Imagina se a Cinderela só
fizesse o que a madrasta mandava por causa de um suposto “dom” que uma fada lhe
presenteou ao nascer? Essa é a história de Ella, que por causa da fada Lucinda,
é obrigada a fazer tudo que for mandada a fazer. Nesta situação você pensa “Ah,
então a Ella vai ser aquela garota obediente e sem sal, que não fará nada a
respeito disso, esperando que uma fada madrinha resolva os seus problemas”.
Isso não acontece. A protagonista se utiliza de técnicas para se livrar e
irritar os que tentam lhe dar uma ordem, como um gênio da lâmpada, ao qual
precisa-se ser bem específico antes de desejar alguma coisa. Além disso, a
própria moça tenta escapar do seu destino, procurando a fada que a amaldiçoou.
O enredo é baseado na história da Cinderela, só que com
um aumento na história e uma caracterização melhor dos personagens. Outra
diferença é que o pai, que em grande parte das versões já bateu as botas, está
vivo. Porém, ele pouco se importa com a filha, sendo mais um comerciante
interesseiro. Na história também aparecem outros seres mágicos além das fadas,
como centauros, ogros e gigantes. A regra que as fadas estabeleceram, com
exceção de Lucinda, de não fazer magias grandes, apenas pequenas que não
prejudicassem ninguém foi algo bom para o romance, mas que me deixou tão
nervosa quanto a protagonista.
Este romance de fadas (romance + conto de fadas) além de
ser uma versão maior do antigo conto da Cinderela, pode ser considerado também
como uma versão atualizada. No antigo, havia duas morais: Quem trabalha duro e
é bom sempre será recompensado e ter padrinhos ou madrinhas ajuda a conquistar
algo (Sim, tem essa moral também. Achei essa informação no livro Contos de Fadas, apresentado por Ana
Maria Machado da editora Zahar). Elas ainda aparecem em Ella Enfeitiçada, só que bem menos explícito, pois o foco é em
contar uma boa história e entreter o público. E como disse anteriormente, Ella
não é a típica Cinderela que espera até que algo bom aconteça. Ela vai e
procura a fada que lhe causou esse problema. E é claro, a protagonista tem
muito mais personalidade que a Cinderela original. Com o passar das gerações, a
sociedade muda, e os tipos de personagens também. Mas não vou criticar tanto
este fato já que um é um conto, que por sua definição é pequeno e tem pouco
espaço para detalhes, e o outro é um romance e detalhes é o que não falta.
O ponto negativo para a história foi a solução para a
quebra do encanto. Muito fraca e até mesmo clichê para um romance que estava
indo tão bem. Mas não acho que seja um motivo para não se interessar pelo resto
que o livro propõe. Recomendo para aqueles que querem ler uma versão mais
extensa e com uma “Cinderela” mais forte e determinada.
Boa, Mari. Análises atuais e imparciais.
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ExcluirSim, sem clichés e moralismo, tb prefiro.. infinitamente melhor é nosso interior, e não o coletivo, contado.
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