quarta-feira, 22 de março de 2017

Ella Enfeitiçada (a Cinderela moderna) análise



              Imagina se a Cinderela só fizesse o que a madrasta mandava por causa de um suposto “dom” que uma fada lhe presenteou ao nascer? Essa é a história de Ella, que por causa da fada Lucinda, é obrigada a fazer tudo que for mandada a fazer. Nesta situação você pensa “Ah, então a Ella vai ser aquela garota obediente e sem sal, que não fará nada a respeito disso, esperando que uma fada madrinha resolva os seus problemas”. Isso não acontece. A protagonista se utiliza de técnicas para se livrar e irritar os que tentam lhe dar uma ordem, como um gênio da lâmpada, ao qual precisa-se ser bem específico antes de desejar alguma coisa. Além disso, a própria moça tenta escapar do seu destino, procurando a fada que a amaldiçoou.
            O enredo é baseado na história da Cinderela, só que com um aumento na história e uma caracterização melhor dos personagens. Outra diferença é que o pai, que em grande parte das versões já bateu as botas, está vivo. Porém, ele pouco se importa com a filha, sendo mais um comerciante interesseiro. Na história também aparecem outros seres mágicos além das fadas, como centauros, ogros e gigantes. A regra que as fadas estabeleceram, com exceção de Lucinda, de não fazer magias grandes, apenas pequenas que não prejudicassem ninguém foi algo bom para o romance, mas que me deixou tão nervosa quanto a protagonista.
            Este romance de fadas (romance + conto de fadas) além de ser uma versão maior do antigo conto da Cinderela, pode ser considerado também como uma versão atualizada. No antigo, havia duas morais: Quem trabalha duro e é bom sempre será recompensado e ter padrinhos ou madrinhas ajuda a conquistar algo (Sim, tem essa moral também. Achei essa informação no livro Contos de Fadas, apresentado por Ana Maria Machado da editora Zahar). Elas ainda aparecem em Ella Enfeitiçada, só que bem menos explícito, pois o foco é em contar uma boa história e entreter o público. E como disse anteriormente, Ella não é a típica Cinderela que espera até que algo bom aconteça. Ela vai e procura a fada que lhe causou esse problema. E é claro, a protagonista tem muito mais personalidade que a Cinderela original. Com o passar das gerações, a sociedade muda, e os tipos de personagens também. Mas não vou criticar tanto este fato já que um é um conto, que por sua definição é pequeno e tem pouco espaço para detalhes, e o outro é um romance e detalhes é o que não falta.
            O ponto negativo para a história foi a solução para a quebra do encanto. Muito fraca e até mesmo clichê para um romance que estava indo tão bem. Mas não acho que seja um motivo para não se interessar pelo resto que o livro propõe. Recomendo para aqueles que querem ler uma versão mais extensa e com uma “Cinderela” mais forte e determinada.

             

3 comentários: