sexta-feira, 1 de julho de 2022

A melancolia dos contos japoneses


        Novamente lhes trago uma coletânea de contos de outros países, dessa vez vinda do Japão. O Cortador de Bambu e outros contos japoneses foi escrito por Sonia Salerno Forjaz e lançado em 2012. Como faço com a maioria desses livros, resumirei cada conto e darei minha opinião no final. Comecemos:

 

O conto do Cortador de Bambu – No seu trabalho rotineiro de cortar bambus, Sanuki encontrou no talo de um deles uma pequena e bela menina de uns dez centímetros de altura. A história da princesa Kaguya é uma das mais famosas bastante do Japão. Ouvi falar dela pela primeira vez através do filme da Ghibli O conto da princesa Kaguya. É um conto longo dividido em nove partes. Ao contrário dos contos de fadas, todos os pretendentes da princesa falham em suas missões e seu final é bem melancólico.

A Princesa Hase – Desesperados por um filho, o casal Toyonari e Murasaki pediram a uma deusa cuja escultura foi feita de madeira mágica. A deusa atendeu ao pedido e os deu uma menina que chamaram de Hase. Infelizmente, a princesa Hase perdeu a mãe e seu pai se casou com uma mulher que não gostava dela. Diferente do outro, este se parece um pouco com os contos de fadas que conhecemos, com a madrasta malvada tentando se livrar da enteada bondosa. Mas nesse, o pai não é um completo inútil.

A bela bailarina de Yedo – Sakura-ko perdeu o pai e foi vendida para alimentar a mãe. Já adulta, se tornou uma gueixa com vários dons musicais e de dança. Ela então acabou atraindo três pretendentes diferentes. Um final aberto sem explicação.

A donzela de Unai – A bela donzela de Unai era proibida de sair e ser vista por qualquer um que não fosse seu pai, sua mãe e sua babá. Tudo isso por causa de uma profecia que seu pai tentava de todas as formas impedir que acontecesse. Como ocorre na maioria dessas histórias, quem tenta impedir uma visão futura acaba se aproximando ainda mais dela.

A flauta – Apesar de não ter filhos homens para herdar suas terras, um cavalheiro nobre de Yedo era feliz com sua esposa e filha. Mas infelizmente sua esposa faleceu quando a menina tinha doze anos. Ele então se casou com outra mulher que sem saber, odiava sua enteada. Quando se preparava para sua viagem, sua criança lhe deu uma flauta de bambu para se lembrar dela pois nunca mais iam se ver. Uma história que seria típica, se não tivesse um final trágico. Pelo menos este pai não era um escravo da esposa como em tantos outros.

Milagre na véspera de Ano Novo – Um casal de idosos estavam se preparando para a comemoração do ano novo. Então, o marido saiu para comprar o peixe para a ceia. Mas no caminho, encontrou seis Jizo-sama, estátuas que protegem os viajantes, cobertos de neve. Ele decide comprar chapéus para as estátuas, porém, não daria para levar o peixe. O que ele vai fazer? A resposta é óbvia. Um típico conto de gentileza gera gentileza.

Pochi, um cão leal – Numa cidade próxima ao rio, um casal bondoso encontrou uma caixa e, dentro dela, um cachorro. Os dois o chamaram de Pochi e cuidaram dele com tanto amor que o cão os recompensou mostrando um lugar onde havia moedas de ouro enterradas. Ouvindo essa notícia, o casal vizinho pediu o cachorro emprestado... Outra história em que o bem compensa e o mal é punido.

Rai – Taro, o filho do Trovão – Rai-Taro é filho do Deus trovão, Rai-den, e ambos moravam no Castelo de Nuvem. Um dia, Rai-den pediu ao seu filho que olhasse para os mortais e escolhesse com qual deles ele viveria. O rapaz escolheu um casal pobre sem filhos. História similar à da princesa Kaguya, em que um deus vai viver com um casal humano para recompensá-los pela sua bondade até que um dia, esse deus retorna para os céus, deixando seus pais adotivos tristes.

 

            De maneira geral, gostei dos contos. Foi legal conhecer a história original da princesa Kaguya, que é uma figura popular em seu país de origem, assim como ver as semelhanças e diferenças de suas narrativas para com os contos de fadas do resto do mundo e o quão melancólicos eles podem ser quando comparados aos finais felizes que estamos acostumados. Recomendo a todos que desejam conhecer um pouco da literatura japonesa.

 

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