sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Novos Livros na Banca Sorriso


          
           Oi gente! Informo com muita alegria que meu novo livro A concha musical chegou, ilustrado por Maya Flor, chegou e está à venda na Banca Sorriso junto com outros de nossos livros. A banca fica na Rua Senador Vergueiro, no Flamengo, próxima ao supermercado Ultra. Deem uma checadinha 😉

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Hades e Perséfone com cenas picantes



            Trago agora Corte de Névoa e Fúria, sequência de Corte de Espinhos e Rosas que obviamente foi escrita pela mesma autora do livro anterior, Sarah J. Maas, e veio a público no ano de 2016.

            Três meses após a derrota de Amarantha, Feyre ainda está se acostumando com sua nova vida como feérica, além de lidar com os traumas de sua “estadia” na moradia da perversa rainha. Seu casamento com o amor de sua vida está chegando, mas ela não se sente preparada. Então, um conhecido a ajudará a resolver este problema.

            Se o primeiro livro é baseado no conto de A Bela e a Fera, este é uma releitura do mito de Hades e Perséfone. Quem conhece essa história da mitologia grega deve imaginar onde a história vai parar. O fato de Feyre estar na Corte Primaveril é uma boa menção de que quando Perséfone está com a mãe Deméter, no mundo de cima, ela traz consigo a primavera. Além disso, Feyre é levada da corte pelo “senhor das sombras”, muito similar a descrição de Hades. Outro ponto similar a um conto já existente é o fato de haver doze Grã-sacerdotisas, que são responsáveis por casamentos e espalhar a religião feérica. Esse número é o mesmo do número de fadas presentes no nascimento de A Bela Adormecida. Mas isso pode ter sido apenas coincidência.

            Ao contrário do primeiro livro, este possui uma classificação indicatória para maiores de 16 anos. Dá para entender o porquê. Se no primeiro livro havia algumas cenas de sexo, este aqui duplicou. Mesmo sendo adulta, não gosto desse tipo de conteúdo, ainda mais detalhado. Tive vontade de pular estas partes, mas tive medo de perder algo importante que pudesse aparecer no capítulo.

            Além do sexo, o livro também mostrou um relacionamento abusivo e se conscientizou disso, diferente de vários livros dirigidos a adolescentes, que tratariam isso como algo romântico. E que pode ter toxicidade não apenas com um casal, mas também em uma amizade. Parabenizo o romance por fazer algo que já deveria ter sido feito há muito tempo. Porém, achei o retrato de Tamlin como alguém abusivo meio exagerado. Ele tinha um comportamento possessivo e protetor no outro livro, mas não nesse tom exagerado como é mostrado aqui. Além disso, não lembro de ele ser tão rígido com os empregados como ele é aqui e em Corte de Espinhos e Rosas, lembro dele ter dito não incentivar a hierarquia. Entretanto, o personagem poderia ter mentido. Talvez o feérico tenha mudado devido ao trauma que sofreu, mas ainda assim, achei que foi demais.

            O livro também mostra mais do feminismo, em que os personagens lutam para que as mulheres possam assumir cargos de liderança, como por exemplo o de Grã – senhora, comandante etc. Porém, achei confuso. A antagonista do primeiro livro era comandante de um exército e não vi ninguém mencionando o quão estranho era uma mulher nessa posição. Senti que a autora só colocou isso para chamar a atenção das jovens feministas.

            Indo para os pontos que mais gostei, um deles foi o romance. Sentia falta de um romance em uma literatura fantástica. Teve certos clichês típicos do gênero como um esconder uma verdade do outro, fazendo os dois brigarem, porém não me incomodou. Só para deixar bem claro: o casal que estou mencionando não é Tamlin e Feyre. Quem leu o primeiro livro, já deve ter suspeitas de quem seja. Guardarei este segredo até chegar o momento de resenhar o terceiro livro.

            Gostei também da apresentação de novos locais (o mapa que vem no livro veio até mais detalhado) e a apresentação de novos personagens que se tornam amigos de Feyre, cada um com sua personalidade e história.

            Apesar de alguns incômodos, gostei deste livro, sendo ele no momento o meu favorito entre os dois que já li da coleção. Uma guerra está prestes a começar, afinal, o rei de Hybern não aceitará a morte de sua comandante sem revidar. E eu estarei lá para ver o seu desenrolar.








sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Isso dói?


                     Roteiro: Mariana Torres
                    Arte: Maya Flor


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Recordar infâncias (Charles Perrault e Gustave Doré)


            Nessa terça, fui a uma palestra dada pela Estação das Letras sobre o autor Charles Perrault e o ilustrador Gustave Doré, que fariam aniversário nesse mês. Aprendi várias curiosidades de ambos que vou lhes contar agora.

            Charles Perrault se casou por volta de seus quarenta anos com uma mulher de dezenove, o que era comum no século XVII, e teve três filhos ou quatro filhos (não se tem a confirmação do último e existe a possibilidade de este último seja filho de uma segunda esposa). Ficou viúvo cedo tendo que cuidar de seus filhos. Isso o influenciou a escrever histórias tendo o público infantil em mente.

Ele ficou do lado dos Modernos na Querela dos Antigos e Modernos, uma disputa que houve na Academia Francesa em que os Antigos acreditavam na superioridade da literatura greco-romana sobre as produções francesas enquanto os modernos defendiam que a literatura francesa era tão boa quanto.

