sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
domingo, 24 de dezembro de 2023
Cartas do Papai Noel
Para este clima natalino,
nada como ler um livro com este tema, ainda mais de um autor renomado. Cartas
do Papai Noel é uma coletânea de cartas escritas por J. R. R. Tolkien para
seus filhos, fingindo ser o Papai Noel. Vamos para o resumo:
Entre os anos de 1920 e 1943, o Papai Noel escreveu para
os irmãos John, Michael, Christopher e Priscilla sobre sua vida no Polo Norte. Desde
seu assistente, o Urso Polar do Norte, até os Homens-de-Neve e gobelins.
Interessante como o Tolkien usa sua criatividade para
contar histórias em simples cartas. Normalmente, os “Papais
Noéis” não contam de sua vida para as crianças. Aqui, além do Papai Noel,
personagens como o Urso Polar do Norte e o secretário elfo Ilbereth também
respondem as correspondências, enviando até ilustrações e escrita do
vocabulário gobelin. Pode-se ver pelas suas escritas que Tolkien tinha um
enorme carinho pelos filhos.
Porém, achei a narrativa muito infantil para o meu gosto,
o que faz total sentido, pois as cartas eram dirigidas para os filhos do autor.
Outra coisa que é bom de se acrescentar foi que em 1939
começou a Segunda Guerra Mundial e isso afetou Tolkien de tal maneira que o
Papai Noel a menciona até na última carta.
Apesar de ter achado meio boba, recomendo sua leitura
para dar inspiração aos “Papais Noéis” na hora de escreverem suas cartinhas. Desejo
a todos um feliz Natal. E o Urso Polar também.
sexta-feira, 24 de novembro de 2023
Os sentimentos de uma Inteligência Artificial
Depois de bastante tempo, retorno com mais um livro de
Kazuo Ishiguro. Klara e o Sol foi lançado em 2021 e, até o momento em
que escrevo, o romance mais recente escrito pelo autor. Vamos para a resenha:
Klara é uma AA que espera ser
comprada por uma criança em sua loja. Enquanto espera, ela observa com fascínio
o comportamento dos humanos pela vitrine. Nesses dias, uma menina chamada Josie
conversou com ela e parecia muito interessada em comprá-la. Mas a rotina de
Josie era diferente da maioria das garotas o que Klara acabaria por
experienciar.
Este é o terceiro romance que leio do autor e o segundo
que trata de ficção científica. Por ter lido três desses livros, acredito que
posso confirmar que seu estilo de escrita é lento, só acontecendo alguma coisa
de relevante na quarta parte de um livro que é dividido em seis partes.
Uma grande coincidência eu ter lido este livro na época
em que roteiristas e atores fizeram greve, com medo da inteligência artificial roubar
seus empregos. Mas ao contrário da realidade que estamos vivendo agora, a
inteligência artificial deste livro já é mais avançada a ponto de ter
sentimentos e até crenças. Aqui elas são conhecidas como AAs e são como se fossem robôs
feitos para servir seu humano. A discussão de se deve ou não tratar uma AA como
um ser humano é tratada como plano de fundo. Ao invés disso, nos focamos na
rotina de Klara e o que ela faz para ajudar a sua humana Josie, que tem uma
doença grave e corre risco de vida.
Os personagens são bem humanos, tanto em qualidades
quanto defeitos. Klara, apesar de ser uma AA que
foi programada para observar e cuidar de seu dono, tem pensamentos próprios e
através da sua observação, acaba criando sua própria crença. Josie, sua humana
age bem como uma adolescente que quer ser aceita por seu grupo e se preocupa
com seu futuro. Chrissie, a mãe de Josie, talvez gere certa polêmica em suas ações,
mas dá para ver o quanto ela sofreu e que apesar de tudo, ela ama sua filha. Há
outros personagens que compõem a narrativa, porém, evitarei falar deles para
entrar em spoilers.
O final é melancólico, mas possui algumas partes felizes,
ao contrário do outro romance de ficção científica do autor, Não me abandone
jamais, cujo final acaba sem esperança alguma. Recomendo a todos que gostam
de livros lentos que misturam ficção científica e vida cotidiana. Que o sol
ilumine os seus dias.
sexta-feira, 10 de novembro de 2023
terça-feira, 31 de outubro de 2023
As desvantagens de ser invisível
Para comemorar este
Halloween, vamos conhecer o livro que originou um clássico filme de monstro da Universal.
O Homem Invisível foi escrito pelo inglês Hebert George Wells em 1897. O
autor também é conhecido pelas obras A Máquina do Tempo, A Ilha do Doutor
Moreau e A Guerra dos Mundos. Vamos para a resenha:
Um homem bem peculiar chega em um albergue. Sua roupa
está cheia de neve, porém, ele recusa tirar o sobretudo e o chapéu para
secá-los. A hoteleira nota que o rosto dele está todo enfaixado. Seu
comportamento estranho começa a deixar o povo com várias suspeitas sobre quem
realmente é esse hóspede misterioso.
Apesar de sua adaptação cinematográfica ser considerada
uma obra de terror, sua novela só chega a esse ponto nos capítulos finais. No
começo até o meio tem até algumas cenas de comédia-pastelão, com o protagonista
causando confusão com sua invisibilidade.
O gênero principal dessa história é obviamente o de
ficção científica, que mostra o que acontece quando a ciência é usada por
pessoas erradas. Griffin, o titular homem invisível, apesar de ser um gênio, é
arrogante e temperamental e, com o experimento, ficou ainda mais louco, pois viu
na pele que ser invisível não era tão benéfico quanto pensava. Um exemplo disso
é o fato dele precisar ficar nu para que ninguém possa vê-lo completamente e, ficar
pelado em um país com o clima da Inglaterra não é bom para a sua saúde. Outro é
que para ser fazer visível, Griffin tem que usar coisas como perucas, faixas e até
um nariz falso, que além de parecer ridículo, chama bastante atenção.
