Mais uma vez, trago um
livro de contos brasileiros que encontrei no Kindle. Farras Fantásticas
foi organizado por Ian Fraser, Ricardo Santos, João Mendes e lançado em
2021, sendo composto por autores diversos. Cada história foca em uma
comemoração tradicional do Nordeste com uma dose de fantástico. Será que eles
são bons? Vamos descobrir.
O último unicórnio
de Serrita – Escrito por Fernanda Castro, autora de Lágrimas
de Carne*. Raimunda está participando da Missa do Vaqueiro junto ao seu
amigo Cassiano. Enquanto cavalgava atrás do bezerro, ela avista uma novilha de
apenas um chifre, chamada de unicórnio encourado. Será que é o seu destino
capturá-la? Típico conto em que os ricos só pensam em se aproveitar da crença
dos outros para ganhar dinheiro.
Bom fim – Escrito
por Nina Ladeia. Antônio tinha muito medo do mar, algo incomum para os garotos
nascidos na ilha. Para fazê-lo perder esse medo, sua mãe o colocou para ir
junto ao tio até Bonfim de barco. Ela só não esperava a vinda de uma grande tempestade.
Um conto simples, que mistura duas religiões.
Capa preta – Escrito
por Guilherme Ramos. Em uma Quarta-Feira de Cinzas no bairro do Prado, uma
senhora conta a seguinte história: Numa noite de carnaval, no Clube Fênix, um rapaz
e uma moça se conhecem e dançam. Querendo encontrá-la novamente, o moço oferece
a ela uma capa para se proteger da chuva, dizendo que ia pegar de volta na casa
dela no dia seguinte. Eles então se despedem, próximos ao cemitério. Final
inesperado. Um bom conto.
A luz de vó Alzira
– Escrito por Laís Lacet. Luíza não gosta da festa de
São João. Foi o dia em que sua avó morreu e que foi expulsa da casa dela pelo
seu pai por não aceitar o namoro dela com Renata. Porém, Renata a convence de
ir ao Trem do Forró e lá ela teve uma visão de sua avó. Conto mais ou menos.
Olha pro céu, meu
amor – Escrito por G. G. Diniz, autora de As águas do rio**.
Gracinha reencontra Edilson, seu amigo de infância, que não vê a uns vinte
anos. Agora, Edilson é padre, e ainda acredita que é um lobisomem e nunca sai
de casa nas noites de lua cheia. Gracinha não acredita em nada disso e tenta
convencer o padre de sair e ir para a festa. Aconteceu o que eu já esperava,
sem nenhum plot twist.
O Odu quer brincar
na festa – Escrito por Mariana Madelinn. Mabili tem
o dom de ver os mortos e sabe o odu (destino) de todos, menos o dele. Em seu
sonho, foi visitado por Okaran, que disse que Mabili tem também a habilidade de
controlar o tempo dependendo de seu humor. Esse conto apresenta um pouco da
mitologia iorubá e a Festa da Boa Morte. Uma história mais ou menos.
A benção de dona
Lourdes – Escrito por Thiago Lee. Marilene foi ao
enterro de sua bisavó Lourdes para conhecer mais sobre a história de sua
família. Enquanto ela entrevistava o grupo dos Bacamarteiros Mágicos que dona
Lourdes fazia parte, eles lhe entregam todos os pertences da falecida na
esperança de que sua bisneta consiga produzir a pólvora mágica usada em suas
apresentações e que apenas dona Lourdes fazia. Conto clichê, mas bonitinho.
Ilha d’água – Escrito
por Henrique Ferreira. O pai de Francisco fugiu de casa em pleno aguaceiro. A
pedido da irmã, Francisco vai procurá-lo. Ele sabe onde o velho se meteu e vai
até a Praia do Meio, lugar que juraram não pisar mais. Briga de gerações e
diferentes religiões, com o pai querendo que o filho assuma o seu legado e
evite que uma catástrofe aconteça. Não gostei do final. Francisco poderia ter
aceitado a visão do pai sem precisar seguir o mesmo caminho e manter suas
próprias crenças.