            Trabalhou como assistente de Colbert, o ministro da economia do rei Luís XIV. Mas após a morte do ministro, perdeu o seu lugar na nobreza e teve que achar outros meios para conseguir voltar à corte. Um deles foi o envio de sua coletânea dos Contos da Mamãe Gansa, dedicado a “Mademoiselle”, como um presente de casamento, e assinado pelo nome de seu filho Pierre Darmancour para não suspeitarem dele. Mas como seu filho tinha dezessete anos e a escrita era muito boa para ter sido adquirida em tal idade, não foi difícil descobrirem. Mesmo assim, teve seu livro de contos publicado.

Seus contos tinham uma linguagem coloquial e possuíam morais, devido a moda das fábulas na época. Ele teve La Fontaine e Giambattista Basile como inspirações.

            Quanto a Gustave Doré, ele nasceu 1832, dois séculos depois de Perrault, em Estrasburgo. Era caricaturista antes de ganhar sua fama como pintor. Suas pinturas variam do fantástico e sobrenatural ao realismo. Várias delas são litogravuras (pintura feita sobre a pedra) e em preto e branco, que foi dito na palestra, ser mais difícil de fazer do que uma pintura colorida.

            Doré fez ilustrações de vários livros famosos como A Divina Comédia, A vida de Gargântua e Pantagruel, Dom Quixote, a Bíblia e os próprios contos de Perrault, como são mostrados abaixo:






                                                 Ilustrações tiradas do livro Contos de Fadas da editora Zahar

           Em 1869, foi contratado para ilustrar o livro Londres: Uma Peregrinação. Mas seus desenhos foram extremamente criticados, devido ao foco na pobreza da cidade ao invés do glamour. Por viver uma vida de boemia, morreu pobre com apenas 51 anos de idade.
            Apesar de já ter visto suas ilustrações nos contos de Perrault, nunca tinha conhecido a história por trás desse artista nem o seu nome, por isso, fico feliz de ter ido a esta palestra. Gosto muito de suas pinturas e queria que tivesse algum ilustrador brasileiro que fizesse obras parecidas para os meus contos (e que fosse barato). Quanto a Perrault, é sempre bom adquirir conhecimento mesmo de autores bastante conhecidos. Fico feliz de ter ido a esta palestra e espero que venha outras por aí.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Mistério e suspense para crianças



         Encontrei Serafina e a Capa Preta no estande da editora Valentina na Primavera Literária de 2018, que tem todo ano no Museu da República, no Catete, Rio de Janeiro, RJ. Esse evento reúne editoras pequenas e apresenta várias palestras relacionadas ao tema. Recomendo conhecer. Voltando para o livro, Serafina e a Capa Preta que foi escrito por Robert Beatty e é o primeiro livro de uma trilogia.

            Serafina é uma menina de aparência fora do comum que mora escondida no porão da Mansão Biltmore, onde o pai trabalha. Em uma noite, ela vê um homem de capa preta que captura uma menininha, fazendo-a sumir de repente. Escapando por pouco desse ser anormal, Serafina tem que decidir se deve contar aos donos da casa, revelando sua existência, 0 que seu pai a proibiu de fazer ou, enfrentá-lo ela mesma.

            Pelo que foi dito no resumo acima, dá para ver que se trata de um romance sobrenatural com umas pitadas de mistério. Dois fatores principais deveriam ser resolvidos no decorrer da história: quem era o homem da capa preta e qual é a verdadeira origem de Serafina. O primeiro fica bem óbvio com apenas algumas pistas e o segundo foi uma surpresa. Talvez, seja por eu ter enrolado bastante e esquecido algumas das possíveis dicas. Não sei dizer.

            Quanto aos personagens, eles agem conforme a idade que lhes é designada, com crianças como Serafina, acreditando que viu um ser sobrenatural e seu pai, um homem adulto, achando que a filha deve ter imaginado aquilo e dando ouvidos a razão. Essa descrença dos adultos faz com que Serafina procure um aliado que seja de sua idade e que daria mais crédito a sua palavra. Essa é a parte mais realista do livro. Adultos agem como adultos e crianças agem como crianças. Foi algo bem escrito e você sente pela personagem quando ela faz um erro letal, como brincar com filhotes de onça-parda sem esperar que a mãe esteja por perto.

            Uma curiosidade interessante: a Mansão Biltmore realmente existe e é considerada a maior casa dos Estados Unidos, sendo inspirada nos castelos renascentistas da França. Hoje, ela é aberta ao público para visitação. Se eu tivesse visto isso antes de terminar o livro, teria uma noção melhor de seu tamanho. Quando o narrador descreveu achei que tivesse exagerado e que era impossível uma mansão daquele tamanho. Pelo jeito, a realidade cria a ficção.

            Devo começar dizendo que não sou o público para esse livro. Acho que crianças de oito a onze anos são a idade ideal. Infelizmente, depois que você lê vários livros desse gênero fica mais exigente e deseja por algo mais maduro. Demorei a ler este romance, mas terminei rapidamente o Corte de Espinhos e Rosas, apesar do último ter muito mais páginas. Serafina e a Capa Preta fecha a história direitinho, apesar de ter mais duas sequências, por isso, não sinto a necessidade nem a curiosidade de ler o segundo livro. Porém, se você deseja que uma criança percorra esse mundo, só fale para ela ter cuidado. A Mansão Biltmore pode ser grande, mas é necessário conhecer bem os seus esconderijos para o Capa Preta não te pegar.