O Homem Invisível é uma boa história, apesar de
seu protagonista não gerar muita empatia do público, pelo menos não para mim. A
maioria de seus capítulos são curtos e de leitura fácil. Recomendo a todos que
gostem de ficção científica a conhecerem esse clássico. Só tranquem bem suas
portas. Vocês não querem se deparar com algo valioso flutuando pela casa.
sexta-feira, 20 de outubro de 2023
O Primeiro Vampiro Moderno
Como estamos no mês do
Halloween, por que não falar de um conto com esta temática? O Vampiro foi
escrito por John William Polidori e lançado em 1819, sendo considerado como a
obra fundadora do vampiro moderno ou vampiro aristocrata. Uma curiosidade
interessante sobre esta história é que ela surgiu de uma competição literária
com o tema de terror proposta por Lord Byron, autor bastante conhecido na
Inglaterra, como um meio de passar o tempo, pois ele e seus amigos não podiam
sair da mansão devido ao tempo chuvoso. Além do Vampiro, um rascunho do
que seria um dos grandes clássicos de terror também foi escrito, sendo este o Frankenstein
da autora Mary Shelley. Agora vamos para a análise:
Lord Ruthven era uma figura peculiar que chamava a
atenção dos outros por seu olhar, que fazia as pessoas sentirem algo que nunca
sentiram na vida. Era um nobre que não aparentava possuir vícios, com exceção
de dormir com várias mulheres. Sua figura chamou a atenção de Aubrey, um jovem
romântico que via o lord como um herói de um livro. Aubrey decide se aproximar
do lord e o próprio convida o jovem a viajar com ele. E assim, Aubrey descobriu
que seu herói não era tão virtuoso quanto aparentava.
A característica principal do vampiro, que é seu amor por
sangue, foi apresentada ao conto. Além disso, parece que ele também causa má
sorte àqueles que recebem sua caridade. Ao contrário do zumbi, que é um monstro
cujo único instinto é se alimentar, o vampiro possui não só inteligência, mas
também sadismo, pois sente prazer em causar sofrimento em suas vítimas. Parece
não ter fraqueza ao sol, mas tem preferência pela noite.
O conto tem um final trágico, típico do gênero de terror.
Sua narrativa é simples e o leitor não terá muita dificuldade em ler. Apesar de
ter introduzido ao mundo a imagem do vampiro que nós conhecemos, não acredito
que seja muito inovadora no aspecto da história. Porém, recomendo aos fãs de
vampiros a conhecê-la. Só não deixe o charme de Lord Ruthven atraí-los.
sexta-feira, 29 de setembro de 2023
A Viagem da Garça
sexta-feira, 22 de setembro de 2023
sexta-feira, 15 de setembro de 2023
O Matuto e o Lobisomem
Volto com mais uma
história nacional fantástica encontrada no Kindle. O Matuto e o Lobisomem
foi escrito por Allan Denis em 2021. Será que a leitura vale a pena? Vamos
descobrir.
Senhor Dino nasceu na Bahia, mas mora em São Paulo desde
que tinha doze anos. Querendo reconectar com suas raízes nordestinas, ele
decide contar uma história que seu avô contou sobre um lobisomem que
aterrorizava uma região e, desesperado, o povo reúne um grupo para acabar com
ele, incluindo Zé da Lata, um matuto que já caçou lobisomem no passado e que
agora conta o seu feito para os moradores.
Já disse em uma resenha passada que o lobisomem é o meu
monstro favorito. Então, fiquei logo empolgada com a leitura. Além de ser o
típico lobisomem que se transforma em lua cheia, este livro também acrescenta
um método para curar o lobisomem: uma bala feita da prata de uma mulher que foi
deixada no altar, banhada com as lágrimas de uma mãe que perdeu o filho, para
que tanto a amargura e o amor entrem no coração do bicho. Achei bastante
criativo.
A estrutura do texto lembra uma versão curta
de Mil e uma noites em que um personagem conta a história e dentro dela,
outro personagem conta outra história e assim por diante. A cada pausa que os
narradores davam, eu ficava que nem seus ouvintes, curiosa e querendo saber
logo o desenrolar da trama. E, como o próprio livro menciona, é uma típica de
Davi e Golias, em que um matuto fraco consegue derrotar um aterrorizante
lobisomem usando a esperteza.
Infelizmente,
o mistério sobre a identidade do lobisomem na história contada por Zé da Lata é
previsível. Mas a trama compensa com uma história instigante. Recomendo a todos
os fãs da literatura nordestina fantástica. Só cuidado com as noites de lua
cheia.
sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Estarei na Bienal do Rio
terça-feira, 22 de agosto de 2023
sexta-feira, 11 de agosto de 2023
O sobrenatural nordestino
Mais uma vez, trago um
livro de contos brasileiros que encontrei no Kindle. Farras Fantásticas
foi organizado por Ian Fraser, Ricardo Santos, João Mendes e lançado em
2021, sendo composto por autores diversos. Cada história foca em uma
comemoração tradicional do Nordeste com uma dose de fantástico. Será que eles
são bons? Vamos descobrir.
O último unicórnio
de Serrita – Escrito por Fernanda Castro, autora de Lágrimas
de Carne*. Raimunda está participando da Missa do Vaqueiro junto ao seu
amigo Cassiano. Enquanto cavalgava atrás do bezerro, ela avista uma novilha de
apenas um chifre, chamada de unicórnio encourado. Será que é o seu destino
capturá-la? Típico conto em que os ricos só pensam em se aproveitar da crença
dos outros para ganhar dinheiro.
Bom fim – Escrito
por Nina Ladeia. Antônio tinha muito medo do mar, algo incomum para os garotos
nascidos na ilha. Para fazê-lo perder esse medo, sua mãe o colocou para ir
junto ao tio até Bonfim de barco. Ela só não esperava a vinda de uma grande tempestade.
Um conto simples, que mistura duas religiões.
