sexta-feira, 7 de julho de 2017

Último espécime, primeira análise


             Novamente li um livro todo escrito em inglês. Estou corajosa esse ano. Já pela capa, dá para ver que é feita de um material barato e o papel é o mesmo que o de Howl’s moving castle. Só que pelo menos, a capa do último tinha um desenho bonito e chamativo. Além disso, não acho que a cor amarela seja muito atrativa, mesmo tendo um desenho até que bem feito. The Last Unicorn (O Último Unicórnio) foi escrito em 1968 por Peter S. Beagle, escritor do conto Venha, dona Morte, que aparece na coletânea de contos Criaturas Estranhas, organizada por Neil Gaiman. A minha opinião do conto foi positiva, mas será que o mesmo será dito do romance? Isso será revelado logo após o meu resumo.
            Um unicórnio (fêmea) vivia sozinho em sua floresta, sendo capaz de fazê-la ficar bonita só estando ali, e se considerava feliz. Até que dois caçadores foram até lá em uma de suas caçadas. Um deles suspeitou que ali vivia um unicórnio, pela aura mágica que a floresta dava, e lamentou que ele fosse o último, pois ninguém havia visto um unicórnio há anos. Querendo descobrir se de fato ela é a última, saiu da floresta em busca de informações. Por uma borboleta, descobriu que os mesmos de sua espécie foram levados pelo Red Bull (Boi Vermelho), mandado pelo terrível rei Haggard. Assim, sua jornada começa.
            Há partes interessantes da história que mostram um diálogo com um outro livro e uma lenda. O primeiro é quando aparece esta charada Why is a raven like a writing desk?” (Por que o corvo se parece com uma escrivaninha?), que é originada do livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll em que o Chapeleiro pergunta para Alice. A segunda é a lenda de Robin Hood, que é conhecida pelos personagens desse romance.
            Outra coisa que me chamou a atenção foi a corrupção explícita do prefeito de uma cidade, em que os ladrões o pagam para continuarem roubando livremente. É comum em histórias fantásticas existir um governador tirano e cruel, nesse próprio livro há, mas nunca vi esse tipo de situação.
            Existem mais personagens que dividem o protagonismo com “a” unicórnio. E eles são o mago Schmendrick e Molly Grue. Também tem o príncipe Lír, mas não achei ele tão interessante quanto os dois acima. Molly e o mago ajudaram bastante a unicórnio em sua jornada, e são os personagens mais interessantes do livro. A partir do parágrafo a seguir, vou dar spoilers por achar que sejam necessários para minha análise. Se quiser evitá-los, pule para o último parágrafo.
            Voltando a falar da personalidade dos personagens, vamos começar com a nossa heroína. A unicórnio é boa, mas é muito metida e fria (no sentido de não demonstrar muitas emoções) no começo. Quando foi transformada em outro ser, ficou falando que era feio (apesar de ter uma aparência bela) na frente de seres dessa espécie. Se eu tivesse sido transformada em um sapo, é claro que eu ficaria zangada e enojada, mas evitaria falar mal disso na frente de outros sapos que são capazes de me entender por respeito. Mas ela piora quando começa a ter amnesia após a transformação. Isso a fez formar uma outra “personalidade”, mas infelizmente é bem mais chata que a primeira, pois a única coisa que eu vi foi o seu amor pelo príncipe. Pelo menos como unicórnio, ela tinha mais atitude. Não sei se amnesia faz as pessoas ficarem mais sem graça na vida real, porém isso é uma história fantástica, feita para nos entreter, e ela assim não me deixou entretida. Pode ser não pela a amnesia, mas pelo fato de estar apaixonada, o que para mim é pior ainda, já que são esses tipos de romance que fazem as pessoas ficarem enjoadas. Quando as pessoas ficam apaixonadas, elas só ficam pensando naquela que amam o tempo todo? Não tem como pensar em outras coisas mesmo estando apaixonado? Pergunto isso porque no momento que escrevi esta resenha, eu não tive uma paixão em si, só uma pequena quedinha de infância. Também para descobrir se o que eu li faz juízo com as pessoas que já tiveram esse sentimento ou não.
No final, isso a ajuda na luta contra o Boi Vermelho quando ela retorna a sua forma original, e assim ela aprende a ter arrependimento, tristeza e amor, emoções que os unicórnios normais não sentiam. Porém, teria sido mais interessante se ela não tivesse amnesia mantendo sua personalidade original.
            No caso do mago, ele é atrapalhado, mas sábio. Ele tenta buscar a sua magia máxima, pois foi enfeitiçado a viver na imortalidade até que a encontre. Isso faz um paralelo interessante com a unicórnio, que quando se transforma em uma mortal, quer ter sua forma original de volta, junto com a sua imortalidade, enquanto Schmendrick quer se mortal de novo. Molly Grue vivia com ladrões e tem um temperamento forte, mas no fundo tem boas intenções, tendo se juntado a unicórnio para ajudá-la. Foi também revelado que ela se juntou ao grupo de ladrões porque sonhava viver como o Robin Hood, e obviamente, isso não deu certo. Esses dois tiveram mais foco desde a metade do início até o final, e acabei me afeiçoando a eles. Se tiver uma continuação, quero que seja na jornada dos dois.
        Interessante saber que os personagens entendem algo da “Jornada do Herói”, por exemplo, havia uma maldição que uma bruxa fez ao rei Haggard que alguém nascido da cidade de Hagsgate ia acabar com o reinado dele e acabaria com a boa vida que o seu lugar de nascença estava tendo. Com isso, os cidadãos não decidiram não ter nenhum filho. Porém, alguém teve e abandonou pela cidade. Quando um dos moradores viu gatos se aproximando da criança, ele os afastou, pois sabia que era assim o nascimento de um herói. Depois, deixou o bebê onde estava e o rei o encontrou e o criou. O mago assim presumiu que seria o príncipe o responsável que cumpriria a maldição. E estava certo de uma forma. Foi a unicórnio que enfrentou o Boi, fazendo a profecia se concretizar. Mas foi vendo o amado ferido que a fez ter raiva o suficiente para isso.
     De uma forma geral, gostei da história. É criativa e tem pelo menos dois personagens interessantes. O amor romântico era clichê, mas é de se esperar pelo ano em que o livro foi publicado. Não tenho mais nada a dizer a não ser corra para conhecer esses seres místicos, que aparecem pouco para os humanos, mas até que com frequência nos filmes. E é claro, que saiba ler inglês. Tentei achar em português e falhei.



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