Trago agora Corte de Névoa
e Fúria, sequência de Corte de Espinhos e Rosas que obviamente foi
escrita pela mesma autora do livro anterior, Sarah J. Maas, e veio a público no
ano de 2016.
Três meses após a derrota de Amarantha, Feyre ainda está
se acostumando com sua nova vida como feérica, além de lidar com os traumas de
sua “estadia” na moradia da perversa rainha. Seu casamento com o amor de sua
vida está chegando, mas ela não se sente preparada. Então, um conhecido a
ajudará a resolver este problema.
Se o primeiro livro é baseado no conto de A Bela e a
Fera, este é uma releitura do mito de Hades e Perséfone. Quem conhece essa
história da mitologia grega deve imaginar onde a história vai parar. O fato de Feyre
estar na Corte Primaveril é uma boa menção de que quando Perséfone está com a
mãe Deméter, no mundo de cima, ela traz consigo a primavera. Além disso, Feyre
é levada da corte pelo “senhor das sombras”, muito similar a descrição de
Hades. Outro ponto similar a um conto já existente é o fato de haver doze Grã-sacerdotisas,
que são responsáveis por casamentos e espalhar a religião feérica. Esse número
é o mesmo do número de fadas presentes no nascimento de A Bela Adormecida.
Mas isso pode ter sido apenas coincidência.
Ao contrário do primeiro livro, este possui uma classificação
indicatória para maiores de 16 anos. Dá para entender o porquê. Se no primeiro
livro havia algumas cenas de sexo, este aqui duplicou. Mesmo sendo adulta, não
gosto desse tipo de conteúdo, ainda mais detalhado. Tive vontade de pular estas
partes, mas tive medo de perder algo importante que pudesse aparecer no
capítulo.
Além do sexo, o livro também mostrou um relacionamento
abusivo e se conscientizou disso, diferente de vários livros dirigidos a
adolescentes, que tratariam isso como algo romântico. E que pode ter toxicidade
não apenas com um casal, mas também em uma amizade. Parabenizo o romance por fazer
algo que já deveria ter sido feito há muito tempo. Porém, achei o retrato de
Tamlin como alguém abusivo meio exagerado. Ele tinha um comportamento
possessivo e protetor no outro livro, mas não nesse tom exagerado como é
mostrado aqui. Além disso, não lembro de ele ser tão rígido com os empregados
como ele é aqui e em Corte de Espinhos e Rosas, lembro dele ter dito não
incentivar a hierarquia. Entretanto, o personagem poderia ter mentido. Talvez o
feérico tenha mudado devido ao trauma que sofreu, mas ainda assim, achei que
foi demais.
O livro também mostra mais do feminismo, em que os
personagens lutam para que as mulheres possam assumir cargos de liderança, como
por exemplo o de Grã – senhora, comandante etc. Porém, achei confuso. A
antagonista do primeiro livro era comandante de um exército e não vi ninguém
mencionando o quão estranho era uma mulher nessa posição. Senti que a autora só
colocou isso para chamar a atenção das jovens feministas.
Indo para os pontos que mais gostei, um deles foi o
romance. Sentia falta de um romance em uma literatura fantástica. Teve certos
clichês típicos do gênero como um esconder uma verdade do outro, fazendo os
dois brigarem, porém não me incomodou. Só para deixar bem claro: o casal que
estou mencionando não é Tamlin e Feyre. Quem leu o primeiro livro, já deve ter suspeitas
de quem seja. Guardarei este segredo até chegar o momento de resenhar o
terceiro livro.
Gostei também da apresentação de novos locais (o mapa que
vem no livro veio até mais detalhado) e a apresentação de novos personagens que
se tornam amigos de Feyre, cada um com sua personalidade e história.
Apesar de alguns incômodos, gostei deste livro, sendo ele
no momento o meu favorito entre os dois que já li da coleção. Uma guerra está
prestes a começar, afinal, o rei de Hybern não aceitará a morte de sua
comandante sem revidar. E eu estarei lá para ver o seu desenrolar.
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