quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Lançamento de livro



         Finalmente! O lançamento do meu primeiro livro solo está chegando. E todos estão convidados. O livro A pena mágica e outros contos contém histórias inéditas, no estilo fantasia que gosto tanto de fazer. Espero encontrá-los no dia 23 de setembro na Blooks Livraria. Vocês podem aproveitar e ir no cineminha também 😉


            Abraço para todos!

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Apollo e Diana: O encontro parte 5

              Parte 5

            Passaram por várias barracas. Era dia de feira na cidade Ouro Branco e, como era de se esperar, estava lotada. Mas como estavam junto de um unicórnio, que obviamente ocupava mais espaço, as pessoas foram dando espaço para o grupo. E ainda paravam o que estavam fazendo para ver o robozinho, coisa que elas nunca haviam visto:
            - Se fosse em Prata Branca, ia ser o contrário. – sussurrou Lana, ciente da situação. – Bot, você obedeceu a ela quando me trouxe para cá?
            - Eu sempre obedeço a mestre Lana. Ela me disse para usar uma ave rubra para vir para cá e eu as acompanhei.
            - Como pode ter usado a ave rubra? Somos grandes e ela é...
            - A mestre jogou um pó e as encolheu.
            - Você gravou isso?
            - Minha memória sempre grava.
            - Ótimo. Depois eu vejo então. E escute, você foi programado para me obedecer e somente a mim. Não importa o quanto ela é parecida comigo. Entendeu? Grave isso na sua memória.
            - Gravado.
            - Estamos chegando. – avisou a outra Lana. – Escute, nós já temos a mesma aparência e ter o mesmo nome já é demais. Iria ficar confuso se continuar assim. Precisamos arrumar um outro nome para você enquanto estiver aqui.
            - Que tal o seu nome ao contrário? – sugeriu Rosemary.
            - Ana... Não, nem pensar.
            Rosemary deu uma risadinha, apesar de manter sua face imóvel. Andaram mais uns dez minutos até pararem em uma barraca colorida, cheia de panos bem desenhados e objetos estranhos, desde potes contendo uma criatura morta a bonecas vodu.  A outra Lana tocou um sino que estava pendurado na ripa de cima. Logo apareceu uma senhora gordinha de nariz de batata, usando lenço no cabelo e óculos arredondados e pequenos. Por algum motivo, ela lembrava Lana de alguém:
            - Bom dia, em que posso ajudar? Algumas de minhas mercadorias lhe agradou, ou será que gostaria de uma informação em troca de alguns réis? Ah, é você Lana e... Lana? Há duas de você?
            - Na verdade, essa daqui veio do céu. – disse Rosemary. – chama ela de A...
            - Alana. – disse a Lana do planeta Apollo, antes de Rosemary acabar a frase. – Me chame de Alana.
            - Lana e Alana. Parece nome de gêmeas. Mas você disse que ela veio do céu?
            - Eu preciso falar com você em privado. – falou Lana da cidade de Ouro Branco. – Um lugar onde “ele” não chame muito atenção.
             As pessoas da feira se agruparam em volta de Bot para examiná-lo, chegando a ponto de abusar do coitado, cutucando com varetas para ver sua reação. Mesmo “Alana” tendo-o colocado no colo desde metade da caminhada, elas ainda não haviam parado. A senhora da tenda abriu uma portinhola e fez sinal para que a seguissem. Para Rosemary entrar deu um belo trabalho, mas a senhora parecia estar acostumada com isso. Dentro da barraca, havia uma escada rumo ao subterrâneo, e foi para lá que eles foram. Lá embaixo seria do tamanho equivalente a uma pequena casa. Até tinha paredes de madeira que dividiam os cômodos da “residência”. Eles se sentaram no sofá da “sala”, enquanto a dona se acomodou numa cadeira. Ela pediu ao filho, que estava lavando a louça, para subir e cuidar da barraca lá em cima. Ofereceu bebida a todos, mas eles declinaram gentilmente:
            - Então, o que vocês querem com a velha Edir que é de tamanha importância?