Capa preta – Escrito
por Guilherme Ramos. Em uma Quarta-Feira de Cinzas no bairro do Prado, uma
senhora conta a seguinte história: Numa noite de carnaval, no Clube Fênix, um rapaz
e uma moça se conhecem e dançam. Querendo encontrá-la novamente, o moço oferece
a ela uma capa para se proteger da chuva, dizendo que ia pegar de volta na casa
dela no dia seguinte. Eles então se despedem, próximos ao cemitério. Final
inesperado. Um bom conto.
A luz de vó Alzira
– Escrito por Laís Lacet. Luíza não gosta da festa de
São João. Foi o dia em que sua avó morreu e que foi expulsa da casa dela pelo
seu pai por não aceitar o namoro dela com Renata. Porém, Renata a convence de
ir ao Trem do Forró e lá ela teve uma visão de sua avó. Conto mais ou menos.
Olha pro céu, meu
amor – Escrito por G. G. Diniz, autora de As águas do rio**.
Gracinha reencontra Edilson, seu amigo de infância, que não vê a uns vinte
anos. Agora, Edilson é padre, e ainda acredita que é um lobisomem e nunca sai
de casa nas noites de lua cheia. Gracinha não acredita em nada disso e tenta
convencer o padre de sair e ir para a festa. Aconteceu o que eu já esperava,
sem nenhum plot twist.
O Odu quer brincar
na festa – Escrito por Mariana Madelinn. Mabili tem
o dom de ver os mortos e sabe o odu (destino) de todos, menos o dele. Em seu
sonho, foi visitado por Okaran, que disse que Mabili tem também a habilidade de
controlar o tempo dependendo de seu humor. Esse conto apresenta um pouco da
mitologia iorubá e a Festa da Boa Morte. Uma história mais ou menos.
A benção de dona
Lourdes – Escrito por Thiago Lee. Marilene foi ao
enterro de sua bisavó Lourdes para conhecer mais sobre a história de sua
família. Enquanto ela entrevistava o grupo dos Bacamarteiros Mágicos que dona
Lourdes fazia parte, eles lhe entregam todos os pertences da falecida na
esperança de que sua bisneta consiga produzir a pólvora mágica usada em suas
apresentações e que apenas dona Lourdes fazia. Conto clichê, mas bonitinho.
Ilha d’água – Escrito
por Henrique Ferreira. O pai de Francisco fugiu de casa em pleno aguaceiro. A
pedido da irmã, Francisco vai procurá-lo. Ele sabe onde o velho se meteu e vai
até a Praia do Meio, lugar que juraram não pisar mais. Briga de gerações e
diferentes religiões, com o pai querendo que o filho assuma o seu legado e
evite que uma catástrofe aconteça. Não gostei do final. Francisco poderia ter
aceitado a visão do pai sem precisar seguir o mesmo caminho e manter suas
próprias crenças.
Miolo de boi – Escrito
por Auryo Jotha, autor de Pássara***. Ícaro saiu à meia-noite, em plena
virada de ano. Na estrada, encontrou com um homem que fazia parte do Reisado
dos Caretas (uma festa que louva o Santo Reis), que lhe pede uma carona. Porém,
há algo de estranho nesse mascarado... Um
conto clichê, mas bonitinho.
Usura – Escrito
por Igor Chacon. Em sua cama, Fátima, que sofre de Alzheimer, tem um momento de
lucidez e recorda o seu marido Chico sobre a Pega de Boi que eles foram anos
atrás. E ambos escondem um terrível segredo. Um segredo que eu acabei por
adivinhar e por isso, acabou sendo previsível. Conto com final tragicômico.
O dragão fugiu! – Escrito
por Cesar Miranda. No dia dois de julho, dia em que se comemora a independência
do Brasil na Bahia, os neocoloniais planejam acabar com a festa.
Mas não conseguirão pois Jerônimo não permitirá. O conto tem formato de texto
de blog. História ok.
A esposa do Diabo
– Escrito por Franz Andrade. Há anos atrás, em Caiçara,
viviam os Úrsulas, uma família de ciganos ruivos, cujo povo tinha medo e raiva,
pois vários acidentes estranhos aconteciam em sua propriedade. E depois de
tanto tempo, Thiago retorna para cidade para encontrar Jordália, uma dos
Úrsulas. Será que tudo o que diziam dessa família era verdadeiro? Um bom conto
com um mistério indecifrável.
Entre ver(s)ões – Escrito
por Chico Milla. Nova Milhã é uma cidade onde as pessoas vivem em uma redoma
que protege da radiação, chuva ácida etc., além de tomarem pílulas para tudo. Mário,
que é policial, tinha a missão de proteger a Festa dos Caretas de ataques
terroristas. Lá ele encontrou Bob, um amigo de infância que foi morar em outro
país. Este lhe entregou um livro proibido. Um conto distópico.
Os fantasmas de
Sebastião – Escrito por Laísa Couto. Há noite, na
véspera de São João, Coração sai escondida de casa e encontra um belo rapaz de
olhos azuis. Mas parece que apenas ela consegue vê-lo. Conto de romance
adolescente.
Qual a cor do oceano?
– Escrito por Henggo. Tarcísio vive numa São Luís futurística
e tecnológica. Irritado de como andavam as coisas e com saudade do passado, ele
decide fazer a dança do Bumba meu boi, que não era feita já a muitos anos e revelar
o que o governo esconde. Conto distópico que valoriza as tradições e foca na
briga entre natureza e tecnologia.
Brenno e a Fera – Escrito
por André A. Lima. Depois de vários anos morando na Europa, Brenno retorna a
João Pessoa para reencontrar sua amiga de infância, Eloísa. Agora, ela trabalha
no parque de diversão como a horripilante Monga. E por essa revelação, já
esperava onde esse conto ia dá.
Arrebentação – Escrito
por Carol Vidal. Marvin perdeu o pai a pouco tempo e agora oferece sua obra para
Iemanjá. Então, Marvin foi puxado pelo mar. Conto bonitinho.
Maria de Zambê – Escrito
por Márcio Benjamin. Otávio se irrita com os tambores que os escravos tocam na
noite de lua cheia. Maria, sua esposa grávida, diz para ele ignorar e ir
dormir. Mas escutam Otília, a mãe doente de Otávio, gritar de seu quarto. Algo
ruim estava prestes a acontecer. Conto em que os cruéis donos de escravos são
punidos.
