Voltamos a mais uma obra do
autor que é considerado o pai da literatura fantástica, que influenciou autores
como J. R. R. Tolkien e C. S. Lewis. Phantastes foi escrito por George
MacDonald em 1858, sendo este seu primeiro romance de fantasia.
Ao completar seus vinte e um anos, Anodos recebeu a chave
da escrivaninha do seu pai, que havia falecido muito tempo atrás. Dentro dela,
havia uma pequena câmara com uma diminuta mulher dentro. Esta disse que lhe
concederia o desejo de visitar o Reino das Fadas.
Se tivesse que resumir a história em poucas palavras,
diria que é um Alice no País das Maravilhas para adultos. Anodos anda
passeando e vivendo aventuras estranhas no Reino das Fadas do mesmo jeito que
Alice faz no País das Maravilhas, ambos conhecendo o local em que estão ao
longo de sua caminhada. Mas diria que os acontecimentos de Alice no País das
Maravilhas são mais nonsense enquanto Phantastes é uma fantasia que
pode ter uma mensagem ou uma interpretação por trás, como a sombra que persegue
Anodos, que pode representar o seu pessimismo, a sua depressão etc.
Quanto aos seres mágicos que são apresentados neste
livro, há fadas que são descritas como pequenas, podendo mudar de expressão em
menos de um minuto, o que me lembram as fadas do livro do Peter Pan, que
mudam de humor rapidamente. Os gnomos e as fadas-duendes, que de acordo com o
protagonista, que é também o narrador da história, normalmente habitam o chão e
plantas trepadeiras terrestres. Há também certas árvores com características humanas,
como se fossem hamadríades (ninfas das árvores), só que com versões masculinas
além das femininas. Uma delas é o freixo, que persegue o protagonista durante
um tempo. Será que foi deste livro que a autora de Corte de Espinhos e Rosas
tirou a ideia de usar a madeira do freixo como fraqueza dos feéricos? Também há
aparição de gigantes e um dragão na obra.
O livro faz referência a outras duas histórias: Uma é a
de Pigmaleão, o homem da mitologia grega que se apaixonou por uma estátua. A
segunda é de Sir Percival das lendas arturianas.
Algo que acho interessante de mencionar é quando Anodos
chega a um castelo encantado e consegue entrar dentro da história dos livros
que lê (como acontece com a maioria dos leitores, só que de forma literal). Ele
detalha duas delas: Uma sobre um mundo parecido, mas ao mesmo tempo diferente
do nosso, em que as mulheres tinham asas ao invés de braços e aparentemente,
quando as pessoas morrem, elas renascem no nosso mundo. Isso me fez perguntar
se George MacDonald acreditava em reencarnação. Que ele era pelo menos um pouco
religioso ele era, pois dá para perceber isso sutilmente enquanto lê a obra. A
segunda história é sobre um homem que compra um espelho encantado com uma
mulher dentro. Acho que esta última merecia ser um conto próprio. Gostei
bastante dela.
O lado negativo é que o livro é muito descritivo, algo
comum na literatura da época, e há momentos bastante filosóficos, o que pode
ser um tanto cansativo para o leitor que não está acostumado. Mas recomendo para
aqueles que desejem conhecer o livro que praticamente fundou a literatura
fantástica moderna. Venha para o Reino das Fadas. Só tome cuidado para o freixo
não te pegar.
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