quinta-feira, 25 de maio de 2017

Howl’s moving castle (O castelo animado) análise




Antes de falar da história, vou falar da minha experiência em ler um livro escrito todo em inglês. O papel do livro lembra bastante o de jornal e a capa é simples, não tendo nem orelha. Eu vi vários romances americanos neste formato e creio que seja por um motivo: como eles leem mais, eles também compram mais e querem gastar menos possível com a compra, por isso há vários livros nesse formato, com papel mais barato. Para ter noção, os nossos pocket books (livros de bolso) usam um papel de melhor qualidade e mais caro. A estratégia deles é boa para incentivar a leitura. Com relação à minha leitura, eu a fiz como se estivesse lendo em português e, mesmo encontrando várias palavras que eu não conhecia, continuei lendo para ver se no contexto eu adivinhava o que elas significavam. Mesmo não adivinhando algumas, deixei de procurar o significado por preguiça, só procurando aquelas que eu achei essenciais ao entendimento, evitando quebras na leitura.
Resumo breve: Sophie é a mais velha de três irmãs, e por isso acredita que está destinada falhar na vida, como todos os irmãos mais velhos nos contos de fada. Cuidando da loja de chapéus que herdou e trabalhando feito uma condenada para sua madrasta, sem receber salário nem nada, ela recebe a visita da Bruxa do Desperdício (Witch of Waste), que a transforma em uma idosa, sem poder contar a ninguém deste feitiço. Assim, ela decide sair em busca de um destino melhor e consegue encontrar o castelo que é capaz de ser movimentar do bruxo Howl, que tem uma reputação por sumir com jovens.
          Algo que me chamou bastante atenção e também me deixou desconfortável foi a transformação da protagonista, uma jovem de aproximadamente dezoito anos, em uma velha. Sophie possuía uma rotina árdua e de baixa autoestima e quando foi transformada, ela nem ligou (pelo menos até o dia seguinte). Isso me deixou horrorizada de certa forma pois me lembrou o livro A metamorfose de Franz Kafka, em que o protagonista se transforma em um inseto e só se preocupa em chegar ao trabalho. Eu não li esse livro inteiro porque já nos primeiros capítulos eu me sentia mal e também por ter sido obrigada a ler pela escola. Que bom que a professora permitiu que os alunos lessem até certo ponto e deixando o resto para ler se quisessem. Admito que tenho medo de envelhecer e que lendo as descrições das dores e do cansaço que Sophie sentia ao caminhar muito não me ajudavam. Mas imaginem: uma pessoa na flor de sua juventude ser transformada em uma pessoa velha. Ela não teve a oportunidade de aproveitar a energia de ser jovem, de experimentar, vivenciar, evoluir, amadurecer. Graças a Deus a vida dá um tempo para nos acostumarmos com a velhice.
            De uma maneira geral, eu gostei bastante do livro. Não só há uma quebra daquela regra básica dos contos de fadas em que só o mais novo dos irmãos consegue se dar bem, como que as três irmãs se dão bem entre si conseguindo cada uma o final feliz merecido. A madrasta (que é madrasta de Sophie e Lettie e mãe verdadeira de Martha) apesar de ter feito Sophie trabalhar daquele jeito, não era má. Ela era meio distraída e gostava de aproveitar a vida, deixando a loja de chapéus sob cuidados de Sophie, que já tinha idade para isso. Os personagens são bem desenvolvidos, com características marcantes e diferenciadas, embora a trama seja um pouco confusa pelo número grande desses e de acontecimentos.  Contudo, como dito, o livro é bem interessante.
            O ponto fraco deste livro foi romance entre os personagens principais. Acho que aquele casal que começa com várias brigas e termina junto no final algo meio clichê. Não me levem a mal, eu gostei da relação entre os dois e como eles ficam sacaneando e zoando um ao outro, mas eu senti que a relação deles lembrava mais uma amizade do que um romance. Se a autora escrevesse mais momentos em que eles se dão bem e diminuísse um pouco os das brigas, eu poderia acreditar que haveria uma química entre os dois.
            Recomendo a leitura àqueles que desejam ver uma quebra do típico modelo de contos de fadas e fantasia. E é claro, que saibam ler inglês. Eu procurei este livro em vários sites e em todos estava em falta a versão traduzida. A não ser que tenha uma versão traduzida online, que eu não procurei pois prefiro ter o livro concreto em minhas mãos. Mesmo assim, desejo boa sorte na busca.

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