Achei a maioria dos contos medianos, sendo os meus
favoritos Capa Preta e A esposa do Diabo. Mas foi interessante para mim,
como uma pessoa do Rio, conhecer algumas celebrações do Nordeste, como o dia da
Independência da Bahia, que é comemorada no dia 2 de julho. Se quiser conhecer,
você pode encontrá-lo no Kindle.
sexta-feira, 14 de julho de 2023
sexta-feira, 7 de julho de 2023
A História Sem Fim
Alguém
conhece o filme A História Sem Fim? Um clássico dos anos 80 que nunca
assisti, mas lembro de suas propagandas, com um menino montado num cachorro
voador gigante, que só depois descobri que era um dragão. Sabia que ele foi
baseado em um livro? A História Sem Fim foi escrito pelo alemão Michael
Ende em 1979. Vamos para o resumo:
Enquanto fugia dos
garotos da escola que implicavam com ele, Bastian acabou entrando na loja de
livros antigos do senhor Koreander, um velho ranzinza que não gosta de
crianças. Quando o senhor Koreander se distraiu com um telefonema, Bastian
encontrou um livro chamado “A História Sem Fim”. Sentindo-se atraído pelo
livro, Bastian o levou sem pedir permissão. Se sentindo culpado pela sua ação,
o garoto se esconde no sótão da escola, onde começa a ler o livro. Numa
terra chamada Fantasia, quatro mensageiros de espécies e lugares diferentes se
encontraram por acaso e descobriram que tinha a mesma mensagem para a imperatriz
Criança: Suas terras estavam sendo invadidas por algo que fazia as coisas sumirem.
O Nada. Para resolver esse problema, a imperatriz manda o jovem Atreiú numa
jornada para descobrir como acabar com o Nada.
Me surpreendi com o quanto esse
livro me fez pensar. Qual a diferença entre fantasia e mentira? Tanto a
fantasia quanto a mentira são histórias inventadas, mas enquanto uma é usada
para incentivar a imaginação, inspirar e como forma de escapismo do mundo real,
a outra é usada no intento de enganar, e é normalmente usada de forma maléfica.
Mas o próprio livro também mostra que apesar de ser benéfica, não se pode viver
no mundo fantástico para sempre. Achei uma pegada muito boa do autor ao
relacionar essas duas palavras no romance que (spoiler): todos os seres fantásticos
que vão para o mundo humano se modificam até virarem mentiras. E este é apenas
um dos temas abordados nesse livro.
Outra coisa legal de ser mencionada
é o quanto Bastian relaciona os acontecimentos da “História Sem Fim” com os de
sua vida. Exemplo: O fato de se a imperatriz Criança morrer, toda Fantasia
acaba, como a morte de sua mãe acabou com a vida que Bastian e seu pai
conheciam, deixando-os tristes. Ele também chegou a se identificar com Atreiú
em certo momento, apesar de ambos nada serem parecidos. Isso é algo comum que
acontece aos leitores e mostra que não é preciso que os personagens sejam
iguais a gente para gerar identificação e empatia.
Quanto aos protagonistas, diria que
Atreiú representa o herói que todos queríamos ser: corajoso, empático e forte.
Quanto Bastian é o que nós somos de verdade: uma pessoa real com problemas
reais que usa a fantasia como escapismo e acaba sendo corrompido pelo poder,
tendo que passar por uma jornada de reflexão sobre quem ele e o que mais ele
deseja. Os secundários cumprem bem os seus papéis. Destaque para Fuchur, o dragão da sorte, companheiro
sempre positivo de Atreiú e cuja aparência lembra a dos dragões orientais; e a
imperatriz Criança, que é praticamente uma deusa de Fantasia e é uma entidade
de moral ambígua.
Como lado negativo, diria que a
segunda parte do livro tem um começo mais sem graça e o clímax não é tão bom
quanto o da primeira metade, apesar da jornada de Bastian ter sido bastante
interessante. Enquanto a primeira parte existe mais urgência, pois o mundo de
Fantasia estava acabando, o segundo é mais lento e contemplativo. Sinto que
este livro deveria ter sido dois. Assim, cada volume teria o seu passo e não
haveria esse estranhamento.
A edição que tenho
foi feita pela editora Martins Fontes em 2022 e ela fez algo bem
interessante com a narrativa. Como demonstrado no resumo, as partes em rosa
descrevem os acontecimentos do mundo real enquanto as de preto narram o que
acontece no mundo de Fantasia. Além disso, este livro tem ilustrações
belíssimas, feitas por Sebastian Meschenmoser. Indico muito esta edição para
aqueles que gostam de belos desenhos e tiverem dinheiro para comprar (este
livro custa quase 233 reais no Amazon).
A
História Sem Fim aborda várias temáticas que apenas os
mais velhos entenderão, enquanto os mais novos se divertem com o mundo
fantasioso. Recomendo sua leitura. Entre em Fantasia e conheça seus inúmeros
habitantes e lugares. Só cuidado na hora de voltar, pois em Fantasia, não há
fronteiras.
sexta-feira, 23 de junho de 2023
sexta-feira, 16 de junho de 2023
Contos de Fadas do Leste Asiático
Os países do leste
asiático são ricos em cultura e histórias. Chegou a hora de conhecer algumas
delas. Os melhores contos de fadas asiáticos foi lançado em 2022 e
compõe contos de diversos autores.
