sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Fronteiras do Universo parte 1: Igreja vs Ciência



             Estava havendo uma reforma na minha casa para instalar uma prateleira nova. Então, foi tirada uma porção de livros até que pudessem terminar. Esse era um deles. Eu fico na sala mexendo no meu computador e ele estava lá. Ele me chamava: Me pegue. Me leia. Você me comprou há muitos anos atrás e ainda não me leu. Sou até de uma edição mais antiga que a que estão vendendo agora, para ver o quanto sou velho. Me pegue. Estou até amarelado de tanto esperar. Me pegue. Logo que acabei o The Last Unicorn, eu finalmente o peguei. E ele me contou a sua história.
            A Bússola Dourada ou A Bússola de Ouro na edição mais recente, foi escrita pelo inglês Philip Pullman em 1995, e é o primeiro da trilogia Fronteiras do Universo. Eu também possuo o segundo livro, mas os dois tem uma edição diferente, devido eu ter comprado o primeiro antes do lançamento do filme, que estreou em 2007. O que para mim não é uma coisa legal, pois eu gosto de ter uma coleção toda combinada. Com relação ao filme, ele não fez muito sucesso, apesar de ter um elenco bastante conhecido. Porém, ouvi falar que haverá uma série que focará todos os livros.
             Lyra é uma menina que foi criada a vida toda na Faculdade Jordan, tendo um tio muito ocupado em viagens. Mas começou a ter uma onda de desaparecimentos de crianças por vários locais, chegando a sua cidade. Ela junto com seu daemon (se lê dimon) Pantalaimon decidem investigar, começando assim suas aventuras.
            Algo que achei interessante foram os daemons. Todas as pessoas vivas possuem um, que na infância podem mudar para qualquer animal, até a criança crescer e ele se fixar em uma forma. Eles são as almas dos seres humanos. Seu nome em latim significa divindade ou espírito, mas é impossível pensar que o autor escolheu apenas por causa do seu significado literal. Como eu disse acima, daemon se lê dimon, que em inglês lembra o som da palavra demon (demônio). Coincidência? Acho que não.
Apesar de ser um livro do gênero fantasia, com bruxas e ursos falantes de armadura, existe um tópico nesse livro que discuti algo que até os dias não houve uma solução ou uma completa concordância entre elas: quem está certa, a ciência ou a religião? Acredito que seja por isso que esse livro deu certa controvérsia, pois até hoje existe esta disputa. Além disso, a história se refere a Igreja Cristã com uma completa inabilidade de aceitar pesquisas cientificas que envolvam a existências de outros mundos que não seja o terreno e o divino, mas que aceita a criação do Conselho de Oblação para fazer experimentos em crianças para saber mais sobre o Pó. O Pó seria partículas que só aparecem em adultos e, por algum motivo, as crianças não os tem e só começam a ter quando atingem a puberdade. Imagino que deste ponto, vocês podem tirar suas teorias, pois não vou falar mais nada disso.
             Lyra, a protagonista da trama, é o que eu chamaria de uma tomboy, ou seja, uma menina que gosta de hobbies considerados masculinos. Ela se envolvia em brigas com meninos, seus amigos também eram em sua maioria, senão todos, garotos e ela nunca brincou de boneca ou coisas deste estilo. Acho uma reviravolta interessante que ela tenha que em sua jornada usar não a força, mas a inteligência para resolver seus problemas, aprendendo a enganar as pessoas para se salvar. Não que a arte de mentir seja algo exclusivo das mulheres, isso seria ofensivo, porém ver uma garota que tenha uma certa força em seus pensamentos em um mundo machista é algo que vejo como positivo para uma personagem. Se bem que gostaria de ver o que aconteceria nesse tipo de trama se fosse uma garota mais feminina como protagonista. Seria um pouco diferente, imagino, mas também seria interessante.

          No final, houve uma ocorrência estranha na relação entre dois personagens, que eu não esperava que acontecesse e deixou o que eu chamo de cliffhanger (deixa para uma possível continuação). Não vou me deter a mais detalhes. Vou deixar isso para a análise do segundo livro. Enquanto isso, aproveitem e leiam o primeiro antes de embarcar no próximo mundo, que como diz o próprio romance, se passará no “universo que nós conhecemos”.

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