Imagem tirada da internet
Você já conhece a
história da menina de capuz vermelho, não? Mas agora imagine que ao invés de
vermelho fosse azul noturno e ao invés de ser seguida pelo lobo, ela segue uma
moça de vestido negro com uma fita vermelha amarrada na cintura. O rumo da
história seria completamente diferente. E assim o será.
Estela foi caminhando para a casa de sua avó, que morava
na floresta. Ela estava doente e como a mãe de Estela estava trabalhando, pediu
a sua filha que fosse até a casa da avó e levasse os remédios e a comida para
ela. A idosa tinha problemas respiratórios e eles apareciam com frequência
quando estava na cidade. Por isso, escolheu fazer sua casa na floresta, onde o
ar era mais puro. Ela se acostumou bem rápido, vivendo normalmente e até
fazendo coisas que avós costumam fazer, como chamar os netos para passarem o
dia na sua casa, contando histórias e fazendo roupas para eles. Foi ela que fez
a capinha azul noturno para Estela. E a garota adorava aquela capa.
A menina sabia o caminho de cor. Era a neta que mais a
visitava e adorava o fazer em seus horários livres. No meio do caminho, viu um
ninho de passarinho caído no chão. Decidiu colocá-lo na árvore, que era o seu
lugar. Como era muito baixa para alcançar o galho, teve que escalá-la. Ela
conseguiu, mas na hora de descer, deu uma escorregada e caiu de cabeça no chão.
Para a sorte dela, ela ficou com apenas alguns machucados e podia voltar a
trilha.
Andando, viu uma visão incomum: uma mulher de vestido
preto e com uma fita vermelha amarrada na cintura, estava caminhando segurando
um bebê, em uma direção que Estela nunca havia tomado. Como nunca havia visto
nenhuma pessoa por essa floresta, a não ser alguns caçadores e lenhadores, ela
resolveu seguir a mulher desconhecida. Vovó
não vai ficar preocupada se eu chegar alguns minutos atrasada. Pensou. Ela
a seguiu escondida até ela ver uma ponte. A mulher cruzou a ponte com o bebê
sem nenhum problema, mesmo ela sendo feita de terra e não ter nada que pudesse
usar para se apoiar. Estela esperou um pouco antes de cruzar a ponte, e quando
o fez, foi bem devagar, olhando cada passo que dava, notando que ela tinha uma
vegetação que a dava um certo charme.
Como enrolou muito para chegar ao outro lado, Estela
perdeu a moça desconhecida de vista. Mas como havia acabado de cruzar, decidiu
seguir em frente, para ver se encontrava algo de interessante. E encontrou. Ao
continuar andando, encontrou uma cidade. Ninguém havia lhe contado sobre a
existência da tal. Ela era bem bonita, e suas casas eram pintadas nas cores
azul e rosa. Além disso, parecia que eles estavam em festa, pois havia gente
fantasiada de caveira e várias barraquinhas com comida. Estela quis passear
mais um pouco, até ver um rosto familiar:
- Vovó?
A senhorinha estava segurando uma máscara de caveira, mas
estava usando o seu vestido caseiro, algo que se destacava no meio da gente de
roupas espalhafatosas:
- Minha estrelinha, o que você faz aqui?
- Eu ia te visitar com a caixa de remédios e comida, até
que eu vi uma moça de vestido preto e fita vermelha e a segui. Mas que bom
encontrar a senhora aqui. Que cidade é essa?
- Nem sei direito. Cheguei a pouco tempo.
- E suas alergias?
- Não sinto nenhuma aqui.
- Que bom. Podemos dar uma volta?
- Sim, minha querida. Vamos.
Elas passearam em cada canto do lugar. Além de provar
comidas que nunca tinha provado na vida, Estela as achou com um gosto
inimaginável, que parecia não existir em nenhum outro local. A duas viram a
parada das caveirinhas, que era bem parecida com o carnaval da sua cidade, mas
todos usavam a mesma máscara. Havia tendas com vários jogos conhecidos e
desconhecidos, nos quais Estela jogou até cansar. E totalmente gratuitos. Tudo
na verdade era gratuito. Nessa cidade não havia o uso de moedas, o que deixou a
menina encantada:
- Poderíamos mudar todo mundo para cá. Aqui muito mais
divertido que em casa. – disse ela para a avó.
- Sim querida, um dia...
A moça que Estela havia seguido apareceu na sua frente de
repente. Estela nem vira de onde ela havia surgido, mas como havia um monte de
gente no local, ela nem se incomodou com isso:
- O que você faz aqui? – perguntou ela para Estela. –
Você não pode ficar aqui.
- Por que não?
- Porque não é o momento. Venha, te deixarei no local
onde você estava.
- Mas e a vovó?
Sua avó deu um abraço e um beijo carinhoso:
- Tchau minha querida.
- Você vai voltar para sua casa depois né vovó? Eu tenho
que te entregar os remédios e...
Não deu tempo dela falar mais nada, pois ela foi puxada
pela moça de fita vermelha na cintura. Saíram pela floresta e passaram por
aquela ponte. Foram rápidas. Estela nem precisou ser cuidadosa daquela vez,
pois a mulher parecia ser acostumada a puxar alguém pela mão naquele lugar. A
moça a deixou exatamente onde Estela tinha caído quando foi colocar o ninho na
árvore. Então ela disse:
- Agora, abra os olhos.
Estela abriu os olhos. Estava deitada no local onde
caíra, com os remédios todos espalhados pelo chão. Por sorte, a comida não se
fora totalmente, tendo alguns pássaros comido o que caiu na grama. Estela se
levantou toda dolorida e colheu os remédios, colocando-os de volta em sua
cesta. Estela andou pelo caminho que havia seguido a moça, mas ao chegar no
local onde havia a ponte, ela não estava lá, tendo apenas um abismo dividindo a
floresta em duas partes. Foi apenas um
sonho. Decidiu voltar para o seu curso de origem. Quando chegou na casa de
sua avó, bateu na porta. Ninguém atendeu.
Linda homenagem!! A saudade será muito grande, assim como muito grandes serão as lembranças dos momentos de alegria.
ResponderExcluir