            - Dona Edir, essa moça que tem aparência igual a minha, veio de um reino lá de cima, que é todo cinza e esquisito, com seres iguais a este homenzinho de prata aqui.
            - Ele é um robô.
            - Que seja! Ela disse que o Igneus vai entrar em erupção daqui há algumas semanas.
            - Precisamente, duas semanas, daqui a... – começou Bot, antes de ser interrompido.
            - Precisamos de informações de como pará-lo e impedir que destrua nossas casas.
            - Você acha mesmo que ela vai acreditar no que você disse?
            Lana tirou da bolsa a ave rubra e colocou na mesa:
            - Isso foi o que ela usou para espionar as nossas terras, ou planeta como ela chama.
            Dona Edir pegou o objeto e mexeu com curiosidade:
            - Jamais vi algo assim, e muito menos um homenzinho de metal falante. Vou confiar em sua palavra.
            - Como vocês pretendem parar um vulcão? Não existe essa possibilidade. É mais fácil evacuar a cidade antes que aconteça e os desavisados poderiam se esconder aqui no subsolo.
            - Não iria caber muita gente aqui e o pessoal daqui é teimoso, minha querida, iriam preferir morrer com sua terra do que vê-la ser destruída. Tenho uma ideia do que vocês possam fazer. Mas isso lhes custará caro.
            - Você mora aqui, não mora? Por que está cobrando para salvar sua terra?
            - Não nasci aqui e saio de dois em dois meses para vender minhas mercadorias. Não tenho apego a nenhuma terra.
            Lana tirou um saco de moedas e colocou na mesa. A velha o abriu e foi contando calmamente. Acabando de contar as cento e cinquenta moedas de cor dourada, ela deu um sorriso, revelando dois dentes dessa mesma cor no lugar de seus caninos:
            - Bem, isso com certeza vai dar. Bom, Lana, você sabe que quando acontece ou está para acontecer um desastre desses é porque um deus está zangado com algo ou alguém.
            - A senhora está me dizendo que acredita em deuses que controlam a natureza?
            - Não só acredito, minha querida Alana, como já vi alguns com meus próprios olhos e com um pouco de magia em pó, é claro.
            - Nunca ouvi tanta bobagem. – disse Alana em voz baixa para si mesma, depois aumentou o tom para todos ouvirem. – O que a ave rubra detectou foi que aqui é uma zona em que duas placas tectônicas que estão em movimento e...
            - Quanta bobagem, minha querida. O povo de cima, pelo jeito, não sabe de nada daqui debaixo, mesmo com essa ave mágica que vocês têm.
            - Não é mágica. É feita com tecnologia avançada.
            - Voltando ao assunto, Lana, você conhece a história de Lacus e Igneus, não conhece?
            - Claro, minha mãe vivia me contando essa história na hora de dormir. Quando Igneus brigou com os céus, ele decidiu se vingar, jorrando lava tanto para a moradia divina quanto para a nossa. Mas Lacus, filha de Tálassa, junto com seus irmãos e irmãs, trouxeram uma grande chuva que fez a lava esfriar e fechar o vulcão, prendendo Igneus lá dentro. Para vigiar Igneus, Lacus criou a nossa Lagoa da Estrela Caída e fez dela sua moradia.
            - Por que Lagoa da Estrela Caída?
            - Isso é outra história. Rosemary pode te contar depois.
            - Se eu estiver a fim.
            - Na minha região também tem uma lagoa. Só que tem outro nome. E obviamente não foi assim que ela surgiu.
            - O lugar onde você mora parece ser chato. – comentou Rosemary. – Não me impressiona de vocês quererem dar uma espiada no nosso.
            - Bem, você conhece a lenda. E pela lenda, sabe que tem que ir até Lacus. Mas não será fácil. Há guardiões que protegem a sua moradia. E é claro, precisaria de um equipamento adequado.
            Edir fez sinal com a mão, dando um sorrisinho. Lana passou outro saco de moedas, de má vontade.  


