sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Rullu e a Maldição do Dragão Kamii

 


         Trago mais um livro escrito por uma brasileira no Kindle. Rullu e a Maldição do Dragão Kamii foi escrita por Natália França em 2023. Será que é bom? Vamos descobrir:

            Rullu é um jovem rebelde, que sempre quis sair da Vila dos Hakikunas para conhecer o mundo. Mas seu povo sofre de uma terrível maldição. Por um erro do passado, os hakikunas são atacados pelo monstro Korogommu a cada trezentos anos, sendo oferecidos jovens de catorze anos como sacrifício. Como Rullu resolverá esse problema?

            Quem já leu minhas resenhas sabe que gosto de fantasia e folclore e este livro parece ser  inspirado no folclore japonês. O dragão Kamii é descrito e ilustrado como um típico dragão oriental, que na Ásia, são vistos como figuras divinas; e Korogommu lembra bastante a joroogumo, a mulher aranha da mitologia japonesa. Há palavras que também soam como japonesas, como por exemplo Kamii, que se tirar um “i” significa deus em japonês.

            A história contém elementos da jornada do herói em que o protagonista Rullu, sendo incentivado por sua mãe, aceita o chamado da aventura e enfrenta desafios no caminho, ganhando um aliado e aprendendo coisas pelo caminho.

            Dois temas que me chamaram a atenção: o primeiro é o medo da velhice, de não ter vivido aquilo que gostaríamos de ter vivenciado. Algo que vários jovens e até mesmo adultos temem e seria interessante ver mais obras que mencionem esse assunto. O outro é o poder do perdão, que também é importante para que tanto o perdoado e quem perdoou sigam em frente.

            A relação entre mãe e filho é importante e é um dos focos do livro. Mas gostaria que o pai tivesse aparecido um pouco mais. Até mesmo o irmão mais novo de Rullu teve sua importância sendo o narrador da história enquanto o pai foi deixado de lado.

            O livro é curto, contendo apenas dez capítulos, tendo final acabado de forma muito rápida na minha opinião. A história poderia ser um pouco maior. Mas recomendo sua leitura. Só cuidado para não encontrarem os irmãos Makendigo pelo caminho.


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Looney Tunes da Literatura

 


             Alguém já leu Reinações de Narizinho e se perguntou quem era o Barão de Munchhausen? Este livro irá te responder. Aventuras do Barão de Munchhausen foi escrito por Rudolf Erich Raspe e publicado em 1785.

            Numa época em que não existia cinema nem televisão e teatro era apenas para os ricos, os camponeses tinham pouco com o que se distrair, vivendo sempre seu cotidiano entediante. Mas não foi essa a vida que levou o Barão de Munchhausen. Ele teve muitas aventuras em suas caçadas e agora em sua velhice, ele distrai os trabalhadores contando suas histórias.

            O que mais chama a atenção desse livro é o nível de loucura das aventuras do barão, que faz lembrar os desenhos clássicos como os Looney Tunes. Um exemplo é demonstrado na capa do livro em que um cavalo é cortado ao meio e ainda continua vivo, tendo sua parte traseira costurada depois. Outro é quando o barão atira em um veado com uma semente de cerejeira e dois anos depois nasce uma árvore entre suas galhadas. Essa história da cerejeira é referenciada em Reinações de Narizinho em que o barão tenta caçar o Pássaro Roca atirando sementes de cerejeira para que nasça um bosque e faça a ave parar de voar, pois nenhuma arma surtia efeito no bicho. Existem algumas aventuras mais pés no chão, mas estas são bem poucas e ainda assim tem um pouco de exagero.

            Assim como o príncipe Edward do Príncipe e o Mendigo, o Barão de Munchhausen realmente existiu, porém, não sei se classificaria como uma ficção histórica pois apesar de ser inventada, a história do Príncipe e o Mendigo não possui seres imaginários nem a "física de desenho animado" (exemplo: um homem ser atropelado e depois sair andando feito folha de papel) como as Aventuras do Barão Munchhausen, tendo uma proposta bem mais realista. O barão da vida real, assim como o do livro, era realmente um contador de histórias e é dito que o autor desse livro transcreveu todas as aventuras que ouviu. Agora se o exagero delas veio do barão ou do escritor, não dá para saber. Talvez tenha sido os dois, pois como dizem: “quem conta um conto, aumenta um ponto”.