Alguns nasceram ou são descentes de asiáticos e outros não, mas tiveram contato
com suas estórias e decidiram trazê-las para o ocidente. Resumirei cada um e
direi minha opinião no final. Vamos começar:
Dama Bai, A lenda
da serpente branca – Escrito por Feng Menglong. Na volta para
casa, começou a chover, fazendo com que Xu Xuan tivesse que pegar um barco. No
caminho, uma bela dama e sua criada pedem carona. A dama era a irmã mais nova
do general imperial Bai e após o jovem pagar sua passagem e lhe emprestar o
guarda-chuva, ele não conseguiu tirá-la da cabeça. Ele então dá uma desculpa
para o chefe e vai ao encontro da mulher. Então começa o ciclo de má sorte de
Xu Xuan. Conto bem longo que mostra que devemos ter cuidado com quem nos
relacionamos. Gostei da narrativa. As únicas coisas negativas é que infelizmente,
o título dá um grande spoiler e demorou três páginas para começar a história de
fato, enrolando com descrições e historietas do local. Teve uma adaptação para
série em 2019 chamada A Lenda do Mestre Chinês, que apesar dos elementos
principais terem sido mantidos, pode ser considerada uma história própria
devido as mudanças de personalidade de seus personagens e modificações na história
no geral.
Tamamo, a donzela
raposa – escrito por Grace James. No caminho, um
vendedor ambulante encontrou uma menina, que pediu para levá-la com ele até o
palácio do imperador de Kyoto. Ao chegar lá, a garota encantou o grande senhor
com sua dança, permitindo que ela ficasse com ele em sua residência. Então, os
problemas começaram. Um conto que mistura o folclore tradicional japonês e a
religião budista. Novamente, o título dá spoiler.
A princesa
deserdada – Escrito por Richard Wilhelm. Liu Yi
voltava para sua casa após fracassar em seus exames. No caminho, encontrou uma
donzela que pastoreava ovelhas. Ao notar o seu semblante triste, ele a
perguntou o que houve e ela contou que era filha do rei dragão e foi banida pelo
marido e pelos sogros para as terras humanas. Com pena da mulher, Liu Yi aceita
enviar sua carta para o pai da moça. Uma história simples em que uma boa ação
pode ser recompensada.
A
ponte de pássaros celestial – Escrito por William
Elliot Griffis. No Reino das Estrelas, uma princesa e um príncipe se casaram.
Enquanto a moça demonstrava sua dedicação e bondade após sua união, o marido se
tornou preguiçoso, gastando todo o dinheiro em apostas. Não gostando nada da
atitude do genro, seu sogro decidiu separar o casal... História bem curta que
dá importância a uma das aves mais comuns da Coreia, a pega.
Longka, a jovem
dançarina – Escrito por William Elliot Griffis. Após
ser capturada pelos ilhéus invasores, a jovem coreana Longka foi obrigada a
dançar para eles. Depois de sua apresentação, o general exige dançar com a moça
e Longka acaba fazendo uma escolha para honrar o seu país. Um conto que mostra
o orgulho do povo coreano assim como o ressentimento por seus invasores, os
japoneses.
A lanterna de
peônias – Escrito por Grace James. Hagiwara, um
jovem samurai, estava jogando hanetsuki (um badminton sem rede), até que lançou
a peteca dentro de um cercado de bambu. Quando foi buscá-la, se encontrou com
duas jovens. Uma delas se introduziu como Otsuyu, a Dama do Orvalho da Manhã e
após assistir a dança da moça, ela avisou que se ele não voltasse no dia
seguinte, ambos morreriam. E, como em todo conto de fadas, ele desobedece e o
mal acontece. Interessante ver um encontro de mortos e vivos através de uma
data de celebração.
A joia de mil
faces – Escrito por Willian Elliot Griffis. Uma
princesa japonesa se casou com o imperador da China e ela adorava dar presentes
ao pai. Dentre eles estava a Joia de Mil Faces, que independente de como ela
estava posicionada, dava para ver o rosto do Buda. Infelizmente, a embarcação
que carregava a joia afundou e o objeto foi parar no fundo do mar, onde morava o
rei do Mundo Submarino. Querendo recuperá-la, o pai da princesa pede a ajuda de
Shinju, uma pescadora que consegue mergulhar bem fundo. Uma história de
esperteza, mas também de sacrifício.
A origem dos pés
enfaixados – Escrito por Norman Hinsdale Pitman. Um
dia, o cruel rei Zhou Xin foi ao templo da deusa Luo para orar. Ao ver sua
estátua, ele se apaixonou imensamente, desejando tomar a deusa para si. Luo
ficou furiosa com a ousadia do rei e ordenou que um de seus servos, o Espírito
de Raposa, fosse até a terra dos humanos se vingar. Enquanto isso, um dos
ministros do rei sugere que este se case com a filha do vice-rei Su Nan, tendo
esta uma beleza idêntica a da deusa. Zhou Xin então manda a proposta a Su Nan,
mas este a recusa, dando início a uma guerra. Uma história interessante, apesar
dela contar a origem da prática cruel de enfaixar os pés das moças para que
eles não cresçam mais.
A lenda de Kannon.
– Escrito por Grace James. Próximo a antiga Ponte
Flutuante Celestial, um monge chamado Saion Zenji constrói um templo dedicado a
deusa Kannon. Tudo estava indo bem até um inverno rigoroso chegar no país. O
homem se manteve com o que tinha até não sobrar nada. Um conto simples que
mostra que quem tem fé e cumpre as leis de seu deus é recompensado.
A balada de Mulan
– Autor desconhecido. O pai de Mulan foi escolhido para
travar batalhas e proteger o seu povo. Como não tinha nenhum irmão de idade
suficiente para ir no lugar do pai, Mulan vai para a batalha disfarçada de
homem. Finalmente chegamos na história chinesa mais conhecida no ocidente
devido a animação lançada pela Disney em 1998. Seu texto é em forma de poema,
compondo apenas duas páginas. Obviamente, houve mudanças e até acréscimos no
filme, já que a história original é bem curta, mas a temática principal foi
mantida. Admito que fiquei um pouco decepcionada. Esperava mais do texto cujo
filme fez parte da infância de muitos.
Como os
deuses-serpentes foram apaziguados – Escrito por Rachel
Harriette Busk. O khan tinha dois filhos. O mais velho se chamava Luz do Sol
cuja mãe infelizmente falecera. O mais novo nascera da segunda mulher e se
chamava Luz da Lua. Querendo que o filho herdasse o trono, a mãe de Luz da Lua
se fingiu de doente, dizendo que a única coisa que podia curá-la era o coração
de um príncipe, mais especificamente o
de Luz do Sol já que não conseguiria ingerir o coração do próprio filho.