terça-feira, 15 de agosto de 2017

A ponte da floresta


                                Imagem tirada da internet

           
            Você já conhece a história da menina de capuz vermelho, não? Mas agora imagine que ao invés de vermelho fosse azul noturno e ao invés de ser seguida pelo lobo, ela segue uma moça de vestido negro com uma fita vermelha amarrada na cintura. O rumo da história seria completamente diferente. E assim o será.
            Estela foi caminhando para a casa de sua avó, que morava na floresta. Ela estava doente e como a mãe de Estela estava trabalhando, pediu a sua filha que fosse até a casa da avó e levasse os remédios e a comida para ela. A idosa tinha problemas respiratórios e eles apareciam com frequência quando estava na cidade. Por isso, escolheu fazer sua casa na floresta, onde o ar era mais puro. Ela se acostumou bem rápido, vivendo normalmente e até fazendo coisas que avós costumam fazer, como chamar os netos para passarem o dia na sua casa, contando histórias e fazendo roupas para eles. Foi ela que fez a capinha azul noturno para Estela. E a garota adorava aquela capa.
            A menina sabia o caminho de cor. Era a neta que mais a visitava e adorava o fazer em seus horários livres. No meio do caminho, viu um ninho de passarinho caído no chão. Decidiu colocá-lo na árvore, que era o seu lugar. Como era muito baixa para alcançar o galho, teve que escalá-la. Ela conseguiu, mas na hora de descer, deu uma escorregada e caiu de cabeça no chão. Para a sorte dela, ela ficou com apenas alguns machucados e podia voltar a trilha.
            Andando, viu uma visão incomum: uma mulher de vestido preto e com uma fita vermelha amarrada na cintura, estava caminhando segurando um bebê, em uma direção que Estela nunca havia tomado. Como nunca havia visto nenhuma pessoa por essa floresta, a não ser alguns caçadores e lenhadores, ela resolveu seguir a mulher desconhecida. Vovó não vai ficar preocupada se eu chegar alguns minutos atrasada. Pensou. Ela a seguiu escondida até ela ver uma ponte. A mulher cruzou a ponte com o bebê sem nenhum problema, mesmo ela sendo feita de terra e não ter nada que pudesse usar para se apoiar. Estela esperou um pouco antes de cruzar a ponte, e quando o fez, foi bem devagar, olhando cada passo que dava, notando que ela tinha uma vegetação que a dava um certo charme.
            Como enrolou muito para chegar ao outro lado, Estela perdeu a moça desconhecida de vista. Mas como havia acabado de cruzar, decidiu seguir em frente, para ver se encontrava algo de interessante. E encontrou. Ao continuar andando, encontrou uma cidade. Ninguém havia lhe contado sobre a existência da tal. Ela era bem bonita, e suas casas eram pintadas nas cores azul e rosa. Além disso, parecia que eles estavam em festa, pois havia gente fantasiada de caveira e várias barraquinhas com comida. Estela quis passear mais um pouco, até ver um rosto familiar:
            - Vovó?
            A senhorinha estava segurando uma máscara de caveira, mas estava usando o seu vestido caseiro, algo que se destacava no meio da gente de roupas espalhafatosas:
            - Minha estrelinha, o que você faz aqui?
            - Eu ia te visitar com a caixa de remédios e comida, até que eu vi uma moça de vestido preto e fita vermelha e a segui. Mas que bom encontrar a senhora aqui. Que cidade é essa?
            - Nem sei direito. Cheguei a pouco tempo.
            - E suas alergias?
            - Não sinto nenhuma aqui.
            - Que bom. Podemos dar uma volta?
            - Sim, minha querida. Vamos.
            Elas passearam em cada canto do lugar. Além de provar comidas que nunca tinha provado na vida, Estela as achou com um gosto inimaginável, que parecia não existir em nenhum outro local. A duas viram a parada das caveirinhas, que era bem parecida com o carnaval da sua cidade, mas todos usavam a mesma máscara. Havia tendas com vários jogos conhecidos e desconhecidos, nos quais Estela jogou até cansar. E totalmente gratuitos. Tudo na verdade era gratuito. Nessa cidade não havia o uso de moedas, o que deixou a menina encantada:
            - Poderíamos mudar todo mundo para cá. Aqui muito mais divertido que em casa. – disse ela para a avó.
            - Sim querida, um dia...
            A moça que Estela havia seguido apareceu na sua frente de repente. Estela nem vira de onde ela havia surgido, mas como havia um monte de gente no local, ela nem se incomodou com isso:
            - O que você faz aqui? – perguntou ela para Estela. – Você não pode ficar aqui.
            - Por que não?
            - Porque não é o momento. Venha, te deixarei no local onde você estava.
            - Mas e a vovó?
            Sua avó deu um abraço e um beijo carinhoso:
            - Tchau minha querida.
            - Você vai voltar para sua casa depois né vovó? Eu tenho que te entregar os remédios e...
            Não deu tempo dela falar mais nada, pois ela foi puxada pela moça de fita vermelha na cintura. Saíram pela floresta e passaram por aquela ponte. Foram rápidas. Estela nem precisou ser cuidadosa daquela vez, pois a mulher parecia ser acostumada a puxar alguém pela mão naquele lugar. A moça a deixou exatamente onde Estela tinha caído quando foi colocar o ninho na árvore. Então ela disse:
            - Agora, abra os olhos.

