Novamente lhes trago uma
coletânea de contos de outros países, dessa vez vinda do Japão. O Cortador
de Bambu e outros contos japoneses foi escrito por Sonia Salerno Forjaz e
lançado em 2012. Como faço com a maioria desses livros, resumirei cada conto e
darei minha opinião no final. Comecemos:
O conto do
Cortador de Bambu – No seu trabalho rotineiro de cortar
bambus, Sanuki encontrou no talo de um deles uma pequena e bela menina de uns dez
centímetros de altura. A história da princesa Kaguya é uma das mais famosas
bastante do Japão. Ouvi falar dela pela primeira vez através do filme da Ghibli
O conto da princesa Kaguya. É um conto longo dividido em nove partes. Ao
contrário dos contos de fadas, todos os pretendentes da princesa falham em suas
missões e seu final é bem melancólico.
A Princesa Hase – Desesperados
por um filho, o casal Toyonari e Murasaki pediram a uma deusa cuja escultura
foi feita de madeira mágica. A deusa atendeu ao pedido e os deu uma menina que
chamaram de Hase. Infelizmente, a princesa Hase perdeu a mãe e seu pai se casou
com uma mulher que não gostava dela. Diferente do outro, este se parece um
pouco com os contos de fadas que conhecemos, com a madrasta malvada tentando se
livrar da enteada bondosa. Mas nesse, o pai não é um completo inútil.
A bela bailarina
de Yedo – Sakura-ko perdeu o pai e foi vendida para
alimentar a mãe. Já adulta, se tornou uma gueixa com vários dons musicais e de
dança. Ela então acabou atraindo três pretendentes diferentes. Um final aberto
sem explicação.
A donzela de Unai
– A bela donzela de Unai era proibida de sair e ser
vista por qualquer um que não fosse seu pai, sua mãe e sua babá. Tudo isso por
causa de uma profecia que seu pai tentava de todas as formas impedir que
acontecesse. Como ocorre na maioria dessas histórias, quem tenta impedir uma
visão futura acaba se aproximando ainda mais dela.
A flauta – Apesar
de não ter filhos homens para herdar suas terras, um cavalheiro nobre de Yedo
era feliz com sua esposa e filha. Mas infelizmente sua esposa faleceu quando a
menina tinha doze anos. Ele então se casou com outra mulher que sem saber,
odiava sua enteada. Quando se preparava para sua viagem, sua criança lhe deu uma
flauta de bambu para se lembrar dela pois nunca mais iam se ver. Uma história
que seria típica, se não tivesse um final trágico. Pelo menos este pai não era
um escravo da esposa como em tantos outros.
Milagre na véspera
de Ano Novo – Um casal de idosos estavam se preparando
para a comemoração do ano novo. Então, o marido saiu para comprar o peixe para
a ceia. Mas no caminho, encontrou seis Jizo-sama, estátuas que protegem os
viajantes, cobertos de neve. Ele decide comprar chapéus para as estátuas,
porém, não daria para levar o peixe. O que ele vai fazer? A resposta é óbvia. Um
típico conto de gentileza gera gentileza.
Pochi, um cão leal
– Numa cidade próxima ao rio, um casal bondoso encontrou
uma caixa e, dentro dela, um cachorro. Os dois o chamaram de Pochi e cuidaram
dele com tanto amor que o cão os recompensou mostrando um lugar onde havia
moedas de ouro enterradas. Ouvindo essa notícia, o casal vizinho pediu o
cachorro emprestado... Outra história em que o bem compensa e o mal é punido.
Rai – Taro, o
filho do Trovão – Rai-Taro é filho do Deus trovão,
Rai-den, e ambos moravam no Castelo de Nuvem. Um dia, Rai-den pediu ao seu
filho que olhasse para os mortais e escolhesse com qual deles ele viveria. O
rapaz escolheu um casal pobre sem filhos. História similar à da princesa
Kaguya, em que um deus vai viver com um casal humano para recompensá-los pela
sua bondade até que um dia, esse deus retorna para os céus, deixando seus pais
adotivos tristes.
De maneira geral, gostei dos contos. Foi legal conhecer a
história original da princesa Kaguya, que é uma figura popular em seu país de
origem, assim como ver as semelhanças e diferenças de suas narrativas para com
os contos de fadas do resto do mundo e o quão melancólicos eles podem ser quando
comparados aos finais felizes que estamos acostumados. Recomendo a todos que
desejam conhecer um pouco da literatura japonesa.
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