sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

O Livro dos Dragões

 


            Volto novamente com mais uma resenha de um livro fantástico. O Livro dos Dragões é uma coletânea de contos, escritos pela autora Edith Nesbit em 1899. Nesbit é considerada a primeira escritora moderna do gênero infanto-juvenil e influenciou autores como C. S. Lewis e J. K. Rowling. As histórias foram publicadas na revista The Strand Magazine, que também popularizou as histórias de Sherlock Holmes de Arthur Conan Doyle e da série Hercule Poirot de Agatha Christie. Vamos para a análise dos contos:

 

O livro das feras – Após a morte de seu tatatatataravô, Lionel assume o trono como o novo rei. O antigo monarca também tinha um enorme gosto por livros e sua fixação por eles fez ele ser chamado de mago. Lionel também herdou esse gosto pela leitura e ao chegar em sua biblioteca, pegou para ler O livro das feras. Qual não foi a surpresa do garoto quando viu as criaturas do livro ganhando vida e saindo de suas páginas?  Conto que mostra que não devemos ignorar os problemas por muito tempo, pois alguma hora eles voltam para te infernizar. Um detalhe: a autora confundiu o hipogrifo, que é um ser com corpo de cavalo, cabeça e asas de águia, com o pégaso, que é o cavalo alado.

Tio James – Num estranho país chamado Rotundia, todos eram gentis. Exceto James, tio da princesa Mary Ann. Querendo se livrar da sobrinha para ficar com o reino para si, ele aproveita para fazer uma aliança com um dragão roxo que deseja devorar a princesa. Mas Tom, o filho do jardineiro,  fará de tudo para impedi-los. Conto tradicional em que o mocinho vence o vilão usando sua esperteza. O que sai do molde dos contos de fada é o jeito que narrador conversa com leitor e explica o motivo da estranheza de Rotundia.

Os salvadores da pátria – Effie sentiu algo em seu olho e pediu para seu pai ajudar a tirar. Ao ver em um microscópio, viu que era uma criaturinha parecida com um dragão. Logo depois dessa descoberta, a cidade foi tomada por vários desses dragões, que variavam bastante de tamanho. Cansados dessa praga, os irmãos Effie e Harry foram a procura de São Jorge para acabar com esses bichos. Um conto bem louco, mais destinado ao público infantil.

O dragão de gelo – George e Jane estavam admirando os fogos de artifício quando viram um pedaço da aurora boreal. Então, ambos decidiram desobedecer os pais e saíram em direção ao Polo Norte para ver a aurora boreal completa. Um conto que mostra que não se deve desobedecer os pais e que sua gentileza pode ser recompensada.

A ilha dos redemoinhos – Uma rainha foi até a morada de uma bruxa para lhe pedir um bebê. Ela recebeu a criança,  mas o rei, um feiticeiro bastante mal-educado, ficou insatisfeito, pois o bebê era uma menina e não podia herdar nem aprender suas feitiçarias. Então,  quando a princesa completou dezoito anos, ele a colocou na Torre Solitária, que ficava na ilha dos Nove Redemoinhos, e pagou um dragão e um grifo para vigiarem a moça. O homem que fosse capaz de libertá-la, teria sua mão e o trono. Um dos poucos contos em que a bruxa é boa e o rei é mau. Mas tirando isso, tem os moldes de um clássico conto de fadas. Uma boa história.

Os domadores de dragões – John era um ferreiro humilde que para fazer o seu negócio  teve que se mudar com sua esposa e bebê para as ruínas de um antigo castelo, cujos donos haviam falecido a muito tempo.  Para o seu azar, descobriu que havia um dragão na masmorra e este lhe pediu para que concertasse sua armadura, para assim devorar as pessoas da cidade. John conseguiu convencer o dragão a ser amarrado, mas como meio de John manter sua promessa, o dragão exigiu ficar com seu bebê até que sua armadura fosse consertada. Porém, John deu um jeito de enganar o dragão e deixá-lo acorrentado. Anos se passaram e um gigante apareceu, vindo em direção a cidade. Foi então que Johnnie, o filho de John, e sua amiga Tina, tiveram a ideia de deixar o dragão lutar contra o gigante. Conto em que os personagens usam da inteligência para se safarem dos problemas e um jeito criativo e imaginativo de contar a origem de um dos animais domésticos mais famosos.

O dragão feroz – A princesa Sabrinetta teve o seu reino tomado por seu primo, lhe restando apenas uma torre a prova de dragões. Um dia, ela avistou algo que parecia um dragão. Isso foi confirmado quando crianças voltaram correndo para o palácio para avisar ao príncipe. Ele tenta caçar o dragão, mas falha. Um jovem chamado Élfico lhe ajuda a capturar o dragão quando príncipe prometeu metade do seu reino e a mão de sua prima. Porém, o malvado soberano não pretendia cumprir sua promessa... E, como em todo conto de fadas, o vilão se dá mal.

O gentil Edmund – Edmund era um garoto questionador que adorava descobrir coisas. As pessoas escutavam sons estranhos, vindos de uma caverna e, como era curioso, Edmund foi até lá para ver quem fazia esse barulho. A curiosidade pode ser benéfica na hora de descobrir coisas novas, mas também pode lhe causar problemas se não tiver cuidado. Essa é uma das lições que tirei desse conto, a outra é a de que não adianta argumentar quando não se tem provas ou com pessoas céticas.

 

            Como visto nos resumos, os contos são destinados ao público infanto-juvenil, cuja maioria deles é composta por protagonistas crianças. Isso é apresentado também na linguagem que os narradores utilizam, conversando com o leitor como um adulto conversaria com um menor, mas sem de nenhuma forma, menosprezá-lo. O meu favorito foi A ilha dos redemoinhos. Recomendo a leitura. Só tome cuidado para os dragões não fugirem do livro quando abri-lo.


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