sexta-feira, 6 de maio de 2022

A vida nas montanhas


 

     Decidi fazer algo diferente nessa resenha. Dessa vez, vou resenhar dois livros, apesar de tecnicamente eles serem um dividido em dois. Heidi, a menina dos Alpes foi escrito pela suíça Johanna Spyri em 1880 e dividido em duas partes: Heidi, a menina dos Alpes – Tempo de viajar e aprender e Heidi, a menina dos Alpes – Tempo de usar o que aprendeu.

            Heidi é uma menina órfã de cinco anos cuja tia não podia mais tomar conta. Então, ela é levada aos Alpes para ser cuidada pelo avô paterno, um homem malvisto por todos de sua vizinhança. Será que Heidi conseguirá se adaptar à sua nova vida?

            Primeiramente, devo parabenizar a editora por ter escrito essa mensagem no começo de ambos os livros:




            As pessoas precisam entender que o pensamento de antigamente não era o mesmo de hoje e não é justo censurar uma obra por causa disso. Como iremos aprender sobre o passado se o excluirmos? É algo que temos que refletir.

            Com relação à história, não pude deixar de notar a semelhança deste livro com outros. Parece que há um padrão para a literatura infanto-juvenil entre o final do século 19 e o começo do século 20 de juntar uma criança alegre com um(a) velho(a) rabugento(a). Além de Heidi, vi isso em Anne de Green Gables (1908) e Poliana (1913), mas no caso de Heidi, o avô deixou de ser ranzinza logo no começo. Já no segundo livro, notei uma semelhança com O jardim secreto (1911), em que o contato com a natureza ajuda na cura de uma criança paraplégica.

            A história contém muito do aspecto religioso da época, de como devemos sempre agradecer a Deus pelas coisas boas da vida e que se pararmos de acreditar nele, ele se esquecerá de nós etc. Mas como diz a própria carta, isso fazia parte da cultura local daquele tempo.

            Também notei uma certa preferência da autora pela vida nos Alpes, que descreve o local como algo de natureza exuberante e calma enquanto a cidade é um tanto caótica, em que as pessoas não têm tempo umas para as outras e são mais frias. Vemos tudo isso pelos olhos de Heidi, que deseja logo retornar para a casa do avô. Apesar disso, a menina consegue virar a rotina dos Sesemann, a família cuja garota conviveu por um tempo, de cabeça para baixo, alegrando a maioria dos moradores.

            Diria que esta história é bastante previsível, principalmente para quem leu os livros que mencionei mais acima. Não é ruim, mas sinto que acontece pouca coisa emocionante. Se você deseja uma leitura simples e reconfortante, vá aos Alpes suíços no verão. O cheiro das flores e do ar da montanha faz bem e lhe trará momentos de paz.

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