Ouvindo isso, Luz da Lua conta para Luz do Sol e ambos fogem. Um dos poucos
contos em que vejo amor entre irmãos ao invés de rivalidade. Mas o conto só
foca nisso no começo, depois, passa a ser um conto de amor a primeira vista
entre o mais velho e uma princesa.
Leitoa e sua irmã
orgulhosa – Escrito por Willian Elliot Griffis. Quando
Flor-de-Pera perdeu a mãe, o pai logo se casou com outra mulher e teve outra
filha. Ambas a madrasta e a meia-irmã tratavam Flor-de-Pera como empregada,
chamando-a maldosamente de Leitoa, enquanto o pai vivia ocupado. No dia de um
grande festival, a madrasta obrigou Leitoa a fazer duas tarefas que a
impossibilitariam de ir assistir. Mas a jovem ganhou uma ajuda inesperada. Versão
coreana da Cinderela e um dos poucos contos de fadas em que a irmã mais
velha é a boazinha e se dá bem no final.
A dama gélida –
Escrito por Grace James. Um velho e um jovem estavam voltando para o seu
vilarejo durante o inverno. Perdidos no frio, acabaram encontrando uma cabana
velha para se aquecerem um pouco. Mas durante a noite, o jovem acorda e vê uma
mulher branca e fria matar o seu amigo. Tendo pena de ter que matar o jovem,
ela o deixa viver sob a promessa de não contar o ocorrido a ninguém. Já
esperava que ele fosse descumprir a promessa e imagino que está mulher seja uma
yuki-onna, um ser que seduz homens, fazendo-os morrer em uma nevasca. Porém,
esperava um final mais trágico.
O filho do trovão
– Escrito por Willian Elliot Griffis. Já li esta história
em outro livro. Se quiserem saber minha opinião sobre ela, seguem o link: Ponte
para o Imaginário: A melancolia dos contos japoneses
(ponteparaoimaginario.blogspot.com)
O gigante
devorador de chamas – Escrito por Willian Elliot Griffis. Em
Seul, vivia um enorme Espírito de Fogo, que adorava devorar tudo,
principalmente o palácio do rei. Cansado de ter sua moradia queimada, o Rei
chama várias pessoas para ajudá-lo a
resolver o problema. Este conto possui a famosa regra dos três, mas ao invés do rei errar as duas primeiras e
acertar só na última, há um processo de evolução, ou seja, ele erra na primeira
tentativa, consegue um bom resultado na segunda e acerta na terceira.
O pardal da língua
cortada – Escrito por Andrew Lang e David Brauns. Um
idoso salvou um pardal de ser comido por um corvo. Desde então, o pardal passou
a ser o bicho de estimação do homem. Mas sua esposa ranzinza se enfureceu,
cortando a língua do pássaro e fazendo o animal partir. O homem procurou a ave
por vários dias. Quando desistiu, acabou encontrando uma pequena casa na
floresta de bambu, onde foi recebido por uma moça, que disse ser o pardal. Após
passar horas na casa dela, a mulher lhe ofereceu duas arcas: uma grande e uma
pequena e disse para o homem escolher. O típico conto que mostra que quem é
ganancioso um dia sofrerá.
Momotaro – Escrito
por Yei Theodora Ozaki e Sadanami Sanji. Enquanto lavava roupa, uma idosa viu
um enorme pêssego sendo carregado pelo rio. A senhora o levou para casa para
que ela e seu marido pudessem comê-lo. Mas quando iam cortar o pêssego, saiu
uma criança dele, dizendo que foi enviado para o casal para ser o seu filho.
Chamaram ele de Momotaro e criaram ele durante quinze anos, até o rapaz pedir
para sair e enfrentar os terríveis oni. Essa uma lenda bastante popular no
Japão. Este é o terceiro conto que leio deste país em que um casal de idosos é
agraciado com um filho mágico.
Erlik Khan –
Escrito por Rachel Harriete Busk. O khan faleceu, mas visitou sua segunda
esposa e deu a dica de como ela e seu futuro herdeiro poderiam viver no
palácio. Após cumprir o que lhe foi dito, a segunda esposa e a mãe do khan se
tornaram as governantes e a mulher recebia o espírito de seu marido em todo décimo
quinto dia do mês. Com saudades de seu homem, ele lhe dá as instruções de como
retorná-lo a vida. Um dos poucos contos em que o protagonista obedece a tudo
que lhe foi dito e, por não ter cometido nenhum deslize, não acontece nada de
ruim. Isso deixou a história bem sem graça.
O tigre obediente
– Escrito por Norman Hinsdale Pitman. Li este conto em
outro livro sob o nome de O tigre arrependido de Zhaocheng. Se quiserem
saber minha opinião sobre ele, seguem o link: Ponte
para o Imaginário: Contos chineses (ponteparaoimaginario.blogspot.com)
Imperatriz Jokwa –
Escrito por Yei Theodora Ozaki e Sadanami Sanji. Após a morte de seu irmão, Jokwa
ascendeu ao trono, deixando o feiticeiro Kokai furioso, começando uma rebelião que
acabou virando guerra. A imperatriz chama seus guerreiros Hako e Eiko para
enfrentá-lo. História simples sem muitas reviravoltas
A chaleira –
Escrito por Grace James. Um monge compra uma chaleira. Mas após pegar no sono,
a chaleira se torna uma chaleira-texugo e começa a dançar, assustando os noviços que foram verificar a
sala do monge. Um daqueles contos que gentileza retribui gentileza. A chaleira
lembra um yokai, ser mágico do folclore japonês, chamado tanuki.
