Nessa terça, fui a uma
palestra dada pela Estação das Letras sobre o autor Charles Perrault e o
ilustrador Gustave Doré, que fariam aniversário nesse mês. Aprendi várias
curiosidades de ambos que vou lhes contar agora.
Charles Perrault se casou por volta de seus quarenta anos
com uma mulher de dezenove, o que era comum no século XVII, e teve três filhos
ou quatro filhos (não se tem a confirmação do último e existe a possibilidade
de este último seja filho de uma segunda esposa). Ficou viúvo cedo tendo que
cuidar de seus filhos. Isso o influenciou a escrever histórias tendo o público
infantil em mente.
Ele
ficou do lado dos Modernos na Querela dos Antigos e Modernos, uma
disputa que houve na Academia Francesa em que os Antigos acreditavam na
superioridade da literatura greco-romana sobre as produções francesas enquanto
os modernos defendiam que a literatura francesa era tão boa quanto.
Trabalhou como assistente de Colbert, o ministro da
economia do rei Luís XIV. Mas após a morte do ministro, perdeu o seu lugar na
nobreza e teve que achar outros meios para conseguir voltar à corte. Um deles
foi o envio de sua coletânea dos Contos da Mamãe Gansa, dedicado a “Mademoiselle”,
como um presente de casamento, e assinado pelo nome de seu filho Pierre Darmancour
para não suspeitarem dele. Mas como seu filho tinha dezessete anos e a escrita era
muito boa para ter sido adquirida em tal idade, não foi difícil descobrirem.
Mesmo assim, teve seu livro de contos publicado.
Seus
contos tinham uma linguagem coloquial e possuíam morais, devido a moda das
fábulas na época. Ele teve La Fontaine e Giambattista Basile como inspirações.
Quanto a Gustave Doré, ele nasceu 1832, dois séculos depois
de Perrault, em Estrasburgo. Era caricaturista antes de ganhar sua fama como
pintor. Suas pinturas variam do fantástico e sobrenatural ao realismo. Várias
delas são litogravuras (pintura feita sobre a pedra) e em preto e branco, que foi
dito na palestra, ser mais difícil de fazer do que uma pintura colorida.
Doré fez ilustrações de vários livros famosos como A Divina
Comédia, A vida de Gargântua e Pantagruel, Dom Quixote, a Bíblia
e os próprios contos de Perrault, como são mostrados abaixo:
Ilustrações tiradas do
livro Contos de Fadas da editora Zahar
Em 1869, foi contratado
para ilustrar o livro Londres: Uma Peregrinação. Mas seus desenhos foram
extremamente criticados, devido ao foco na pobreza da cidade ao invés do
glamour. Por viver uma vida de boemia, morreu pobre com apenas 51 anos de
idade.
Apesar de já ter visto suas ilustrações nos contos de
Perrault, nunca tinha conhecido a história por trás desse artista nem o seu
nome, por isso, fico feliz de ter ido a esta palestra. Gosto muito de suas
pinturas e queria que tivesse algum ilustrador brasileiro que fizesse obras
parecidas para os meus contos (e que fosse barato). Quanto a Perrault, é sempre
bom adquirir conhecimento mesmo de autores bastante conhecidos. Fico feliz de
ter ido a esta palestra e espero que venha outras por aí.
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