sexta-feira, 21 de julho de 2017

Apollo e Diana: O encontro parte 2

                    Desenho feito por mim. Sei que está ruim, mas foi uma tentativa de fazer uma ilustração para esse texto. :)




                Parte 2

  O lugar parecia um pouco com o interior de sua casa, só que menor e com mais objetos cor de metal. Tudo por aqui é cinza. Será que eles não enxergam cores? O ser a moveu para se sentar no sofá enquanto ele foi para a cozinha:
- Vai querer o de sempre?
- O que é o de sempre?
- Batatas fritas com ketchup.
- Nunca ouvi falar. Mas vou querer.
Lana se levantou para olhar o ser com curiosidade. Ele aumentou as pernas de tamanho de um modo que Lana nunca havia visto para pegar uma panela em um armário alto, depois ficou no tamanho mais próximo do dela. Bruxaria! Tenho que sair daqui! Mas ela estava curiosa demais para tentar. Então, encheu de algo que parecia óleo e colocou em algo que lembrava uma lareira com quatro pequenas bocas. Pegou uma tábua e uma faca em outro armário e batatas na geladeira e as descascou em uma velocidade que nem o melhor cozinheiro de sua cidade era capaz de fazer. Cortou-as depois bem fininhas e colocou-as em uma bacia de água. Esperou um tempo para depois tirá-las para secar. Ligou o fogo e o óleo começou a ferver. Borbulhando bastante, colocou as batatas. A porta principal se abriu:
- Cheguei, Bot. Me prepara um...
Lana viu o que parecia ser um reflexo dela, usando roupas acinzentadas, pequenos brincos e óculos. Ou pelo menos, pareciam óculos:
- Clone! Me clonaram! Mas eu estava trabalhando tão bem. Meu chefe até me elogiou...
- Um changeling*?! O que está acontecendo?! Eu vou para minha casa!
Lana já ia passando pela porta, mas foi segura pela outra Lana:
- Não não. Você fica aqui até me explicar o que está acontecendo.
- Mestre Lana, suas batatas estão prontas.
Bot olhou para uma e depois para outra segurando um prato de batatas com ketchup. Começou a tremer:
- Estou confuso.
A outra Lana tirou o prato da mão dele e colocou na mesa. E então puxou Lana para se sentar no sofá enquanto ela se sentava na cadeira:
- De onde você veio?
- Da cidade de Ouro Branco.
- Nunca ouvi falar. Quem te mandou pra cá?
- Ele me obrigou a vir para cá. – respondeu Lana, apontando para Bot, que ainda estava tremendo. – Ele deve ter me confundido com você. Você também se chama Lana?
- Sim. Mas o que eu quis dizer é se você veio para esta cidade a mando de alguém.
- Não. Eu escalei a Caelesti para ver se pegava a pena de uma fênix e...
- Você está me dizendo que escalou a gigantus caelesti até o final?!
- Sim, e demorei dias para chegar até aqui. Parecia que eu tinha dado a volta e retornado ao mesmo ponto. Mas acho que me enganei. Aqui não é Ouro Branco.
- Mas então isso significa que... Você veio do planeta Diana até aqui?
- Como?
- Você é uma nativa de lá... Só conseguimos tirar algumas fotos com nossas máquinas. Mas nunca conversamos com um nativo. Como você fala minha língua?
- Falando.
- Isso é uma pergunta séria.
- Desde que me conheço por gente. Todos do meu país falam.
- Como é que a nossa gravidade funciona pra você? Estávamos estudando para ver se funcionaria se a gente fosse para o seu planeta.
- Gravi o quê? O que é isso? O que é um planeta?
- Isso é uma coisa difícil de se explicar. É como se a gente morasse em uma bola gigante. Mas no nosso caso, são duas bolas gigantes, que por algum motivo inexplicável, ficam juntas, uma em cima da outra, sem se colidirem, E unidas pela gigantus caelesti, uma espécie única, que não foi encontrada em nenhum lugar por aqui. A bola que a gente está se chama Apollo e a sua se chama Diana.
- Então, estamos dentro de uma bola gigante?
- Sim.
- E eu estava em outra bola?
- Exatamente.
- Isso não faz sentido nenhum. Onde eu vivo é um terreno bem plano.
- O assunto está ficando complicado demais. Não era nem para eu falar com você, pois isso poderia influenciar a sua cultura. Tenho que dar um jeito de te levar de volta.
- Mas eu quero aprender mais sobre esse lugar. Imagina quanto as pessoas da cidade de Viridi iriam se impressionar por saber que existe outro mundo.
- Não precisa se preocupar com isso senhorita. – disse Bot. – Daqui há algumas semanas, um vulcão vai entrar em erupção e acabar com todos que vivem lá.
- Como!?
- Bot! Isso era confidencial! – sussurrou a outra Lana para ele, zangada.
- Um vulcão vai eclodir? Falam do Igneus? Mas ele está adormecido há séculos. E como vocês podem saber uma coisa dessas?
Bot e a outra Lana olharam para ela. Viram que ela esperava uma resposta e que não sairia dali sem uma. Então, a moça esquisita respondeu, contra a sua vontade:
- Como eu disse antes, nós vigiamos o seu planeta para conhecê-lo, usando máquinas como o Bot aqui. Algumas podem medir tremores e alterações meteorológicas. As que chamamos de aves rubras são algumas delas.
Bot foi até um armário e pegou algo que parecia ser do mesmo material que ele, só que vermelho brilhante, parecida com a suposta fênix que Lana estava procurando. Lana ficou chocada:
- Então, vocês tinham todo esse conhecimento e não fizeram nada para nos ajudar?!
- A lei proíbe que nos entremos em contato com nativos. Isso poderia causar uma mudança em sua cultura e não seria mais interessante para as pessoas daqui estudarem. Eu sou uma dessas estudantes.
- Vocês não se importam se alguém da minha gente morre ou não, não é mesmo?
- Bem... Não é que...
Lana abriu sua bolsa enquanto a outra Lana se enrolava com uma explicação, e nela pegou saquinho:
- Você vai ajudar a salvar minha casa, querendo ou não.
- Como?
Lana abriu o saquinho e jogou o pó em sua similar. Ela desmaiou no sofá.


*Ser capaz de tomar a forma de um ser humano. Normalmente eram trocados por bebês para serem cuidados pelos pais. 

Um comentário: