Novamente li um livro
todo escrito em inglês. Estou corajosa esse ano. Já pela capa, dá para ver que
é feita de um material barato e o papel é o mesmo que o de Howl’s moving castle. Só que pelo menos, a capa do último tinha um desenho bonito e chamativo. Além disso, não acho que a cor amarela
seja muito atrativa, mesmo tendo um desenho até que bem feito. The Last Unicorn (O Último Unicórnio) foi escrito em 1968 por Peter S.
Beagle, escritor do conto Venha, dona Morte, que aparece na coletânea de
contos Criaturas Estranhas,
organizada por Neil Gaiman. A minha opinião do conto foi positiva, mas será que
o mesmo será dito do romance? Isso será revelado logo após o meu resumo.
Um unicórnio
(fêmea) vivia sozinho em sua floresta, sendo capaz de fazê-la ficar bonita só
estando ali, e se considerava feliz. Até que dois caçadores foram até lá em uma
de suas caçadas. Um deles suspeitou que ali vivia um unicórnio, pela aura
mágica que a floresta dava, e lamentou que ele fosse o último, pois ninguém
havia visto um unicórnio há anos. Querendo descobrir se de fato ela é a última,
saiu da floresta em busca de informações. Por uma borboleta, descobriu que os
mesmos de sua espécie foram levados pelo Red Bull (Boi Vermelho), mandado pelo
terrível rei Haggard. Assim, sua jornada começa.
Há partes
interessantes da história que mostram um diálogo com um outro livro e uma
lenda. O primeiro é quando aparece esta charada Why is a raven like a writing
desk?” (Por que o corvo se parece com uma escrivaninha?), que é originada do
livro Alice no País das Maravilhas de
Lewis Carroll em que o Chapeleiro pergunta para Alice. A segunda é a lenda de
Robin Hood, que é conhecida pelos personagens desse romance.
Outra coisa
que me chamou a atenção foi a corrupção explícita do prefeito de uma cidade, em
que os ladrões o pagam para continuarem roubando livremente. É comum em
histórias fantásticas existir um governador tirano e cruel, nesse próprio livro
há, mas nunca vi esse tipo de situação.
Existem mais
personagens que dividem o protagonismo com “a” unicórnio. E eles são o mago
Schmendrick e Molly Grue. Também tem o príncipe Lír, mas não achei ele tão
interessante quanto os dois acima. Molly e o mago ajudaram bastante a unicórnio
em sua jornada, e são os personagens mais interessantes do livro. A partir do
parágrafo a seguir, vou dar spoilers por achar que sejam necessários para
minha análise. Se quiser evitá-los, pule para o último parágrafo.
Voltando a
falar da personalidade dos personagens, vamos começar com a nossa heroína. A
unicórnio é boa, mas é muito metida e fria (no sentido de não demonstrar muitas
emoções) no começo. Quando foi transformada em outro ser, ficou falando que era
feio (apesar de ter uma aparência bela) na frente de seres dessa espécie. Se eu
tivesse sido transformada em um sapo, é claro que eu ficaria zangada e enojada,
mas evitaria falar mal disso na frente de outros sapos que são capazes de me
entender por respeito. Mas ela piora quando começa a ter amnesia após a
transformação. Isso a fez formar uma outra “personalidade”, mas infelizmente é
bem mais chata que a primeira, pois a única coisa que eu vi foi o seu amor pelo
príncipe. Pelo menos como unicórnio, ela tinha mais atitude. Não sei se amnesia
faz as pessoas ficarem mais sem graça na vida real, porém isso é uma história
fantástica, feita para nos entreter, e ela assim não me deixou entretida. Pode
ser não pela a amnesia, mas pelo fato de estar apaixonada, o que para mim é
pior ainda, já que são esses tipos de romance que fazem as pessoas ficarem
enjoadas. Quando as pessoas ficam apaixonadas, elas só ficam pensando naquela
que amam o tempo todo? Não tem como pensar em outras coisas mesmo estando
apaixonado? Pergunto isso porque no momento que escrevi esta resenha, eu não
tive uma paixão em si, só uma pequena quedinha de infância. Também para
descobrir se o que eu li faz juízo com as pessoas que já tiveram esse
sentimento ou não.
No
final, isso a ajuda na luta contra o Boi Vermelho quando ela retorna a sua
forma original, e assim ela aprende a ter arrependimento, tristeza e amor,
emoções que os unicórnios normais não sentiam. Porém, teria sido mais
interessante se ela não tivesse amnesia mantendo sua personalidade original.
No caso do mago, ele é atrapalhado, mas sábio. Ele tenta
buscar a sua magia máxima, pois foi enfeitiçado a viver na imortalidade até que
a encontre. Isso faz um paralelo interessante com a unicórnio, que quando se
transforma em uma mortal, quer ter sua forma original de volta, junto com a sua
imortalidade, enquanto Schmendrick quer se mortal de novo. Molly Grue vivia com
ladrões e tem um temperamento forte, mas no fundo tem boas intenções, tendo se
juntado a unicórnio para ajudá-la. Foi também revelado que ela se juntou ao
grupo de ladrões porque sonhava viver como o Robin Hood, e obviamente, isso não
deu certo. Esses dois tiveram mais foco desde a metade do início até o final, e
acabei me afeiçoando a eles. Se tiver uma continuação, quero que seja na
jornada dos dois.
Interessante saber que os personagens entendem algo da
“Jornada do Herói”, por exemplo, havia uma maldição que uma bruxa fez ao rei
Haggard que alguém nascido da cidade de Hagsgate ia acabar com o reinado dele e
acabaria com a boa vida que o seu lugar de nascença estava tendo. Com isso, os
cidadãos não decidiram não ter nenhum filho. Porém, alguém teve e abandonou
pela cidade. Quando um dos moradores viu gatos se aproximando da criança, ele
os afastou, pois sabia que era assim o nascimento de um herói. Depois, deixou o
bebê onde estava e o rei o encontrou e o criou. O mago assim presumiu que seria
o príncipe o responsável que cumpriria a maldição. E estava certo de uma forma.
Foi a unicórnio que enfrentou o Boi, fazendo a profecia se concretizar. Mas foi
vendo o amado ferido que a fez ter raiva o suficiente para isso.
De uma forma
geral, gostei da história. É criativa e tem pelo menos dois personagens
interessantes. O amor romântico era clichê, mas é de se esperar pelo ano em que
o livro foi publicado. Não tenho mais nada a dizer a não ser corra para
conhecer esses seres místicos, que aparecem pouco para os humanos, mas até que
com frequência nos filmes. E é claro, que saiba ler inglês. Tentei achar em
português e falhei.
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