Miolo de boi – Escrito
por Auryo Jotha, autor de Pássara***. Ícaro saiu à meia-noite, em plena
virada de ano. Na estrada, encontrou com um homem que fazia parte do Reisado
dos Caretas (uma festa que louva o Santo Reis), que lhe pede uma carona. Porém,
há algo de estranho nesse mascarado... Um
conto clichê, mas bonitinho.
Usura – Escrito
por Igor Chacon. Em sua cama, Fátima, que sofre de Alzheimer, tem um momento de
lucidez e recorda o seu marido Chico sobre a Pega de Boi que eles foram anos
atrás. E ambos escondem um terrível segredo. Um segredo que eu acabei por
adivinhar e por isso, acabou sendo previsível. Conto com final tragicômico.
O dragão fugiu! – Escrito
por Cesar Miranda. No dia dois de julho, dia em que se comemora a independência
do Brasil na Bahia, os neocoloniais planejam acabar com a festa.
Mas não conseguirão pois Jerônimo não permitirá. O conto tem formato de texto
de blog. História ok.
A esposa do Diabo
– Escrito por Franz Andrade. Há anos atrás, em Caiçara,
viviam os Úrsulas, uma família de ciganos ruivos, cujo povo tinha medo e raiva,
pois vários acidentes estranhos aconteciam em sua propriedade. E depois de
tanto tempo, Thiago retorna para cidade para encontrar Jordália, uma dos
Úrsulas. Será que tudo o que diziam dessa família era verdadeiro? Um bom conto
com um mistério indecifrável.
Entre ver(s)ões – Escrito
por Chico Milla. Nova Milhã é uma cidade onde as pessoas vivem em uma redoma
que protege da radiação, chuva ácida etc., além de tomarem pílulas para tudo. Mário,
que é policial, tinha a missão de proteger a Festa dos Caretas de ataques
terroristas. Lá ele encontrou Bob, um amigo de infância que foi morar em outro
país. Este lhe entregou um livro proibido. Um conto distópico.
Os fantasmas de
Sebastião – Escrito por Laísa Couto. Há noite, na
véspera de São João, Coração sai escondida de casa e encontra um belo rapaz de
olhos azuis. Mas parece que apenas ela consegue vê-lo. Conto de romance
adolescente.
Qual a cor do oceano?
– Escrito por Henggo. Tarcísio vive numa São Luís futurística
e tecnológica. Irritado de como andavam as coisas e com saudade do passado, ele
decide fazer a dança do Bumba meu boi, que não era feita já a muitos anos e revelar
o que o governo esconde. Conto distópico que valoriza as tradições e foca na
briga entre natureza e tecnologia.
Brenno e a Fera – Escrito
por André A. Lima. Depois de vários anos morando na Europa, Brenno retorna a
João Pessoa para reencontrar sua amiga de infância, Eloísa. Agora, ela trabalha
no parque de diversão como a horripilante Monga. E por essa revelação, já
esperava onde esse conto ia dá.
Arrebentação – Escrito
por Carol Vidal. Marvin perdeu o pai a pouco tempo e agora oferece sua obra para
Iemanjá. Então, Marvin foi puxado pelo mar. Conto bonitinho.
Maria de Zambê – Escrito
por Márcio Benjamin. Otávio se irrita com os tambores que os escravos tocam na
noite de lua cheia. Maria, sua esposa grávida, diz para ele ignorar e ir
dormir. Mas escutam Otília, a mãe doente de Otávio, gritar de seu quarto. Algo
ruim estava prestes a acontecer. Conto em que os cruéis donos de escravos são
punidos.
Achei a maioria dos contos medianos, sendo os meus
favoritos Capa Preta e A esposa do Diabo. Mas foi interessante para mim,
como uma pessoa do Rio, conhecer algumas celebrações do Nordeste, como o dia da
Independência da Bahia, que é comemorada no dia 2 de julho. Se quiser conhecer,
você pode encontrá-lo no Kindle.
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