sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Zumbis x Unicórnios


            Bem... Esse com certeza é um livro título bem chamativo, juntando dois seres que nada têm a ver. Zumbis x Unicórnios é uma coletânea de contos lançada no Brasil em 2013 (2010 mundo a fora) e organizada pelas autoras Holly Black e Justine Larbalestier. A proposta do livro é fazer uma disputa em qual dessas criaturas é a melhor, sendo Holly Black a líder do Time Unicórnio enquanto Justine Larbalestier lidera o Time Zumbi. A decisão de quem ganha fica nas mãos do leitor, que nesse caso, sou eu. Qual dos dois será o vencedor? Vamos descobrir:

A Mais Alta Justiça – Escrito por Garth Nix. Jess busca justiça pela morte de sua mãe, a rainha. Por isso, ela pede ajuda para que o unicórnio Elibet traga parte de sua mãe à vida e juntas vão até o culpado para julgá-lo. Um conto que seria típico do personagem que busca vingança ou justiça, se não fosse pelos elementos bizarros. O unicórnio desta história é bem mais sanguinário, além de ter uma forma de ser mais parecida com a de uma nuvem, se aproximando de algo que não pode ser tocado, algo mais místico. Apesar da proposta desse livro ser zumbis vs unicórnios e Garth Nix estar do lado dos unicórnios, aqui também possui um elemento zumbi na forma da rainha.

Love Will Tear Us Apart (O Amor Irá Nos Separar) – Escrito por Alaya Dawn Johnson. Grayson é um zumbi que não sabe se quer trancar ou comer seu amigo Jack. Ou quem sabe os dois? Quando se pensa em zumbi, você imagina aquele morto-vivo, lento e incapaz de pensar. Pois bem, este aqui pensa. Um conto longo, dividido em partes, narrado pelo próprio Grayson. Um romance típico entre uma pessoa e um ser sobrenatural.

Teste de pureza – Escrito por Naomi Novik. Depois de passar a noite bebendo, Alison acaba dormindo num banco do Central Park. Mas é acordada por ninguém menos que um unicórnio, que pede sua ajuda para recuperar filhotes de sua espécie raptados por um mago. Uma outra subversão do que conhecemos do unicórnio, só que mais cômica.

Buganvílias – Escrito por Carrie Ryan. Iza passou a vida inteira em uma ilha, sendo protegida dos piratas e dos “mudos” pelo pai. E era assim que levava a vida, até um rapaz sair da água. Piratas que usam zumbis como armas para atacar? Isso com certeza daria um bom jogo de Zombicide. Brincadeiras à parte, este conto é um daqueles que não tem herói ou vilão. Todos são imperfeitos.  Essa história te dá uma visão pessimista e termina com um final aberto.

Mil flores – Escrito por Margo Lanagan. Manny Foyer estava acampando com seus amigos na floresta até que quando este sai para fazer suas necessidades, ele avista um unicórnio. Ele segue o animal até um rio, até que o bicho some e Manny encontra uma bela donzela desmaiada, próxima a água. Um conto que apresenta mais de um ponto de vista sendo o de Manny um deles. Por coincidência, esta história apresenta algo bem atual, que é a de um homem ser falsamente acusado de assédio e pagar por um crime que não cometeu. O unicórnio daqui, além de ser bastante relacionado com as plantas, também parece ser atraído por belas donzelas, mas não de um jeito inocente. História trágica e seu final me deixou com um gosto amargo na boca.

As crianças da revolução – Escrito por Maureen Johnson. Depois de levar um golpe e ser forçada a trabalhar em uma fazenda na Inglaterra, Sofie tentava arrumar um jeito de ganhar dinheiro para escapar desse lugar. Até que finalmente surgiu uma oportunidade: ela teria que tomar conta de cinco crianças enquanto sua mãe estava fora. Mas estas crianças eram um tanto estranhas... Se você ver crianças acinzentadas cuja alimentação envolve apenas carne crua, corra! O primeiro conto de zumbi desse livro que senti uma aura mais para o terror.

O cuidado e a alimentação de seu filhote de unicórnio assassino – Escrito por Diana Peterfreund. Wendy foi com seus amigos para um parque de diversões, sendo uma de suas atrações um unicórnio. O grupo quis ir vê-lo e apesar de ter um bom motivo para não ir, Wendy foi com eles. Diferente de várias versões que vi, os unicórnios daqui são venenosos e tem instinto assassino, além de serem carnívoros. Esta história lembra muito aqueles filmes de crianças ou adolescentes cuidando de uma criatura mágica, o que acaba resultado em inúmeras confusões. Infelizmente, este conto acaba em um final. Mas pelo que vi, existe uma série de livros dessa autora chamada A Ordem da Leoa, onde este conto faz parte de seu universo.

