sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Felinos num Barco


            Já ouviram falar do filme As Aventuras de Pi, lançado em 2012? Sabia que ele foi adaptado de um romance que entrou em polêmica por ter supostamente plagiado a história de um livro brasileiro? É sobre este livro que irei analisar agora. Max e os Felinos foi escrito por Moacyr Scliar, filho de imigrantes judeus da Bessarábia, em 1981 enquanto A Vida de Pi foi lançado em 2001. Será que houve mesmo plágio ou foi apenas uma coincidência? Vamos descobrir:

            Max se relacionou com Frida, que era casada com um nazista. Ao descobrir o relacionamento da esposa com Max e Harald, amigo socialista de Max, o marido de Frida os denunciou e o jovem é obrigado a fugir de Berlim. Ao perder o navio que o levaria para o Brasil, Max dá um jeito de ir em um cargueiro com o mesmo destino. Mas um dia, o navio começou a afundar e Max não encontrou ninguém da tripulação para ajudá-lo. Por sorte, encontrou um escaler e fugiu. Numa das caixas do naufrágio, algo saltou para seu escaler. Este algo era um jaguar...

            O navio em que o protagonista está afunda e ele fica preso num barco com um felino de grande porte em alto mar. A semelhança entre as duas histórias termina aí. É dito que o autor de A Vida de Pi, Yann Martel, baseou o seu livro numa suposta resenha negativa do livro de Scliar. Quanto ao escritor de Max e os Felinos, este não considerou a obra de Martel como plágio, já que apesar dessa pequena semelhança, o desenvolvimento de ambos os livros é completamente diferente. Mas gostaria que Martel tivesse mencionado sua inspiração em sua publicação.

            Indo para os felinos do título, enquanto no filme As Aventuras de Pi, o tigre no barco de Pi representava o seu lado selvagem tentando sobreviver ao naufrágio, os felinos de Max são representados como medos e desafios que ele deve enfrentar. Como o tigre empalhado da loja de seu pai, cujo Max tinha pavor quando era criança e o jaguar no barco, que não se sabe se era ou não real, pois ele estava tendo alucinações enquanto estava perdido no mar. Sendo reais ou não, Max teve que conviver e enfrentá-los até os domesticar no final.

            O protagonista passa por muita coisa no decorrer da história que o faz mudar. Ele passa de um rapaz assustado para um homem corajoso, enfrentando com ousadia e fúria algo que ele teme. Porém, não confio muito no narrador deste livro. O final passa como se ele saísse como um herói vitorioso fazendo algo criminoso, mesmo tendo que arcar com as consequências depois. Max já tinha dúvidas se o jaguar no escaler era ou não real, o que pode indicar que esse grande problema não tenha sido criado de sua mente traumatizada? A narrativa está mais ao lado dele, mas eu tenho um pé atrás nisso.

             O livro é interessante e de leitura rápida, contendo apenas três capítulos. Se deseja conhecê-lo, arrume um navio de confiança para se caso afundar, você não acabe dividindo o seu barco com um jaguar.

 

 


 

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