Sempre tive a curiosidade
de saber o que tinha acontecido na Odisseia de Homero. Mas por ser bem
longa e ainda ter o formato de poesia, sempre me afastava. Ainda assim, achei a
solução para o meu problema. Ruth Rocha conta a Odisseia é, como diz o
título, a Odisseia contada nas palavras de Ruth Rocha, autora muito conhecida na
literatura nacional infantil, cujo livro mais conhecido é Marcelo, Marmelo, Martelo.
Após o término da Guerra de Troia e de vários problemas
em sua viagem de volta, Ulisses foi parar na ilha da ninfa Calipso, e não
consegue sair de lá. Enquanto isso, sua esposa Penélope e seu filho Telêmaco
fazem de tudo para que os pretendentes da suposta viúva, que estão acomodados
em sua casa e acabando com seus bens, desistam dessa ideia de casamento e vão
embora.
Há muitas semelhanças das histórias da mitologia grega
com os contos de fadas. Não duvido que o primeiro tenha influenciado o último.
Um exemplo é a possibilidade do conto A Bela e a Fera ter sido inspirado no mito de Cupido e Psique. Eu mesma criei um conto baseado no
que aprendi nas aulas de mitologia como parte de um trabalho da faculdade.
Tirei 9.8. O conto se chama Jornadas e vários de seus personagens são
baseados nos deuses da mitologia grega. Ele é uma das histórias contidas no
livro A Pena Mágica e outros contos. Recomendo para treze anos ou mais.
Mas voltando ao assunto, muito elementos dos mitos gregos são encontrados nos
contos de fadas.
Na
Odisseia, o orgulho de Ulisses causa a ira de Poseidon, o deus dos
mares, que dificulta sua volta para casa e a perda de todos os seus
tripulantes. Todos que tem algum dos sete pecados se dão mal. Isso também
acontece em contos como em A roupa nova do rei, em que sua vaidade faz
com que ele seja facilmente enganado. Há também os que desobedecem ordens
superiores. Ulisses recebeu o conselho de não matar os animais do deus Hélio.
Ele fala isso aos seus homens, que acabam desobedecendo e sendo punidos pelo
deus. Se Branca de Neve não tivesse ouvido o conselho dos anões, não teria sido
enganada pela madrasta três vezes. E ainda, a intromissão de Athena e Hermes,
deuses poderosos do Olimpo, lembra bastante quando um ser mágico ou animal
falante aparece para ajudar o protagonista de contos de fada, como a fada
madrinha da Cinderela e o gato em O gato de botas.
As ilustrações do livro foram feitas por Eduardo Rocha, o
marido da autora que infelizmente faleceu em 2012. Seus desenhos lembram
bastante as figuras dos vasos antigos da Grécia com um toque infantil. Apesar
de simples, as imagens combinaram bastante com a história, dando o toque da
época que surgiram esses mitos. Por causa desse livro, o ilustrador ganhou o
Prêmio da Fundação do Livro Infantil e Juvenil de 2001.
Curiosidades interessantes: Sabiam que o nome Odisseia
vem de Odisseu, o nome grego de Ulisses? Enquanto Ilíada vem de Ílion, outro
nome dado a cidade Troia que significa “rica em cavalos”? Algo que não gostei
aqui foi que Hélio, o deus sol e Apolo, deus da luz e da música são a mesma
pessoa nessa história apesar de serem entidades diferentes, um sendo um deus
titã antigo e o outro um deus olimpiano filho de Zeus.
Acredito que o livro é bom para apresentar as crianças
para a Odisseia, ou para a mitologia grega de um modo geral. Sua linguagem é
simples e as palavras estranhas costumam ter uma nota explicativa. Li este
livro não só para conhecer a Odisseia de uma maneira mais simples, mas também
para me preparar para um próximo romance que vou ler. Qual é o nome dele? Vocês
descobrirão em uma próxima resenha.
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