Tenho lido muitos livros
de contos ultimamente. É porque eles são rápidos e me distraem quando estou
fazendo bicicleta na academia. Voltando para a resenha, Contos para uma noite fria foi escrito por Bruno Anselmi Matangrano
e editado pela Lly.r Editorial, selo da editora Vermelho Marinho. Como faço em
todos os livros de contos, resumirei um por um:
O viajante – Um
homem viajava em seu carro novo e decidiu dar uma parada e descansar. Um
morador da cidade sugeriu um chalé, que era um pouco mais afastado das outras
casas. Mas esse chalé tinha a aparência de abandonado. Achei que seria um conto
de terror até o final quebrar com as minhas expectativas.
O germe da imaginação – Após
um governo dito popular ser eleito, este começa a proibir qualquer coisa que
incentive a imaginação, desde livros de literatura a músicas e filmes, deixando
apenas livros científicos e políticos. A narrativa tem duas linguagens: a de
diário e a do narrador observador, que deu um bom diálogo. Esse conto me fez
pensar na rivalidade tola que têm as ciências exatas e as humanas, em que a
primeira acha que a outra não tem importância. Quando é que vão entender que
elas são complementares e não opostas? Outra coisa foi o jeito que o personagem
principal diz que o governo quer alienar as pessoas, proibindo-as de ouvirem
música e verem filmes, algo que nos dias de hoje são considerados meios de
alienação. Não sei o que pensar disso.
Estátuas – O
narrador e seus amigos alugaram uma casa antiga para ficarem. Mas quando o
protagonista acorda durante a noite, percebe que seus amigos sumiram e vai
procurá-los pela casa. Um conto ok.
Gravidade às avessas – Como
o título já sugere, o narrador acorda com sua casa virada às avessas. Ele levou
numa boa, o que uma pessoa normalmente não levaria.
A dama de branco – O
narrador se encontra em sua casa em uma noite chuvosa e quente. Ele tem
dificuldades para dormir e um suposto visitante que apareceu em seu quarto não
ajuda.
A melancolia do piano – Um
homem que não gosta de sons que não sejam os de melodias, decidi tocar no
piano. Até que uma jovem entra no aposento e canta a música que ele havia
acabado de compor. Curto, mas dá para entreter.
O futuro da humanidade – Willian
acorda e se vê em uma cidade sem movimento, com todas as pessoas mortas. O
primeiro conto em que o narrador não é o personagem principal. Não sei bem se o
classificaria como conto, pois ele se divide em pequenos capítulos.
Encontro às escuras – Um
homem atravessa uma rua vazia até sentir que estava sendo seguido e aumenta o
seu passo. Final que deixa um mistério no ar.
A donzela e o rubi – Um
homem que vive em uma casa longe de tudo, recebe uma visita inesperada de uma
garota, no meio de uma nevasca. A menina sofre de amnesia.
Mize
em abyme (ou Como um poema de Poe) – O narrador dorme
em sua cama e acorda em um belo bosque. Um sonho dentro de outro sonho ou um
sonho que prevê o futuro?
O Beco dos Aflitos – O
narrador é cético e não acreditava em nada que não podia ver. Até que um dia,
quando foi para o Bairro da Liberdade, um bairro oriental. Perto dele, havia
uma capela conhecida como a Capela dos Aflitos e um de seus amigos decide
contar sua história. Graças à internet, descobri que essa capela de fato existe
e que parte do que o amigo do narrador contou realmente aconteceu.
Entre o tempo e o espaço – Sabe
o conto O viajante que falei lá em cima? Este é sua continuação. Já esperava um
final sem resposta, só não esperava sentir muita pena do protagonista.
Normalmente comento o que achei dos contos quando falo
deles individualmente. Mas não consegui fazer nisso em todos. Não sei bem o que
comentar quando a história termina sem te dar uma resposta, principalmente
agora que posso me considerar vacinada nesse gênero, de tanto tê-lo lido. De
certa forma isso é ruim, porque já esperava que os contos não me dessem nenhuma
resposta. Os meus favoritos foram O germe
da imaginação, pois este me lembrou o filme Fahrenheit 451, também baseado em um livro do mesmo nome; Mize em abyme; O viajante e sua
continuação Entre o tempo e o espaço.
Este livro também contém ilustrações interessantes. Cada
conto tem uma, e todas são em preto e branco para dar um clima de suspense e
sobrenatural antes de começar a ler.
Contos
para uma noite fria é um livro bem tranquilo de se ler para
quem está acostumado com esse tipo de conto. Mas não acho que o leitor que seja
novo nesse gênero chore de medo dessas histórias. As que me chamaram a atenção
não deram medo, porém me fizeram refletir. A maioria desses contos é curta e de
leitura rápida. Se quiser dar uma espiadinha neles, esperem uma noite fria para
fazê-lo e entre no clima.
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