            Estela abriu os olhos. Estava deitada no local onde caíra, com os remédios todos espalhados pelo chão. Por sorte, a comida não se fora totalmente, tendo alguns pássaros comido o que caiu na grama. Estela se levantou toda dolorida e colheu os remédios, colocando-os de volta em sua cesta. Estela andou pelo caminho que havia seguido a moça, mas ao chegar no local onde havia a ponte, ela não estava lá, tendo apenas um abismo dividindo a floresta em duas partes. Foi apenas um sonho. Decidiu voltar para o seu curso de origem. Quando chegou na casa de sua avó, bateu na porta. Ninguém atendeu.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Fronteiras do Universo parte 1: Igreja vs Ciência



             Estava havendo uma reforma na minha casa para instalar uma prateleira nova. Então, foi tirada uma porção de livros até que pudessem terminar. Esse era um deles. Eu fico na sala mexendo no meu computador e ele estava lá. Ele me chamava: Me pegue. Me leia. Você me comprou há muitos anos atrás e ainda não me leu. Sou até de uma edição mais antiga que a que estão vendendo agora, para ver o quanto sou velho. Me pegue. Estou até amarelado de tanto esperar. Me pegue. Logo que acabei o The Last Unicorn, eu finalmente o peguei. E ele me contou a sua história.
            A Bússola Dourada ou A Bússola de Ouro na edição mais recente, foi escrita pelo inglês Philip Pullman em 1995, e é o primeiro da trilogia Fronteiras do Universo. Eu também possuo o segundo livro, mas os dois tem uma edição diferente, devido eu ter comprado o primeiro antes do lançamento do filme, que estreou em 2007. O que para mim não é uma coisa legal, pois eu gosto de ter uma coleção toda combinada. Com relação ao filme, ele não fez muito sucesso, apesar de ter um elenco bastante conhecido. Porém, ouvi falar que haverá uma série que focará todos os livros.
             Lyra é uma menina que foi criada a vida toda na Faculdade Jordan, tendo um tio muito ocupado em viagens. Mas começou a ter uma onda de desaparecimentos de crianças por vários locais, chegando a sua cidade. Ela junto com seu daemon (se lê dimon) Pantalaimon decidem investigar, começando assim suas aventuras.
            Algo que achei interessante foram os daemons. Todas as pessoas vivas possuem um, que na infância podem mudar para qualquer animal, até a criança crescer e ele se fixar em uma forma. Eles são as almas dos seres humanos. Seu nome em latim significa divindade ou espírito, mas é impossível pensar que o autor escolheu apenas por causa do seu significado literal. Como eu disse acima, daemon se lê dimon, que em inglês lembra o som da palavra demon (demônio). Coincidência? Acho que não.
Apesar de ser um livro do gênero fantasia, com bruxas e ursos falantes de armadura, existe um tópico nesse livro que discuti algo que até os dias não houve uma solução ou uma completa concordância entre elas: quem está certa, a ciência ou a religião? Acredito que seja por isso que esse livro deu certa controvérsia, pois até hoje existe esta disputa. Além disso, a história se refere a Igreja Cristã com uma completa inabilidade de aceitar pesquisas cientificas que envolvam a existências de outros mundos que não seja o terreno e o divino, mas que aceita a criação do Conselho de Oblação para fazer experimentos em crianças para saber mais sobre o Pó. O Pó seria partículas que só aparecem em adultos e, por algum motivo, as crianças não os tem e só começam a ter quando atingem a puberdade. Imagino que deste ponto, vocês podem tirar suas teorias, pois não vou falar mais nada disso.
             Lyra, a protagonista da trama, é o que eu chamaria de uma tomboy, ou seja, uma menina que gosta de hobbies considerados masculinos. Ela se envolvia em brigas com meninos, seus amigos também eram em sua maioria, senão todos, garotos e ela nunca brincou de boneca ou coisas deste estilo. Acho uma reviravolta interessante que ela tenha que em sua jornada usar não a força, mas a inteligência para resolver seus problemas, aprendendo a enganar as pessoas para se salvar. Não que a arte de mentir seja algo exclusivo das mulheres, isso seria ofensivo, porém ver uma garota que tenha uma certa força em seus pensamentos em um mundo machista é algo que vejo como positivo para uma personagem. Se bem que gostaria de ver o que aconteceria nesse tipo de trama se fosse uma garota mais feminina como protagonista. Seria um pouco diferente, imagino, mas também seria interessante.

