sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Para ganhar algo, precisa perder outra coisa em troca


            Me pergunto se a popularidade dos doramas impulsionou a vinda de livros do leste asiático. Não duvido de nada. Se os Gatos Desaparecessem do Mundo foi escrito por Genki Kawamura em 2012 e traduzido para o Brasil em 2024. Possui uma adaptação cinematográfica que estreou em 2016. Vamos para a resenha:  

            Um carteiro descobre que está com um tumor no cérebro e tem poucos dias de vida. Ao acordar em sua casa, encontra alguém de mesma aparência que a dele, dizendo ser o Diabo. O Diabo conta que ele vai morrer amanhã e faz uma proposta para o carteiro: para cada coisa que ele escolhesse desaparecer do mundo, ele ganha um dia de vida. O homem aceita.

A premissa do livro me atraiu para sua leitura. Uma pena que minhas expectativas não foram correspondidas. Primeiramente, tenho que dizer que esse acordo que o protagonista fez com o Diabo não foi cumprido devidamente. O Diabo disse que o homem escolheria o que deveria desaparecer, mas quem acabava escolhendo era o próprio Diabo.

 Em várias histórias em que o personagem faz acordo com o Diabo ou outra entidade maligna acontece das duas uma: o ser cumpre exatamente o que foi prometido e cobra o que o outro lhe deve. No entanto, o herói dá um jeito de se safar e não cumprir a promessa; a entidade cumpre o pacto, mas faz o herói se arrepender do trato, pois o seu pedido lhe causa malefícios. Este livro cai na segunda categoria. Mas esperava que os desejos tivessem consequências maiores, como por exemplo desejar que todos os telefones sumissem. Isso teria resultados gravíssimos para a humanidade. Porém, o romance só foca em como isso afeta o protagonista, o que não é algo ruim, mas teria sido mais impactante se também mostrasse como as outras pessoas reagiriam. Ao invés disso, parece que elas nem ligam para o fato de os telefones desaparecerem e vivem suas vidas como se nada tivesse acontecido. 

            Quanto aos personagens, o carteiro é uma pessoa sensível, cuja mãe faleceu há alguns anos e tem desavenças com o pai. Seu único companheiro de casa é o gato Repolho. A narrativa é contada por ele, que está escrevendo o que lhe ocorreu antes de falecer. Enquanto o Diabo tem aquela personalidade travessa, mas não tão maliciosa. Aqui, ele é como se fosse um servo de Deus, que de vez em quando faz apostas com o Senhor para testar os humanos. Uma adaptação interessante que quase nunca vejo representada.

            O livro tem lições bonitas, mas a minha grande expectativa fez com que não gostasse tanto dele. Se você quiser embarcar nessa leitura, vá esperando um livro curto com o foco mais introspectivo. E pense bem antes de fazer acordo com o Diabo.


 

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