Começarei o blog apresentando o meu primeiro conto publicado no livro 164 – circular pela editora Texto Território. Nele são apresentados vários contos feitos por alunos da PUC-Rio da aula de Oficina de Texto Editorial do ano de 2015. A princípio, iríamos aprender como revisar originais e preparar textos que compõem um livro, fazendo a orelha, a quarta capa etc. No final fizemos nosso próprio livro. Foram aulas bem produtivas.
Ebabitnebi
Era uma manhã
comum, meu pai estava me levando para a escola em seu carro. Enquanto ele
dirigia, eu ficava no banco de trás olhando para a paisagem. Fiquei observando
até que avistei um carro igualzinho ao nosso. Não era raro encontrar um Classic
nas ruas, mas o que eu achei estranho foi que era a mesma cor dourada e tinha
um arranhão na porta traseira do carro que nem o dele, só que ao invés de ser
na direita era na esquerda.
O motorista
era uma mulher de cabelo curto e negro. Pude notar esses detalhes por causa do
trânsito que estava lento, o que era incomum, pois a essa hora da manhã não
costumava ser assim, não estava chovendo nem nada. Meu pai ligou o rádio, mas
ele não deu notícia de nenhum acidente naquele bairro. Pedi para meu pai colocar
um CD e, enquanto estava fazendo o que pedi, olhei para a minha direita e vi
que a mulher fazia o mesmo.
Achei uma
grande coincidência. Quando olhei para a janela de trás do carro vi que havia
um menino. Ele estava usando o mesmo uniforme que eu e parecia ter a mesma
idade que a minha. “Deve ser da outra sala”- pensei. Comecei a olhar mais para
ele. Tinha cabelos negros, sobrancelhas grossas que nem a mãe dele. Supus que a
motorista fosse a mãe dele pela aparência, a única diferença era que ele tinha
uma pele mais branca que nem a minha. Pele branca que nem a minha! “Espere um pouco”-
pensei. Não era só a pele branca, eram os olhos, as sobrancelhas, a cor do
cabelo e a expressão do rosto. Ele era idêntico a mim, a única diferença era
que ele era menino.
De repente, o
carro parou. Meu pai desceu do carro e me pediu para fazer o mesmo. E o fiz,
enquanto ao lado, a mulher e o menino faziam o mesmo. Meu pai disse que o carro
estava com algum problema e falou que enquanto ele resolvia para eu ir
conversando com o menino ao lado. Fui até o garoto e perguntei o seu nome e ele
respondeu, mas não entendi o que ele disse. Pedi para ele repetir e ele
repetiu. Continuei sem entender nada, o que me deixou angustiada, pois eu vi
que o meu pai e a mulher estavam conversando naturalmente, mesmo que ela esteja
falando algo completamente incompreensível.
“Acho que
estou ficando louca.”- pensei. O garoto continuou falando de uma maneira que eu
não conseguia entender. Como eu devia ter feito uma cara de boba quando ele
falou, ele tirou da sua mochila um caderno e um lápis e escreveu:
ÊCOV UOS.
Quando li,
achei que estava em outra língua, mas então percebi que não me era estranho.
Peguei o pequeno espelho de dentro da minha mochila e coloquei ao lado de seu
caderno. Então li:
- Sou você.
Do nada o
mundo ficou distorcido, e o cabelo do menino parecia estar crescendo. Fiquei
tonta. Decidi fechar os olhos para ver se a tontura passava. Quando abri,
estava no banheiro da minha casa. E ao invés de estar o menino na minha frente,
estava o enorme espelho e o meu reflexo olhando para mim. Cabelos negros, sobrancelhas grossas.
Muito bom!
ResponderExcluirAguardando novidades.
ResponderExcluirAdorando! Aguardando mais!
ResponderExcluirQue bom que você está gostando. Novidades em breve. Beijos.
ExcluirAh, que lindo esse conto! E como você escreve bem. É daqueles textos que entretém a atenção de uma maneira tão natural, agradável, sabe? Com aquele gostinho que quero mais! :) Seus pais já tinham me dito que você escrevia muito bem. E comprovei agora que eles têm razão. Parabéns, Mariana!
ResponderExcluirMuito obrigada :) Suas palavras me deixaram bem feliz e são um estímulo para eu continuar. Em breve, novidades. Abraço.
ExcluirA sexualidade e o espelho não são realmente complementares... Por isso a distorção e a angústia... Fortes são seu cabelo escuro e sobrancelhas grossas que tornam o texto igualmente forte! Beijinho!
ResponderExcluirBela visão psicológica. Obrigada, beijos.
ExcluirAmei! Sucesso nesta nova empreitada.
ResponderExcluirObrigada :)
ExcluirMuito bom, Mariana!
ResponderExcluirSucesso
Obrigada :) Beijo.
ExcluirParabéns, Mariana! Sucesso! ;)
ResponderExcluirObrigada :)
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