          No final, houve uma ocorrência estranha na relação entre dois personagens, que eu não esperava que acontecesse e deixou o que eu chamo de cliffhanger (deixa para uma possível continuação). Não vou me deter a mais detalhes. Vou deixar isso para a análise do segundo livro. Enquanto isso, aproveitem e leiam o primeiro antes de embarcar no próximo mundo, que como diz o próprio romance, se passará no “universo que nós conhecemos”.

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Apollo e Diana: O encontro parte 4

           Parte 4

            - Ela não vai acordar não? Já é de manhã.
            - Já era para ela ter acordado. O sonífero não tem uma duração tão longa assim.
            - Vai ver ela estava com sono quando você o atirou.
            - Mestre?
Lana acordou. Estava deitada em um sofá usando uma pele como cobertor. Em sua volta estava Bot, segurando os seus óculos de múltiplas utilidades; seu reflexo e um cavalo branco, de crina e cauda roseadas e chifre pontudo como agulha:
- Onde estou?! Como vim parar aqui? Isso aqui é um unicórnio?
- Isso aqui não, garota. Mais respeito. – respondeu o ser místico, sem mover a boca. Seu chifre havia mudava para uma cor azul quando sua voz saía. – Posso ser mais nova que grande parte dos unicórnios, mas devo ser bem mais velha que você.
- Você está na minha casa. – respondeu a Lana do planeta Diana. – Trouxe você aqui para me ajudar a impedir que o Igneus entre em erupção.
- Ficou maluca! Não existe meio de se parar a erupção de um vulcão. A ciência ainda não descobriu nada para fazer isso. O jeito é fugir e arrumar outro lugar para morar. E por que eu estou te ajudando?! Meu chefe vai me matar...
- Quer comer alguma coisa para se acalmar? Se quiser eu pego algo para você na geladeira.
- Geladeira? Como vocês podem ter geladeira? Vocês eram para estar no que o meu planeta considera a era medieval.
- Era medieval? Isso foi há séculos atrás. – intrometeu-se Rosemary. – Nem eu era nascida.
- Achava que por usarem fênix falsas, vocês sabiam disso.
- Evitamos de ter contato com os nativos desse planeta. Mas acho que estão inventando meios para isso. Isso é, se já não inventaram. Há muita coisa que fica em segredo.
Lana foi levada para a cozinha. Sentou-se junto a uma mesa de madeira e viu uma lareira. Era a primeira vez que havia visto uma, pois elas haviam deixado de existir há muito tempo. Mas com certeza era a primeira vez que via uma geladeira feita de madeira. Era tão bonitinha e bem esculpida. A outra Lana colocou uma luva que estava em cima da mesa. Abriu um pouco a porta da geladeira e tirou uma jarra de água e colocou em um copo para a visita, que bebeu de bom grado:
- Eu ofereci para o seu companheiro, mas ele disse que não bebe e nem come.
- Sim. Ele se recarrega de energia solar a cada duas semanas. Vocês têm eletricidade nesse mundo?
- Não sei o que é isso.
- Do que funciona a sua geladeira?
- De magia.
- Magia? Isso não existe.
- No seu mundo pode não existir, mas aqui existe sim.
Bot abriu a geladeira de curiosidade. Dela saiu um vento frio e forte, que parecia até neve. Bot fechou-a. Estava todo molhado:
- Meu sistema diz que isso não é uma geladeira comum. E também diz que se eu fizer isso novamente, ele deixará de funcionar.
- Venha cá Bot, deixa eu fazer algumas anotações.
Já que sabia que não ia voltar para casa tão cedo, Lana aproveitaria cada descoberta que fazia desse mundo. Nas costas de Bot, surgiu um teclado e detrás de sua cabeça, uma tela. Lana tirou um pouco da água dele com a mão e começou a digitar:
- Quer comer alguma coisa também? – perguntou a outra Lana. – Daqui a pouco a gente vai sair.
- Sair para onde?
- Vamos encontrar um velho amigo. Quer ou não quer?

Lana acabou aceitando as torradas com manteiga e café, que virou sua refeição pelo resto da manhã. Ela e Bot acabaram indo com elas. Se a perguntassem do porquê ela havia ido, ela diria que foi porque não teve escolha, e que a outra Lana não a deixaria ir embora. Mas na verdade, era por ser uma pessoa curiosa e atraída por coisas belas e fofas, sendo o unicórnio da outra Lana uma delas.