sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Contos para uma noite fria resenha



          Tenho lido muitos livros de contos ultimamente. É porque eles são rápidos e me distraem quando estou fazendo bicicleta na academia. Voltando para a resenha, Contos para uma noite fria foi escrito por Bruno Anselmi Matangrano e editado pela Lly.r Editorial, selo da editora Vermelho Marinho. Como faço em todos os livros de contos, resumirei um por um:
            O viajante – Um homem viajava em seu carro novo e decidiu dar uma parada e descansar. Um morador da cidade sugeriu um chalé, que era um pouco mais afastado das outras casas. Mas esse chalé tinha a aparência de abandonado. Achei que seria um conto de terror até o final quebrar com as minhas expectativas.
            O germe da imaginação – Após um governo dito popular ser eleito, este começa a proibir qualquer coisa que incentive a imaginação, desde livros de literatura a músicas e filmes, deixando apenas livros científicos e políticos. A narrativa tem duas linguagens: a de diário e a do narrador observador, que deu um bom diálogo. Esse conto me fez pensar na rivalidade tola que têm as ciências exatas e as humanas, em que a primeira acha que a outra não tem importância. Quando é que vão entender que elas são complementares e não opostas? Outra coisa foi o jeito que o personagem principal diz que o governo quer alienar as pessoas, proibindo-as de ouvirem música e verem filmes, algo que nos dias de hoje são considerados meios de alienação. Não sei o que pensar disso.
              Estátuas – O narrador e seus amigos alugaram uma casa antiga para ficarem. Mas quando o protagonista acorda durante a noite, percebe que seus amigos sumiram e vai procurá-los pela casa. Um conto ok.
            Gravidade às avessas – Como o título já sugere, o narrador acorda com sua casa virada às avessas. Ele levou numa boa, o que uma pessoa normalmente não levaria.
             A dama de branco – O narrador se encontra em sua casa em uma noite chuvosa e quente. Ele tem dificuldades para dormir e um suposto visitante que apareceu em seu quarto não ajuda.
            A melancolia do piano – Um homem que não gosta de sons que não sejam os de melodias, decidi tocar no piano. Até que uma jovem entra no aposento e canta a música que ele havia acabado de compor. Curto, mas dá para entreter.
            O futuro da humanidade – Willian acorda e se vê em uma cidade sem movimento, com todas as pessoas mortas. O primeiro conto em que o narrador não é o personagem principal. Não sei bem se o classificaria como conto, pois ele se divide em pequenos capítulos.
           Encontro às escuras – Um homem atravessa uma rua vazia até sentir que estava sendo seguido e aumenta o seu passo. Final que deixa um mistério no ar.
            A donzela e o rubi – Um homem que vive em uma casa longe de tudo, recebe uma visita inesperada de uma garota, no meio de uma nevasca. A menina sofre de amnesia.
             Mize em abyme (ou Como um poema de Poe) – O narrador dorme em sua cama e acorda em um belo bosque. Um sonho dentro de outro sonho ou um sonho que prevê o futuro?
            O Beco dos Aflitos – O narrador é cético e não acreditava em nada que não podia ver. Até que um dia, quando foi para o Bairro da Liberdade, um bairro oriental. Perto dele, havia uma capela conhecida como a Capela dos Aflitos e um de seus amigos decide contar sua história. Graças à internet, descobri que essa capela de fato existe e que parte do que o amigo do narrador contou realmente aconteceu.
         Entre o tempo e o espaço – Sabe o conto O viajante que falei lá em cima? Este é sua continuação. Já esperava um final sem resposta, só não esperava sentir muita pena do protagonista.
            Normalmente comento o que achei dos contos quando falo deles individualmente. Mas não consegui fazer nisso em todos. Não sei bem o que comentar quando a história termina sem te dar uma resposta, principalmente agora que posso me considerar vacinada nesse gênero, de tanto tê-lo lido. De certa forma isso é ruim, porque já esperava que os contos não me dessem nenhuma resposta. Os meus favoritos foram O germe da imaginação, pois este me lembrou o filme Fahrenheit 451, também baseado em um livro do mesmo nome; Mize em abyme; O viajante e sua continuação Entre o tempo e o espaço.
            Este livro também contém ilustrações interessantes. Cada conto tem uma, e todas são em preto e branco para dar um clima de suspense e sobrenatural antes de começar a ler.


             Contos para uma noite fria é um livro bem tranquilo de se ler para quem está acostumado com esse tipo de conto. Mas não acho que o leitor que seja novo nesse gênero chore de medo dessas histórias. As que me chamaram a atenção não deram medo, porém me fizeram refletir. A maioria desses contos é curta e de leitura rápida. Se quiser dar uma espiadinha neles, esperem uma noite fria para fazê-lo e entre no clima.

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