            É um bom livro para crianças entre oito e dez anos, desde que elas não sejam tão sensíveis a morte de animais já que o barão é um caçador. E tem que se levar em conta que a obra é de 1785 e era uma época bem diferente do que é hoje. Nada me ofendeu nesse livro, mas cada um tem sua sensibilidade. Então, segure em uma bola de canhão e atire em direção a essa aventura.

 


quinta-feira, 31 de outubro de 2024

O Vampiro mais Popular

 


            Para esse Halloween, nada mais justo do que fazer uma resenha do vampiro mais popular do mundo. Drácula foi escrito por Bram Stoker em 1897 e teve várias adaptações para o cinema, assim como a aparição do personagem em outras mídias. Sem mais delongas, vamos para o resumo:

            Jonathan Harker está indo se encontrar com o Conde Drácula para fazer negócios. Mas quando chegou ao seu hotel em Bistritz e avisou aos donos que iria encontrar o conde, eles começaram a agir de forma estranha. A dona lhe disse que era véspera do dia de São Jorge e que a meia-noite, todos os espíritos malignos estarão a solta. A mulher deu uma cruz e antes de partir numa carruagem, os outros cidadãos também fizeram sinais da cruz. Será que as crenças desse povo tinham algum fundo de verdade?

            A narrativa é contada através de diários, cartas, pedaços de jornal, telegramas e memorandos, tudo em ordem cronológica. Como leitora, acredito que teria sido melhor deixar o relato de Jonathan Harker enquanto ele esteve no castelo do Conde mais para o meio do livro, pois não saberíamos quem é o Drácula nem do que ele é capaz, dando a história um ar de mistério. Mas entendo que essa estrutura foi escolhida assim justamente pelos personagens que enfrentaram o vampiro.

            Por falar nos personagens, temos vários deles: Jonathan Harker, que encontrou o Conde no começo e é determinado em proteger a sua noiva.  Mina Murray, sua perspicaz noiva e amiga de Lucy. Lucy, uma jovem doce que sofria de sonambulismo e foi uma das vítimas do Conde. John Seward, um homem sério que cuida de um manicômio em que um dos loucos parece ter tido contato com o Conde. Abraham Van Helsing, amigo e ex-professor de Seward, muito sábio, foi quem descobriu sobre o vampiro e tenta eliminá-lo. Arthur Holmwood, o noivo de Lucy, um nobre que ajuda o grupo com seu status e dinheiro. Quincey Morris, um americano que já viveu várias aventuras em suas viagens, sendo muito bom em caçadas e amigo de John e Arthur, que também estava apaixonado por Lucy. Com isso, formamos personagens perfeitos para um jogo do Arkhan Horror. Brincadeiras a parte, eles formam um bom grupo de heróis, uma pena que uns se destacam mais que outros. Quanto ao vilão e titular do livro, por incrível que pareça, quase não aparece. Seu passado é um mistério e tudo o que sabemos é que é um ser maléfico, inteligente e paciente. Possui vários poderes, como controlar lobos e ratos, se transformar num lobo ou morcego, fazer ou se tornar uma neblina, transformar quem morde em vampiros etc. Ao contrário do que todos pensam, ele não morre com a luz do sol, apenas diminui os seus poderes.

            A edição que possuo em mãos conta que o conde foi baseado no príncipe Vlad III Dracula, o Empalador, que fica bem óbvio pelo nome, e existe a possibilidade que o autor tenha colocado algo da Condessa de Sangue Elizabeth Bathory, que torturou e matou muitas moças, acreditando que o sangue delas a fazia rejuvenescer. Também teve inspiração no livro Carmilla, outra vampira popular cuja resenha já foi feita nesse blog.