A noiva do Rei
Dragão – Escrito por Norman Hinsdale Pitman. O Rei
Dragão Lung Wang queria muito sair de seu palácio e conhecer o mundo, mas os
conselheiros o impediam, dizendo que um rei não deve se colocar no mesmo nível
de seus súditos. Um de seus sábios disse que para realizar seu desejo sem
preocupá-los, deveria se casar e ter um herdeiro. Após a vinda de várias
princesas e nenhuma agradá-lo, Lung Wang decide viajar mesmo assim, saindo de
seu reino do mar e indo para a terra. Às vezes, o que procuramos está em
lugares que nunca imaginamos.
Um noivo para a
senhorita Toupeira – Escrito por Willian Elliot Griffis. Um
casal de toupeiras teve uma filha cujo pai considerou ser a mais bela criatura
que já existiu. Querendo apenas que o melhor se casasse com ela, o Pai Toupeira
foi em busca de um noivo para sua filha. Este conto me lembrou uma versão mais
curta da história da formiga que pedia ajuda para todos que eram mais fortes
que ela para tirar o pedaço de neve de sua pata. Porém, este teve um final que
volta ao começo.
Cem reis –
Autor desconhecido. Há muitos anos atrás, vivia um rei chamado Sùng Lãm, que
devido a mãe ser uma deusa da água, era muito afeiçoado pelo mar. Um dia, a
princesa Âu Co, descendente das fadas da montanha foi visitar seu reino junto
ao seu pai até serem atacados por um pássaro gigante. História que conta a
origem do Vietnã.
Os pretendentes da
princesa Vaga-Lumes – Escrito por Willian Elliot Griffis. Após
ganhar sua própria luz, Hotaru, a princesa vaga-lumes, pôde sair de casa. Mas
não conseguia escapar dos olhares de seus admiradores. Cansada deles, ela
ofereceu uma tarefa impossível para aqueles que quisessem desposá-la: deveriam
trazer fogo a ela. Um conto que explica o porquê dos insetos serem atraídos
pela luz.
O pêssego mágico –
Escrito por Willian Elliot Griffis. O príncipe de um reino foi convidado pela
Rainha Mãe para visitar sua ilha das Pedras Preciosas. Desobedecendo a sua
mãe, o príncipe se apaixonou por uma
criada e por outro lado, a própria criada desobedeceu as regras do local,
aceitando o pêssego mágico do príncipe que só podia ser oferecido pela Rainha
Mãe. História simples que mostra como o amor pode durar por anos.
A princesa Kuan
Yin – Escrito por Norman Hinsdale Pitman. Apesar de ser a
mais nova, Kuan Yin foi escolhida como a sucessora do reino e deveria se casar.
Mas ela foge, dizendo que a voz do céus escolheu outro caminho e foi disfarçada
até um convento. Apesar de terem deixado ela entrar, as monjas a aceitaram
apenas como serva e a tratavam muito mal. Este conto mostra a origem da deusa
budista Kannon e como a bondade pode ser recompensada.
Fogo Brilhante e
Fogo Soturno – Escrito por Willian Elliot Griffis. A
Deusa do Sol, mãe de Fogo Brilhante e Fogo Soturno, deu a eles um arco e uma
vara de pescar respectivamente. Enquanto Fogo Brilhante, o mais novo, caçava
vários bichos, Fogo Soturno, o mais velho, não teve a mesma sorte na pescaria.
Ambos então decidem trocar de lugar, mas Fogo Brilhante acaba perdendo o anzol de
seus irmão e este não o perdoaria até que o recuperasse. Outra história em que o
irmão mais novo bonzinho supera o irmão mais velho malvado.
A história de
Urashima Taro – Escrito por Grace James. Urashima Taro era
um pescador bondoso. Ao ver uma tartaruga sendo maltratada por crianças, ele as
pagou para deixá-la em paz e libertou o animal. No dia seguinte, ele foi pescar
até que encontrou novamente a tartaruga. Como agradecimento por ter salvado sua
vida, o réptil oferece levá-lo para conhecer Ryungu,o Palácio do Rei do Mar. Me
lembrou As Crônicas de Nárnia, o leão, a feiticeira e o guarda-roupa, só
que com um final trágico.
O peixe falante –
Escrito por Norman Hinsdale Pitman. Esta história é bem parecida com o conto O
homem que queria ser peixe, do livro Contos sobrenaturais chineses. Se quiser saber minha opinião, acesse o
link: Ponte
para o Imaginário: Contos chineses (ponteparaoimaginario.blogspot.com)
A história do
velho cortador de bambu – Escrito por Frederick
Victor Dickens. Li este conto em um outro livro. Se quiserem saber minha
opinião, seguem o link: Ponte para o Imaginário: A melancolia
dos contos japoneses (ponteparaoimaginario.blogspot.com)
Notei que em alguns contos, há referência da religião
budista. Nos dois primeiros, existe um conflito entre o budismo e os seres de
crenças antigas, vilanizando esta última. Há também a aparição de seres
do folclore asiático como a kitsune (mulher raposa), o dragão oriental, o
tanuki, o oni e a yuki-onna.
É um bom livro para quem deseja
conhecer a contos populares do leste asiático. Sobe no casco da tartaruga e
navegue por esse livro. Mas tome cuidado para não encontrar um oni no caminho.
quinta-feira, 1 de junho de 2023
Lançamento de Fogo Brabo & Raio de Sol
AS APARÊNCIAS PODEM
ENGANAR...
Oi gente! Eu e minha irmã Maya Flor fizemos um novo livro
que será lançado na Feira do Livro de São Paulo. Também estarão à venda outros livros de minha autoria. Não Percam!
sexta-feira, 26 de maio de 2023
sexta-feira, 12 de maio de 2023
Meu dorama
Já ouviram falar em “dorama”?