Inoculata – Escrito por Scott Westerfeld. Allison está há anos vivendo em uma antiga fazenda de maconha junto a outras pessoas para se proteger dos zês (zumbis). Mas o que ela vai fazer após descobrir que Kalyn, uma garota que ela tem uma queda, já foi infectada com que parece ser um novo vírus zumbi, que Kalyn considera uma vacina para o antigo, e deseja que Allison faça o mesmo? Adolescentes que sentem que são mais espertos que os adultos pois estes querem viver na mesmice da falsa segurança enquanto eles aceitam mudar e viver uma nova vida como outra espécie. Sinceramente, esse nível de arrogância juvenil me fez torcer para que a protagonista se ferrasse no final. Mas a história estava do lado dela.

Princesa Bonitinha – Escrito por Meg Cabot. Liz Freelander era uma garota com poucos amigos, com um rapaz que vivia implicando com ela na escola e cujo namorado a traíra com outra. No seu aniversário de dezessete anos, seus pais lhe deram uma surpresa: um unicórnio. Drama escolar típico de Sessão da Tarde, só que com um unicórnio no meio. O unicórnio aqui é mais parecido com a visão popular que a gente tem hoje (crina colorida, com um peido cheiroso).

Mãos geladas – Escrito por Cassandra Clare. Adele vivia em uma cidade amaldiçoada, cujos mortos voltam à vida e se alguém da cidade sair, eles vão atrás. Infelizmente, seu namorado James foi morto por um carro, provavelmente a mando de seu tio, pois ele se tornaria duque ao completar dezoito anos. Mas nem a morte pode separá-los. Uma história com ideias interessantes, mas bem previsível. Os zumbis daqui não comem cérebro e nem são atacados, além de possuírem uma inteligência normal, apesar de não falarem muito. Estranhei a mistura do antigo (duques no comando, enforcamento em praça pública) com o recente (garrafas de refrigerante, calça jeans etc.).

A Terceira Virgem – Escrito por Katleen Duey. O unicórnio espera encontrar, após vários anos, uma pessoa virgem para que esta lhe possa fazer um favor. Um unicórnio que se alimenta sugando a vida das pessoas que cura e só consegue se comunicar com um tipo de virgem. Um conto bem interessante para se pensar, mas que tem um final bem anticlimático.

A noite do baile – Escrito por Libba Bray. Tahmina e Jeff eram alunos do conselho estudantil da escola de Buzz Aldrin High School. Mas quando uma infecção se espalhou e chegou na escola, transformando todos os infectados em zumbis, os planos que eles tinham para o próximo ano tiveram que mudar, se tornando policiais de uma cidade sem adultos, em meio a um caos de pessoas desesperadas e zumbis. Buscar a felicidade ou manter a esperança pode ser difícil em certas situações. O interessante desse conto é que ele parece dialogar com o Inoculata, mostrando como seria os adolescentes no comando sem os adultos por perto em um apocalipse zumbi. Enquanto em Inoculata eles fogem dos adultos por estes não quererem se desapegar do passado, os daqui tentam buscar a normalidade que tinham através do baile.

            Antes de anunciar o time ganhador, tenho que deixar bem claro que dentre as duas criaturas, a minha preferida é o unicórnio. Não gosto de zumbis (com exceção da Júlia), pois a maioria deles é apresentada como monstros sem a capacidade de pensar, que comem todo ser vivo que vê pela frente. Mas dito isso, talvez por gostar mais dos unicórnios, eu acabe sendo mais exigente com os contos que estes aparecem. Quanto aos zumbis, como não consumo muito a mídia em que estes aparecem, acabam por me surpreender mais. Então, a decisão do vencedor será através do meu conto favorito do livro que foi: As crianças da revolução. Parabéns, Time Zumbi! Vocês fizeram uma adoradora de unicórnios gostar de um de seus contos. Porém, devo dizer que Mil flores e A Terceira Virgem chegaram perto. Se ficaram insatisfeitos com o resultado, recomendo que leiam o livro e tirem suas próprias conclusões.

Quanto às outras histórias foram em sua maioria mediana. Essa coletânea foi obviamente feita para o público juvenil, devido às suas menções sexuais em certos contos. Também achei bem aleatório juntar duas criaturas que não têm nada a ver para disputar entre si, sendo uma mais voltada para a fantasia enquanto a outra vai mais para o terror e o suspense, apesar de alguns contos trocarem e acrescentarem outros gêneros.

Como sou mais certinha, preferiria juntar dois seres que se encaixam no mesmo gênero como um zumbi com um fantasma, se é que vocês me entendem😊. Ou um unicórnio com um dragão. Quem sabe um dia...

 

 


 

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