sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Apollo e Diana: O encontro parte 7

              Parte 7

            Era um bicho escamoso, de mais ou menos uns vinte metros. Apesar de ter um corpo de serpente, seu rosto possuía um bico de papagaio. Mas não deixava de ser assustador, pois ainda havia presas enormes em sua boca e uma língua grande e bifurcada, vermelha como o sangue e as penas de seu rosto. Além de fazer um som estridente e aterrorizante. Foi isso que Alana viu através da câmera da ave rubra, enquanto tentava esquivá-la de sua bocarra com o controle. Conseguiu aterrissar perto de si e não vendo mais perigo, o Mboi Tu’i voltou para o fundo da lagoa:
            - Eu não acredito!
            - Então, você finalmente acredita que existe um guardião na lagoa? – perguntou Lana.
            - Não, claro que não. Eu não acredito que eu vi um elo perdido. Um réptil que possui penas e bico. Igualzinho aos dinossauros. Esse mundo é realmente muito interessante.
              - Aff...
            - Então, já vimos que ele é um ser enorme e perigoso. O que vocês pretendem fazer? Lutar corpo a corpo?
            - Claro que não! – disse Rosemary. – Somos do tipo que andamos nas sombras.
            - Não querendo ofender, mas não acredito que alguém que ande com um unicórnio seja bom em ser esconder.
            - Não duvide de mim. Tenho habilidades muito boas que só não te mostrarei agora porque não há necessidade.
            - Bom, de acordo com as histórias que contam, a única coisa que o Mboi Tu’i deixou passar pela lagoa foi uma estrela que caiu e que ilumina o meio do lago até hoje.
            - Dá para ver que tem uma iluminação lá no meio de dia e de noite fica mais iluminada.
            - Deve ter alguma explicação lógica para isso. Eu só não sei qual. Bot, me mostre a gravação agora a pouco.
            As imagens gravadas pela ave de metal foram mostradas novamente. Primeiro a lagoa calma, depois algo se mexendo na água e perto do centro iluminado, algo parecido com uma flor amarela. Alana pausou o vídeo:
            - Vocês estão vendo isso?
            - Parece uma flor. – disse Lana. – Nunca tinha notado isso. Mesmo tendo visitado esse lugar várias vezes. Só prestava atenção na luz que vinha debaixo d’agua.
           - Tenho que admitir que apesar de parecer chato, a sua casa tem coisas muito úteis. – comentou Rosemary, se referindo a Bot e a ave rubra.
            - Vocês sabem se esse bicho tem algum apego àquela flor?
            - Bem, ele protege a lagoa de qualquer ser que ouse passar. Mas como eu disse antes, ele não fez nada quando a estrela caiu nela. Pelo que me contaram, a estrela foi um meio de transporte usado pela deusa Flos, uma das deusas encarregadas das flores da primavera, para chegar a lagoa e morar com Lacus. Toda a primavera, a lagoa se enche dessas flores aquáticas.
            - Mas isso só acontece na primavera. – continuou Rosemary. – E não está na época de elas surgirem. Será que aquela ali é permanente.
            - Então, de acordo com o que vocês estão dizendo, ele deixou essa Flos entrar na lagoa. E ainda deixa ela cultivar flores na primavera. Isso parece meio bobo, mas será que ele não gosta do cheiro das flores?
            Lana e Rosemary olharam uma para a outra. Nunca que cogitariam essa possibilidade. Por mais boba que fosse, não custava tentar:
            - Rosemary, vá procurar por flores bem cheirosas enquanto eu preparo o pó do sono.
            - Já vou indo.
            Rosemary desapareceu floresta a dentro. Lana pegou uma pequena tigela de madeira com um pilão e um tipo esquisito de semente com uma coloração azulada que Alana nunca havia visto. Colou a semente na tigela e foi batendo com o pilão até virar pó. Alana se aproximou com curiosidade:
            - Não chegue muito perto. Uma cheirada e você dorme o dia inteiro.
            Demorou uns quinze minutos até Rosemary chegar com uma flor grande e roxa na boca. Ela deu a flor para Lana e começou a falar:
            - Não sabe como foi difícil achar essa flor. Estamos no verão. Não é a época do ano que sai muita flor.
            - Sim. Valeu pelo esforço. Se tudo der certo, farei questão de contar a Alcateia.
            - Mal posso esperar pela recompensa.
            - Pode me emprestar sua ave?
            - Eu tenho escolha?
            Alana entregou a ave rubra para a moça, que parecia o reflexo de si, só que mais determinada. Lana prendeu a respiração e colocou o pó da semente na flor. Depois, pegou uma fita e amarrou a planta bem amarrada na pata da falsa fênix. Olhou para Alana. Não precisou dizer nada que a outra Lana pegou o controle conectado a Bot e fez o pássaro voar até o meio da lagoa. Não demorou muito para o Mboi Tu’i aparecer e Alana ter que desviar a ave para esta não se molhar. O guardião ia atacar, mas logo parou ao avistar a flor roxa. Ele a olhou calmamente, chegando mais perto. Mal o seu bico encostou nela e ele ficou zonzo. Não demorou muito para ele fechar os olhos espalhar água para todos os lados. Até mesmo dormindo ele era assustador. Foi o que Alana digitou depois de pousar a ave rubra em segurança.




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