Dorama é como os japoneses pronunciam a palavra drama e aqui no ocidente usamos
para nos referir a uma novela ou seriado asiático com romance e, como o próprio
nome sugere, drama. Conheço algumas pessoas que ficaram viciadas nesse tipo de
mídia. Acredito que este livro seria um bom atrativo para este público. A
noiva do Deus do Mar foi escrito por Axie Oh em 2022. Vamos para o resumo:
Dizem que somente a verdadeira noiva do Deus do Mar
poderia acabar com sua fúria. Shim Cheong foi escolhida como a próxima noiva
devido a sua tamanha beleza. Mas ela e Joon, um rapaz de seu povoado, se
apaixonam e na hora que o dragão vai buscar a noiva para o seu mestre, Joon se
mete na frente, tentando impedir que a leve. Com raiva dos deuses por nunca
atenderem seus pedidos e querendo proteger seu irmão, Mina se oferece como noiva
no lugar de Shim Cheong e é levada em seu lugar. Chegando na residência do deus,
Mina descobre que o senhor dos mares sofre de uma maldição. Será Mina capaz de
quebrá-la?
Esta história é uma releitura do conto coreano Shim
Cheong, a filha devota*, com novos personagens e uma nova protagonista. Também
há um dorama chamado A Lenda do Mar Azul, em que a mocinha se chama Shim
Cheong e o seu par romântico tem o nome de Joon, como no livro. Tenho a
impressão de que a autora assistiu essa série...
Voltando ao assunto dos personagens, vamos falar de Mina,
a moça que tomou o lugar de Shim Cheong. No começo, achei que ela seria mais
uma daquelas protagonistas genéricas que sabem lutar e não precisa de ajuda
para nada. Me enganei. Apesar de ter levado o punhal de sua tataravó para o
mundo dos espíritos, ela não é uma especialista em combate e usa mais a sua
inteligência e conhecimento em histórias para resolver seus problemas. Além
disso, ela foi sim ajudada por outros em sua jornada, o que a deixou mais
humana. Shin também se destaca, sendo um fiel servo do Deus do Mar, que começa
frio, mais vai se abrindo aos poucos. Os secundários têm bastante personalidade
e servem bem ao seu propósito.
A história é simples, mas boa, apresentado vários seres
da mitologia coreana como o dragão asiático, que ao contrário do dragão ocidental, é associado a água e não ao fogo, e possui uma pérola que atende a
qualquer desejo; o imugi, uma cobra enorme, similar a um dragão, da mitologia
coreana; demônios-raposas; kirin, um ser que é uma mistura de cavalo, cervo e leão,
com o poder de cura e a capacidade de caminhar sobre a água. Outro elemento
muito importante é o Fio Vermelho do Destino, que conecta a pessoa a sua alma
gêmea e que no livro, se coloca em discussão se existe ou não uma possibilidade
de ser mudado.
Se tivesse que dar uma crítica negativa, diria que a
história é muito curta e o par romântico se apaixona muito rápido. Queria mais
momentos deles juntos e que o reino do Deus do Mar fosse mais explorado. Mas me
contento com o que recebi. Fiquei com vontade de ler mais histórias deste
estilo. Pelo jeito, vou virar uma “dorameira literária”.
*Link para o conto: https://www.elfolivre.com.br/2019/02/o-conto-de-shim-cheong-filha-devota.html?m=1
sexta-feira, 5 de maio de 2023
sexta-feira, 21 de abril de 2023
O rito de passagem de uma bruxa
Voltamos com mais uma
história de bruxa. Entregas expressas da Kiki foi escrito pela japonesa
Eiko Kadono em 1985. A maioria de nós conheceu essa história através de sua
adaptação animada feita pelo Studio Ghibli em 1989. Graças a popularidade do
filme, o livro ganhou mais oito sequências, sendo que a última foi lançada no
ano passado no Japão. Infelizmente, nenhuma delas foi traduzida aqui para o
Brasil. Vamos para o resumo:
Kiki já havia completado treze anos de idade e, como toda
bruxa de sua idade, deveria partir em busca de um novo lar e se tornar
independente. Então, partiu na lua cheia em sua vassoura junto ao seu gato,
Jiji. Será que ela conseguirá sobreviver sem a ajuda dos pais?
Como foi mostrado acima, a história foca em Kiki tentando
sobreviver na cidade que escolheu, criando um novo negócio para se sustentar e assim convencer as pessoas que tudo de ruim que elas ouviram sobre
as bruxas era mentira. Cada capítulo foca em uma situação diferente que Kiki
deve resolver, usando uma solução criativa. Não diria que ela se torna uma
adulta no final do livro, mas essa experiência lhe trouxe certa maturidade,
como um rito de passagem deve ser.
Outro assunto que o livro aborda brevemente é a rixa do
tradicional x o moderno. Os dois primeiros capítulos começam com Kiki querendo
ser uma menina moderna, fazendo uma vassoura nova e desejando usar um vestido
novo em sua viagem só para Kokiri, sua mãe, negar e dizer que bruxa deve usar
vestido preto como na tradição e que era melhor ela usar a vassoura velha pois
já estava acostumada com o uso. Kokiri aconselhou a filha a ir para uma cidade
pequena, mas a ousada Kiki foi para Koriko, uma cidade grande, por ser mais
moderna e acabou tendo um começo complicado devido ao quão apressadas e
ocupadas eram seus moradores, que ainda por cima, tinham receio dela por ser
bruxa. Mas depois de um ano morando Koriko, ela aprende a respeitar e valorizar
os ensinamentos de sua mãe assim como apreciou os novos costumes que conheceu em
seu novo lar. Manter o equilíbrio entre o tradicional e o moderno é a melhor
das escolhas pois ambos podem oferecer coisas boas. Não há como negar que este
livro foi escrito por uma japonesa, onde o antigo e o novo convivem lado a
lado.
O livro tem uma linguagem e história simples, bem
atrativa para o seu público que acredito que seja meninas de oito até a pré-adolescência,
pois é durante esse período que elas começam a se achar donas da verdade apesar
da pouca vivência. Apesar da simplicidade, Entregas expressas da Kiki traz
assuntos a se pensar assim como traz identificação não só para criança, mas também
para adultos como sair da casa de seus pais e abrir seu próprio negócio. Me
identifico bastante com esse último. Por isso, também recomendo para os mais
velhos. A leitura será tão rápida quanto uma entrega feita por uma vassoura
voadora.