suas três filhas.
Enquanto as mais velhas eram interesseiras, Maria, a mais nova era boa e
ajudava com as tarefas de casa. Em uma de suas viagens, o homem perguntou as
suas filhas o que queriam. As mais velhas queriam tecidos caros enquanto Maria
pediu uma pena de Finist, o falcão. O começo lembra bastante Bela e a
Fera, mas depois muda
completamente. Primeira vez que Baba Yaga ajuda um protagonista, nesse caso,
três delas.
A princesa sapo – Querendo muito que seus
filhos se casassem logo, o czar mandou os seus três filhos atirarem cada um uma
flecha e a mulher que trouxesse de volta se casaria com eles. Mas a flecha do
mais novo caiu em um pântano e quem trouxe de volta foi uma sapa. Este conto me
lembrou do Rei Sapo, mas só alguns elementos do começo. Novamente a Baba Yaga ajuda e como
na história anterior, o protagonista tem que seguir uma bolinha para guiá-lo.
Aqui aparece um personagem chamado Koschei, que é mencionado na trilogia de Corte de
Espinhos e Rosas.
O czar Saltan – Ao fazer uma volta pelo
seu reino, o czar Saltan ouviu três irmãs fazendo uma proposta do que fariam se
casassem com o czar. A mais nova, que disse que lhe daria um belo filho se o
soberano a escolhesse como esposa foi a que se tornou czarina, deixando sua
mãe e irmãs com inveja. As três planejaram algo para arruinar a sua vida. Como
os outros contos, há a famosa regra dos três, irmãs malvadas e esposas bicho.
O pássaro de fogo – O czar adorava o seu
pomar, principalmente sua macieira que lhe dava maçãs de ouro. Mas ele
descobriu que um pássaro de fogo passava lá e roubava cada dia uma maçã. Cansado
disso, o czar mandou seus três filhos o capturarem em troca do trono. Esta
história conta com a ajuda de um animal mágico que faz praticamente tudo e um
herói que só é herói por ser protagonista porque tudo que ele faz é roubar e
não sofrer quase nenhuma consequência.
Pelos resumos de cada conto, nota-se que as histórias
russas possuem elementos semelhantes não só entre si, mas também parecidos com
os dos contos de fadas que nós conhecemos. Uma coisa que me chamou a atenção
foi a presença de figura da Baba Yaga em vários contos, às vezes como
antagonista e outras como ajudante. Antes pensava que ela era única e neutra,
mas ao ler o conto A pena de Finist, o falcão, algo me diz que haviam
várias Baba Yagas, e que cada uma era uma pessoa diferente, como no caso do
lobo mal nas histórias da Chapeuzinho Vermelho e dos Três porquinhos.
Gostei de conhecer os contos russos. No futuro, devo ler
mais contos de outros países para conhecer mais de suas culturas. Se deseja
conhecer mais das histórias da Rússia, procure uma casa com pernas de galinha.
Só pense duas vezes antes de entrar, pois não dá para saber qual Baba Yaga o(a)
irá receber.
sexta-feira, 13 de maio de 2022
A panda que via tudo preto e branco
Olá
gente! Eu e minha irmã Maya Flor lançamos mais um livro. Quem quiser adquirir, entre em contato pelo nosso e-mail:
sexta-feira, 6 de maio de 2022
A vida nas montanhas
Decidi fazer algo
diferente nessa resenha. Dessa vez, vou resenhar dois livros, apesar de
tecnicamente eles serem um dividido em dois. Heidi, a menina dos Alpes
foi escrito pela suíça Johanna Spyri em 1880 e dividido em duas partes: Heidi,
a menina dos Alpes – Tempo de viajar e aprender e Heidi, a menina
dos Alpes – Tempo de usar o que aprendeu.
Heidi é uma menina órfã de cinco anos cuja tia não podia
mais tomar conta. Então, ela é levada aos Alpes para ser cuidada pelo avô paterno,
um homem malvisto por todos de sua vizinhança. Será que Heidi conseguirá se
adaptar à sua nova vida?
Primeiramente, devo parabenizar a editora por ter escrito
essa mensagem no começo de ambos os livros:
As pessoas precisam
entender que o pensamento de antigamente não era o mesmo de hoje e não é justo
censurar uma obra por causa disso. Como iremos aprender sobre o passado se o
excluirmos? É algo que temos que refletir.
Com relação à história, não pude deixar de notar a
semelhança deste livro com outros. Parece que há um padrão para a literatura
infanto-juvenil entre o final do século 19 e o começo do século 20 de juntar
uma criança alegre com um(a) velho(a) rabugento(a). Além de Heidi, vi
isso em Anne de Green Gables (1908) e Poliana (1913), mas no caso
de Heidi, o avô deixou de ser ranzinza logo no começo. Já no segundo
livro, notei uma semelhança com O jardim secreto (1911), em que o
contato com a natureza ajuda na cura de uma criança paraplégica.
A história contém muito do aspecto religioso da época, de
como devemos sempre agradecer a Deus pelas coisas boas da vida e que se
pararmos de acreditar nele, ele se esquecerá de nós etc. Mas como diz a própria
carta, isso fazia parte da cultura local daquele tempo.
Também notei uma certa preferência da autora pela vida
nos Alpes, que descreve o local como algo de natureza exuberante e calma
enquanto a cidade é um tanto caótica, em que as pessoas não têm tempo umas para
as outras e são mais frias. Vemos tudo isso pelos olhos de Heidi, que deseja logo
retornar para a casa do avô. Apesar disso, a menina consegue virar a rotina dos
Sesemann, a família cuja garota conviveu por um tempo, de cabeça para baixo,
alegrando a maioria dos moradores.
Diria que esta história é bastante previsível,
principalmente para quem leu os livros que mencionei mais acima. Não é ruim,
mas sinto que acontece pouca coisa emocionante. Se você deseja uma leitura simples
e reconfortante, vá aos Alpes suíços no verão. O cheiro das flores e do ar da
montanha faz bem e lhe trará momentos de paz.