Depois de dois romances
baseados na religião cristã, vamos agora para um livro de ficção histórica. O
Príncipe e o Mendigo foi escrito em 1881 por Mark Twain, também autor de
dois clássicos da literatura americana: As Aventuras de Tom Sawyer e
As Aventuras de Huckleberry Finn. O Príncipe e o Mendigo teve
várias adaptações televisivas. As versões que tive contato na minha infância
foram a animação feita pela Disney de mesmo nome em 1990 e o desenho da Barbie de
2004, chamado A Princesa e a Plebeia.
Na Inglaterra do século XVI, nasceram dois meninos idênticos
na aparência, mas bastante diferentes em status sociais: Tom Canty, que veio de
uma família pobre e Edward Tudor, o Príncipe de Gales. Tom sonhava em ser um
príncipe até que por sorte do destino, ele encontrou Edward. Após conversarem,
o príncipe se interessou pelas brincadeiras da classe baixa e, aproveitando a
similaridade de seus corpos, tem a ideia de trocarem de lugar.
Acredito que o clichê de uma pessoa rica trocar de lugar
com uma pessoa pobre e ambas vivenciarem a vida uma da outra tenha começado com
esse livro. O mendigo vê o quanto o príncipe tem de obrigações para manter ordem
no país e o príncipe vê as dificuldades que seu povo passa, como bandidos, leis
e punições rígidas. Edward nunca presenciara isso tão de perto, pois vivia
trancado em palácios com a nobreza, sem ter a liberdade de ir para qualquer
lugar. Mas o livro não ignora o fato de que entre as duas, a vida de príncipe
era muito melhor, com Tom tendo não só se acostumado como também gostado de ser
rei, enquanto Edward desejava mais que tudo voltar para a sua antiga rotina,
mesmo tendo encontrado um bom amigo no soldado exilado Miles Hendon durante sua
jornada.
Como dito no primeiro parágrafo, O Príncipe e o
Mendigo se trata de uma ficção histórica, ou seja, uma história que retrata
eventos e figuras históricas através de histórias fictícias, misturando a
realidade com a imaginação. Personagens como príncipe Edward e sua família
realmente existiram. Antes de morrer em seus quinze anos, Edward colocou sua
prima como sucessora, mas sua irmã Mary tomou o trono e ficou conhecida como
Bloody Mary, e perseguiu os protestantes por toda Inglaterra. Também é fato de
o reino ter ficado bastante endividado após a morte do rei Henry VIII,
conhecido por ter separado a Igreja da Inglaterra da autoridade do Papa e
fundar a Igreja Anglicana. Ele também era conhecido como um rei cruel que
perseguiu cristãos.
É um bom livro. Recomendo sua leitura para crianças de
dez a doze anos e para adultos que desejam conhecer uma ficção histórica com um
enredo simples, mas com boas lições e cheio de tramas. E lembre-se: se
encontrar alguém que seja muito parecido com você, pense bem antes de querer
trocar de lugar com essa pessoa. Talvez sua vida seja melhor do que você pense.