             Quanto a história, eu gostei, diria que seu maior defeito foi o clímax, que não teve muita graça. E tenho que avisar aos mais sensíveis que o livro é de 1897 e que o diálogo de Van Helsing sobre Mina ter um coração de mulher e a inteligência de um homem não foi com o intuito de ofender a moça. E para as personagens daquela época, Mina é bem ativa e ajuda bastante o grupo a deter os planos do Drácula. Dito isto, recomendo a leitura deste clássico, só fique alerta se ouvir uivos em seu caminho.

 

 

 

 


sexta-feira, 25 de outubro de 2024

A Primeira Viagem no Tempo

 


            Retorno com a resenha de mais uma obra clássica escrita por H. G. Wells. A Máquina do Tempo foi escrita em 1895 e foi o livro que originou o subgênero de viagem no tempo.

            Numa discussão científica, um cientista sugere qual seria a quarta dimensão: o tempo. E com isso, ele faz uma demonstração usando um protótipo antes de mostrar a máquina do tempo, que ainda não estava finalizada. Dias se passaram e ele convidou seus colegas para jantarem em sua casa. O cientista não só chegou atrasado, mas também ferido e com suas roupas em farrapos. Depois de se vestir e comer, ele conta sobre a sua aventura pelo futuro.

            A história tem uma visão bem pessimista sobre o nosso futuro, em que o ser humano após milhares de anos, sofreria uma decadência em sua inteligência e aparência. Aqui, a humanidade se dividiu em duas espécies: os Eloi e os Morlocks. Os Eloi são o povo da superfície, e possuem o tamanho e a mentalidade de uma criança. O protagonista acredita que eles evoluíram para esse tipo devido as poucas dificuldades que passaram durante a vida, pois as dificuldades fazem o homem mais forte e o desafia a usar sua inteligência para solucionar problemas. Engraçado como os Eloi podem ser comparados a minha geração e a que veio depois de mim. Duas gerações que os pais mimaram e cuja tecnologia facilita a vida ao ponto de não terem que ralar tanto quanto seus pais e avós tiveram para dar a moleza que temos agora. Em compensação, assim como os Eloi, por viverem em seu mundinho, não estão acostumados com as coisas de fora, se assustando quando a realidade bate na sua porta e que ela não se resume ao seu grupinho de internet. Outra semelhança é o fato dos Eloi não possuírem diferenças aparentes entre o feminino e o masculino, algo que a cultura de hoje quer emplacar deixando as mulheres mais masculinas e os homens mais femininos, negando a natureza de seu sexo biológico.

            Quanto aos Morlocks, eles são o povo que vive no subsolo cuja visão evoluiu para enxergar no escuro. Sua aparência é mais animalesca e ao contrário dos Eloi que são vegetarianos, os Morlocks são carnívoros e caçam durante a noite. Possuem inteligência de um predador e não tem nenhum interesse em se comunicar com o viajante do tempo como tiveram os Eloi. O protagonista teoriza que os Eloi e os Morlocks haviam sido a os ricos e os trabalhadores mais humildes respectivamente, antes de evoluírem. Isso claramente foi uma crítica da diferença econômica entre as duas classes sociais e como pode acarretar problemas no futuro. Em minha opinião, foi um tanto exagerada, mas como é uma ficção, relevei um pouco.

            Apesar dos exageros, o livro traz boas discussões que podem ser relacionadas com situações atuais e não me surpreende que ele tenha iniciado um novo subgênero na literatura. Por isso, acredito que seja uma leitura essencial para os fãs de ficção cientifica, especialmente os que gostam de viagem no tempo. É um clássico por um bom motivo. Só cuidado com a noite. Não vai querer encontrar nenhum Morlock pelo caminho.

 

 


segunda-feira, 23 de setembro de 2024

O Esquilo Enjoado

    

                 Oi gente! Eu e minha irmã Maya Flor lançamos um livro. Se tiverem interesse, entrem em contato pelo e-mail editoraponteparaoimaginario@gmail.com, no Instagram @ponte_para_o_imaginario ou no WhatsApp 21 97118-6299.


Nozias é um esquilo que não come nada além de nozes.

Quando lhe oferecem outro alimento, ele faz cara feia.

Será que um dia, Nozias vai provar algo novo?