sexta-feira, 11 de novembro de 2022

O Cão Negro de Clontarf


        Como todos que leem o meu blog já devem saber, adoro livros de temática fantástica. Vocês sabiam que existe um subgênero deste tema chamado espada e feitiçaria? Como o próprio nome diz, ele foca no tema da magia, com lutas violentas envolvendo guerreiros espadachins. O exemplo mais conhecido é o Conan, o Bárbaro, criado por Robert E. Howard. O Cão Negro de Clontarf, escrito pelo brasileiro César Alcázar em 2020 e lançado pela editora AVEC, faz parte desse subgênero e, num estilo parecido ao de Conan, possui vários contos, cada um contando uma aventura diferente de Anrath, o Cão Negro. Darei o resumo de cada conto:

O Coração do Cão Negro Anrath, conhecido como Cão Negro, participou da guerra de Clontarf a favor dos vikings, apesar de ser irlandês de nascença. Agora vive como um mercenário, odiado por ambos os lados. Após tomar uma moeda antiga do corpo de um druida em um de seus trabalhos, ele terá de encarar o passado, junto com seres sobrenaturais.

A Canção do Cão Negro Uma história que acontece depois do Coração do Cão Negro. Aqui, Anrath se encontra com um antigo inimigo que terá de enfrentar.

Uma Sepultura Solitária sobre a ColinaAnrath encontra um homem ferido que o pede ajuda para levá-lo em um local onde reviverá sua maior batalha.

A Fúria do Cão Negro Após ver sua amiga Grainne ser queimada viva numa fogueira, Anrath busca vingança, fazendo o que for preciso para consegui-la.

A Enguia Alguns anos após a morte de Grainne, Anrath volta para sua terra. Lá encontra uma mulher que pede sua ajuda para vigiar o túmulo de sua filha para que o corpo da menina não fosse devorado por uma enguia gigante.

Lobos Anrath e outros mercenários foram chamados para uma taverna por um contratante, que demorava para chegar...

As Lágrimas do Anjo da Morte - Anrath se encontrava ferido numa praia cheia de corpos. Até uma banshee aparecer e anunciar que ainda não era a sua hora e que tinha um trabalho para ele.

            A parte mágica dos contos bebe muito dos mitos irlandeses e gauleses, com a aparição de várias de suas criaturas como trolls; leanhaun shee (uma vampira que inspira os artistas, mas suga a vida deles em troca); llamhigyn y dwr, o saltador d’água (um ser aquático carnívoro que vive em lagoas e pântanos); banshee, (entidade que anuncia a morte dos humanos) e os fomorianos, (raça semi-divina que vive nas profundezas); além de menções a mitologia celta. Isso faz bastante sentido pois O Cão Negro de Clontarf se passa na Irlanda. Também possuem a mistura do real com o imaginário. A batalha de Clontarf, por exemplo, realmente existiu, mas o protagonista não. 

            Antes desse livro, editora AVEC junto com César Alcázar e o ilustrador Fred Rubim, lançou duas histórias em quadrinhos dos contos O Coração do Cão Negro e A Canção do Cão Negro em 2016 e 2017 respectivamente. Já li estes quadrinhos e recomendo para quem gosta desse subgênero. Acho que o formato em quadrinhos combina muito com esses contos. Pena que três deles sejam muito curtos para serem adaptados. Quem sabe em uma coletânea de quadrinhos com várias mini histórias?

Outra curiosidade é que o conto A Fúria do Cão Negro, o mais longo de todos, foi lançado primeiro em 2014 pela editora Arte & Letra, apesar de ser o terceiro da cronologia da história do Cão Negro.

Quanto aos personagens, o único que posso analisar com mais detalhes é o próprio Anrath, pois ele é o único que aparece em todos os contos, afinal, as histórias são sobre ele. Bom, o nosso Cão Negro é um típico protagonista de espada e feitiçaria, sendo capaz de derrotar vários homens e criaturas usando sua força e habilidade de luta. Para Anrath, essa será a sua vida até seus últimos dias. Mas isso não significa que ele sente prazer em matar e só faz isso devido ao seu trabalho como mercenário. Além disso, por ser um irlandês criado por vikings, ele não é aceito por nenhum dos dois grupos, vivendo assim uma vida solitária.

Acredito que O Cão Negro de Clontarf representa muito bem o seu subgênero. Suas histórias são simples, mas bem escritas e com uma boa apresentação de seres mitológicos. Recomendo a todos os fãs de espada e feitiçaria. Peguem suas espadas e se preparem, pois nunca se sabe o que vão encontrar no caminho.


 

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